Gabriel Jesus volta ao lugar em que estreou, ‘mudou de nome’ e se despediu como São Marcos

Atacante jogará no Allianz Parque na próxima terça-feira, pela Seleção Brasileira: foi lá que ele estreou, ganhou títulos e assistiu ao Palmeiras como torcedor. Relembre as histórias

Escrito por

"Nunca esqueçam de mim, porque eu nunca vou esquecer de vocês". Foi com essa frase, a mesma dita por Marcos em seu jogo de despedida, que Gabriel Jesus disse adeus à torcida do Palmeiras após defender o clube pela última vez, na vitória sobre a Chapecoense que garantiu o título brasileiro de 2016, no Allianz Parque.

Hoje destaque do Manchester City (ING) e centroavante titular da Seleção Brasileira, o jovem voltará a jogar no estádio do Palmeiras na terça-feira, contra o Chile, encerrando as Eliminatórias. A torcida alviverde atendeu ao pedido do ídolo e não o esqueceu: prova disso é que neste domingo havia mais gritos por ele do que por Neymar em frente à Academia de Futebol, onde a Seleção treinou. 


- Muito especial. Foi pouco tempo, mas parece que foi muito por tudo o que vivi aqui dentro do Palmeiras, as felicidades e tristezas. Aprendi muito aqui dentro e sou muito grato ao Palmeiras por tudo o que me proporcionou. Quando eu pisar lá (no Allianz Parque), com certeza vou lembrar daquele dia - disse ele.

O próprio Gabriel Jesus fez questão de se manter próximo ao clube para não deixar a relação esfriar. Quem convive com ele atesta que o sentimento exibido nas entrevistas é de verdade.

Jesus vestiu a 12 na Libertadores - Foto: Agência Palmeiras

Dias antes do jogo contra a Chapecoense, seu último com a camisa do Palmeiras, Gabriel Jesus deu uma palestra para os jovens das equipes sub-20, sub-17 e sub-15 do clube, em evento chamado "Resenha da Academia". No caminho até o local, um funcionário do Verdão lhe mostrou pelo celular um vídeo da despedida de São Marcos, em que ele pedia para não ser esquecido pelos palmeirenses. Gabriel assistiu, mas não disse nada. Em meio à festa do título brasileiro, surpreendeu a todos ao pegar o microfone e repetir a frase.

Despedir-se com o mesmo pedido de um dos maiores ídolos da história do clube pode até parecer pretensão, mas era mais uma forma de reverenciá-lo. Meses antes, Jesus havia sido o escolhido para vestir a camisa 12 do Palmeiras na Libertadores - na época, o "número santo" estava aposentado e só era usado em competições que não permitiam deixá-lo vago. Ele se entusiasmou assim que a ideia surgiu.

Hoje, tanto Marcos quanto Gabriel Jesus estão representados em fotos no vestiário da arena do Palmeiras.

Prometeu e cumpriu

Jesus no jogo contra o Tucumán - Foto: Reprodução

Gabriel Jesus prometeu, na entrevista em que se despediu do Palmeiras, que iria ao clube sempre que pudesse. E o atacante tem sido mesmo um visitante frequente.

Em março deste ano, ele usou o centro de excelência do Verdão para fazer parte do tratamento de uma lesão no pé. Em maio, foi ao Allianz Parque para assistir à vitória por 3 a 1 sobre o Atlético Tucumán (ARG), pela Libertadores, e aproveitou para rever os amigos no vestiário - ele segue muito próximo do volante Thiago Santos. Dona Vera, mãe dele, vestiu uma camisa do clube para acompanhá-lo. Em junho, já de férias do Manchester City (ING), foi à Academia de Futebol para manter a forma antes de se apresentar para amistosos da Seleção.

Esse eu não perco

Jesus na arena - Foto: Agência Palmeiras

Se recebesse um cartão amarelo contra a Bolívia, em La Paz, Gabriel Jesus teria de cumprir suspensão diante do Chile. Após o empate sem gols na quinta-feira, o atacante disse que tomou cuidado redobrado para não ser advertido porque não queria perder a chance de jogar no estádio mais importante de sua carreira.

Ele já fez esforços maiores pelo clube. Ao longo do Brasileirão do ano passado, usou algumas vezes o jatinho particular de Paulo Nobre para voltar rapidamente de compromissos com a Seleção e não desfalcar o time de Cuca. Além disso, a vontade do jogador foi fundamental para que ele ficasse no Palestra Itália até dezembro, mesmo que tenha entrado em acordo com o Manchester City ainda no meio do ano. Queria ir embora campeão...

Na final da Copa do Brasil de 2015, ele pouco jogou. Machucou o ombro esquerdo no começo do jogo de ida, na Vila Belmiro, e voltou a sentir logo no início da partida no Allianz Parque. No segundo jogo, ele utilizou uma enorme bandagem no ombro direito, que não tinha nenhum problema, para tentar despistar os marcadores. Não deu certo.

Ele mudou de nome

Gabriel Jesus quando era Gabriel Fernando - Foto: Agência Palmeiras

Os palmeirenses mais fanáticos começaram a se encantar por Gabriel Jesus quando ele ainda era chamado de Gabriel Fernando. Esse era o "nome artístico" de Gabriel Fernando de Jesus quando ele marcou 37 gols em 22 jogos no Paulistão Sub-17 de 2014, competição da qual o Verdão foi vice-campeão.

O Palmeiras passou a chamá-lo de Gabriel Jesus ao anunciar a renovação de contrato, no fim de 2014. Foi um pedido do jogador. Depois disso, ele acatou uma sugestão da assessoria de imprensa do clube e passou a usar a camisa 33, em referência à idade de Jesus Cristo. A numeração foi mantida no City.

Allianz Parque foi palco da estreia

A estreia de Jesus - Foto: Agência Palmeiras

O Allianz Parque não é especial para Gabriel Jesus apenas pelos gols que ele marcou e pelos títulos que conquistou lá. Foi na arena do Palmeiras que o garoto, então com 17 anos, fez sua esperada primeira partida como profissional. Oswaldo de Oliveira o colocou no lugar de Leandro Pereira aos 26 minutos da vitória por 1 a 0 sobre o Bragantino, em 7 de março de 2015, pelo Paulistão.

Orgulho da camisa

Jesus no dia em que se despediu - Foto: Agência Palmeiras

Gabriel Fernando - ainda usava o antigo nome - foi relacionado por Ricardo Gareca para um jogo contra o Atlético-MG, pela Copa do Brasil de 2014. Não entrou, mas guardou a camisa que utilizou no banco de reservas.

O jovem não voltou a ser chamado para jogos da equipe profissional naquele ano, mas foi assistir às duas primeiras partidas realizadas no Allianz Parque, contra Sport e Atlético-PR. Em vez de usar uma roupa de marca, algo comum entre jovens nessa situação, foi com a camisa de jogo que havia recebido naquela partida contra o Galo.

Siga o Lance! no Google News