ANÁLISE: Neymar é solução ou problema para a Seleção Brasileira?

Atacante tem sido essencial há mais de uma década para a Amarelinha

imagem cameraNeymar foi atingido por pipocas após o empate da Seleção em Cuiabá (Foto: Vitor Silva/CBF)
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Alexandre Guariglia
São Paulo (SP)
Dia 14/10/2023
06:01
Atualizado em 14/10/2023
06:51
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A Seleção Brasileira apenas empatou com a Venezuela, em Cuiabá, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. O público da Arena Pantanal não gostou da atuação canarinho e o descontentamento acabou sobrando para Neymar, que foi atingido por pipocas na saída do gramado. Embora o camisa 10 seja o mais talentoso dos brasileiros e seus números falem por si só, sua presença no time tem gerado contestações. Dessa forma não podemos deixar de refletir: Neymar é problema ou solução para o Brasil?

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Se pegarmos o recorte da "Era Tite", ficará evidente a diferença que Ney fazia em campo. Com ele, a Seleção jogou 54 jogos, venceu 42, empatou nove e perdeu somente três. Isso quer dizer que 78% das partidas terminaram com vitória, o que em uma conta aproximada poderíamos dizer que o Brasil de Tite venceu quatro a cada cinco jogos que disputou com o camisa 10 em campo.

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No mesmo recorte, ou seja, sem Neymar, a Seleção fez 27 partidas, venceu 18, empatou seis e perdeu três. Assim, o índice de vitórias cai para 67%. A diferença não é tão grande, mas já mostra que o time sentiu falta de seu maior expoente.

Nem precisamos recorrer ao período de Tite para mostrar a importância de Ney. Desde a saída do antigo treinador, o Brasil fez seis jogos, três sem Neymar e três com ele. Nos três que contaram com a ausência do craque, apenas uma vitória e duas derrotas. Já em seu retorno, foram duas vitórias e um empate. Não há como negar que o camisa 10 faz diferença e é sim uma solução.

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Acontece que é preciso também medir o impacto de Neymar na questão tática. Aos 31 anos, Ney não é mais aquele garoto rápido e habilidoso, que passava por cima do marcador na ponta esquerda e, se deixassem, ainda corria o campo inteiro. Os tempos mudam, o físico muda, as lesões aparecem, ou seja, não há como manter aquele nível por quase 15 anos sem alterações.

Hoje Neymar é um jogador que atua mais pelo meio, não é mais um ponta, deixando essa "função" para Vini Jr, para Raphinha, para Rodrygo... E de fato ele faz bem esse papel de criação, abastecendo os companheiros, atraindo marcação, etc. No entanto, esse posicionamento acaba trazendo consequências para o restante da equipe.

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Ney não é um marcador e nunca foi um homem de compor meio-campo ou "fechar uma linha" para sustentar um esquema mais defensivo, o que acaba gerando um buraco entre o ataque e a defesa, sobrecarregando os volantes, como aconteceu contra a Venezuela. O time adversário se aproveita disso para ter superioridade numérica em uma zona crucial do campo.

Posicionamento de Neymar é um trabalho para Fernando Diniz resolver (Foto: NELSON ALMEIDA / AFP)

Para completar, Neymar não é um armador, que dose o ritmo do jogo, pare a bola, distribua, etc. Pode até fazer, mas não é a sua especialidade, e talvez ele mesmo precise de um jogador ao seu lado com essas características.

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A verdade é que Neymar está longe de ser um problema, mas ser aquele que vai resolver tudo vai depender muito mais do técnico arranjar uma solução para esse dilema, seja sacando outro jogador para preencher o meio, seja alterando o esquema do setor defensivo com um meio-campo diferente. No sistema atual, o questionamento somente vai aumentar.

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