Esta quinta-feira marca uma data histórica no futebol brasileiro, já que pela primeira vez na história a Seleção Feminina será comandada por uma técnica estrangeira. Trata-se, como já é sabido, de Pia Sundhage, bicampeã olímpica com a seleção dos EUA e um dos principais expoente do mundo na função. A estreia será às 21h30, contra a Argentina, no Pacaembu, pelo Torneio Uber Internacional. A expectativa é de mudança, mas com olhar para o futuro.
Há algum tempo, mesmo quando Vadão ainda era o treinador do selecionado, havia uma cobrança por mudanças do departamento de futebol feminino da CBF. A resposta, porém, veio somente após a Copa do Mundo, com um nome de peso para o comando do time, mas não para dar resultado imediato e sim para trazer alterações de rumo para os próximos anos da modalidade.
E logo para sua estreia, Pia não poderá contar com Marta, talvez a melhor jogadora da história, mas se tem algo que a sueca veio fazer por aqui foi construir uma equipe que não seja dependente desses pilares que fizeram a história da Seleção, como Formiga e Cristiane. E ela já tem mostrado que a prioridade será formar um time, mesmo sem estrelas.
- Não mudou muito, seria ótimo ter Marta, claro, porque ela é uma jogadora muito boa, mas uma coisa que compete aos técnicos é ajustar, você nunca sabe, você convoca algumas jogadoras, algumas podem se lesionar, ou algo do tipo, o mais importante é criar um time com muita confiança, independentemente se a estrela está aqui ou não - comentou Pia.
Para montar essa equipe, será necessário garimpar jogadoras no Brasil e no mundo. Essa tarefa não é comum para a treinadora, que está disposta a encarar o desafio durante a sua passagem pela CBF.
- Isso será um trabalho complicado para mim, que é buscar jogadoras no Brasil, mas também viajar, porque temos jogadoras na China, na França, na Alemanha, em Portugal, nos EUA, isso é muito peculiar, comparado ao que eu já fiz antes, então temos que elencar prioridades. Depois desse torneio, eu viajarei para os EUA, para a Carolina do Norte e terei a chance de assistir a dois jogos. A parte complicada é escolher as prioridades corretas.
Para encarar o Torneio que tem início nesta quinta-feira, a Seleção será formada por jogadoras jovens e outras mais experientes. Pia acredita que isso trará um grande benefício para a Seleção, mas ela pede calma quanto às mudanças, pois a prioridade é ajustar o time com calma, para o futuro.
- Eu acho que é um pouco de mistura, são diferentes tipos de jogadoras e essa mistura pode ser dinâmica, se você tem muita experiência e você sente que as jogadores jovens podem crescer, e a energia que as mais novas trazem ao time, isso será bom, um pouco de cada. Com certeza cometeremos alguns erros, até mesmo nos treinos, temos muitos detalhes a serem ajustados, mas para mim, eu preciso ter prioridades, já fizemos algumas coisas, eventualmente depois de alguns jogos, teremos um pouco mais de mudanças, comparado com como elas jogavam antes. É importante elencar as prioridades certas - concluiu.
Evidentemente que o objetivo de momento é chegar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano que vem, com chances de medalha, porém o projeto com Pia Sundhage exige maior paciência e abertura para agregar tudo o que a experiência da sueca pode trazer. O início da trajetória será nesta quinta-feira, contra a Argentina, mas o término dela tem potencial para ser bem maior.