ANÁLISE: Data Fifa foi generosa com Dorival, e não só pelos resultados

Treinador encontrou novos jogadores e ganhou a chance de rever convicções

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Vitórias muitas vezes são enganosas, mas não há muito o que se discutir quando um time ganha por 4 a 0. Mais ainda quando todos os números da partida estão a seu favor. Na goleada dessa terça-feira sobre o Peru, o Brasil teve muito mais posse de bola (69% a 31%), mais chutes a gol (8 a 2) e mais que o dobro de passes em relação ao adversário (506 a 240). Com isso, a Seleção Brasileira venceu sem maiores sobressaltos, firmou-se na zona de classificação à Copa do Mundo e deu um pouquinho de sossego a Dorival Júnior.

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A questão é que o futebol é jogado no campo de grama, não no campo dos números. E essas estatísticas todas do Brasil foram alcançadas sobretudo pelo desempenho do time no segundo tempo. No primeiro, reinou o tradicional marasmo.

Menos mal que Dorival Júnior parece ter na Seleção Brasileira uma característica que não se via nos seus antecessores: ele não espera para morrer abraçado em suas convicções. Se não dá certo, vai lá e muda.

Claro que há algumas nuances nisso tudo. Diz a sabedoria do futebol que técnico que mexe bem no time é porque escalou mal. E há também o fato de que, com Dorival, ainda não sabemos qual é o time titular da Seleção Brasileira. O treinador parece não conseguir (ou não querer) repetir escalação, e já aconteceu até mesmo de o titular do último jogo nem ser convocado para os próximos.

Dorival ganha novas opções para a Seleção Brasileira

Nesse ponto, essa data Fifa foi generosa com ele. Para além das duas vitórias, Dorival Júnior acertou ao convocar Igor Jesus e Luiz Henrique e sabe que poderá confiar na dupla para os dois últimos jogos da temporada, diante de Venezuela e Uruguai, no próximo mês. Também encontrou laterais minimamente confiáveis, se não para a titularidade, ao menos para compor o grupo.

Mas o treinador agora terá um mês para reavaliar algumas de suas poucas certezas desde que assumiu a Seleção Brasileira. Bruno Guimarães e Lucas Paquetá são os jogadores que mais atuaram sob o comando do treinador e têm qualidade inegável, mas o Brasil apresentou um futebol mais objetivo justamente nos momentos em que a dupla não esteve em campo. E, em novembro, o Brasil terá também o retorno de Vini Jr, talvez o único proibido de começar um jogo no banco de reservas.

Seria bom se Dorival aproveitasse esse tempo até lá para refletir e, quem sabe, desapegar-se de algumas de suas convicções. Porque a goleada sobre o Peru mostrou que será isso ou enfrentar Venezuela e Uruguai e ter de dar razão, mais uma vez, ao que diz a sabedoria do futebol.

Igor Jesus (19) foi um dos acertos de Dorival Júnior (Foto: Nelson Almeida/AFP)
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