Ídolo de milhares de jovens e adultos ao redor do mundo, Neymar também é fã. De seu pai, do amigo Robinho, do companheiro Messi e até de astros de outros esportes, como LeBron James ou Usain Bolt. Mas a inspiração para o camisa 10 da Seleção na busca pelo primeiro ouro olímpico dele e do Brasil no futebol masculino é outro, como revelou em entrevista exclusiva ao LANCE!. Um herói menos badalado e que esteve perto de subir ao lugar mais alto do pódio, mas não conseguiu: Vanderlei Cordeiro de Lima.
Medalha de bronze nos Jogos de Atenas, em 2004, o ex-maratonista é mais do que um exemplo de vitória, mas também de superação. E é isso que Neymar busca após perder a final de Londres-2012 e ficar fora da semifinal da Copa do Mundo no Brasil, quando viu pela TV o maior vexame da Seleção.
Assim como Vanderlei Cordeiro teve disposição para seguir correndo após ser atacado por um espectador na maratona de 2004, Neymar busca agora força para reerguer a Seleção, tão em baixa nos últimos tempos.
A caminhada começa no Mané Garrincha, em Brasília, palco histórico para o atacante. No estádio em que deu adeus ao Santos em 2013, ele encara nesta quinta-feira a África do Sul, às 16h.
O caminho está só no início, mas Neymar já vislumbra o fim. Nesta entrevista concedida ao LANCE! em evento da sua patrocinadora Gillett (e complementada com respostas por e-mail), o jogador afirma que já passa um filme em sua cabeça, no qual ele está na decisão olímpica, no Maracanã. Para que o final desta história seja feliz, o craque pede o apoio e a confiança da torcida brasileira. Confira abaixo o que ele diz:
Em uma entrevista emblemática, ainda quando jogava pelo Santos, você disse que via um filme no qual disputava a final da Libertadores. Agora vive isso novamente, se vê na decisão da Olimpíada do Rio de Janeiro?
Acho que sim. É claro que me passa a imagem de estar na final da Olimpíada, representar a Seleção Brasileira em um momento tão importante. Estou muito focado para isso, vou fazer de tudo, ajudar muito meus companheiros no que for preciso para estar lá e fazer história.
"O que aconteceu na Copa do Mundo não tem nada a ver, já passou, é outra Seleção, outro ano, outra competição"
De que forma o fracasso na Copa do Mundo em casa pode ainda repercutir nesta Seleção?
O que aconteceu na Copa do Mundo não tem nada a ver, já passou, é outra Seleção, outro ano, outra competição. O que aconteceu ali serviu de aprendizado para todo mundo, agora vida que segue, já passou.
A pressão sobre você nessa Olimpíada é maior agora do que em 2012, quando era só mais um dos jovens abaixo de 23 anos?
Convivo com pressão desde que comecei a jogar futebol, desde muito cedo. E repito algo que já digo há muitos anos: não há pressão quando se faz o que ama e quando se está preparado para fazer. E estou preparado! Tenho certeza que o grupo todo está preparado e fará tudo pra alcançar esse sonho dourado.
Essa é sua segunda Olimpíada, você é um dos jogadores acima de 23 anos, uma referência técnica e foi escolhido o capitão. O que representa?
Este é um assunto que não me preocupa no momento, o que eu quero é jogar! Claro que é uma honra ter a faixa no braço, mas estou absolutamente tranquilo com relação a ser o capitão do Brasil.
Você exalta a medalha de prata que conquistou, mas já disse que no Brasil quase sempre só se valoriza o vencedor. Estar pelo menos no pódio no Brasil é visto como uma obrigação por você?
Obrigação para um atleta é estar bem fisicamente para treinar e ir em busca do objetivo. Título e pódio são consequência de um trabalho bem feito. E tenho certeza que o grupo se esforçará ao máximo para a medalha.
"O Vanderlei Cordeiro de Lima é um exemplo para mim. Onde todos veriam derrota, ele respirou vitória! Tem todo o meu respeito"
Além do Usain Bolt, que você já disse ser fã, qual esportista te inspira? Se pudesse ser outro atleta olímpico, qual seria?
Vanderlei Cordeiro de Lima! Para mostrar ao brasileiro que podemos ser campeões mesmo sem ser o primeiro. O Vanderlei é um exemplo para mim. Onde todos veriam derrota, ele respirou vitória! Tem todo o meu respeito.
Seu papel hoje vai além de ser só um jogador na Seleção? É também um líder, uma referência aos mais novos?
Acredito sim que já tenho experiência para passar para os mais novos, mas também tenho muito a aprender com eles. Vai ser uma experiência muito bacana e com cara de sucesso. Tem muitos bons jogadores na seleção olímpica.
E perante ao povo brasileiro, seu papel é só jogar ou você pode ir além?
Meu papel é jogar futebol, foi pra isso que me preparei. Em outros assuntos tenho certeza que há pessoas que se prepararam para aquilo e devem ser cobrados para tal. Eu cobro, como cidadão, faço minha parte.
Para encerrar, deixe um recado ao torcedor antes da Olimpíada.
Acreditem e apoiem os atletas brasileiros. Nós precisamos muito da nossa torcida. Com atletas e torcida juntos, podemos vencer.