Nem a tensão e a ansiedade antes da final da Olimpíada foram capazes de tirar o bom humor do técnico da Seleção Brasileira, Rogério Micale. Na última entrevista antes da decisão contra a Alemanha, sábado, no Maracanã, ele mais uma vez arrancou risos dos jornalistas, cometeu gafes e até complicou a tradutora que o acompanhava.
O lado gozador apareceu logo que o comandante canarinho adentrou a sala de imprensa do estádio:
- Desculpe o atraso. É que estamos ficando quase na divisa com Minas Gerais - brincou, fazendo referência ao hotel em que a Seleção está hospedada, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
De tão à vontade, Micale disse sentir-se batendo papo com os repórteres. O problema é que ele se alongou tanto em algumas respostas que passá-las para o inglês era praticamente impossível.
- Parece que estou tomando café e conversando com vocês - comentou o técnico, antes de pedir uma água.
Quando o treinador prometeu ser mais breve nas respostas, surgiu um outro problema. Micale esqueceu de colocar o celular do silencioso e o aparelho tocou durante a entrevista.
- Desculpa, pessoal. Era o Fernando Diniz (treinador do Oeste Audax), a gente se fala de vez em quando - revelou.
Apesar da atmosfera descontraída, Micale também falou sério, projetou a decisão de sábado, comentou o clima de revanche diante da Alemanha e pediu o apoio da torcida.
- Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
ALEMANHA
Conhecemos a Alemanha, não só essa equipe, mas o modelo de jogo adotado em todas as categorias, das inicias à principal. Eles tentam ter a posse de bola, o jogo apoiado, falam da zona vermelha, algo que tentamos implementar na nossa seleção, que é quando os homens da frente afunilam o jogo em frente à área, dando espaço aos homens de lado. É um jogo extremamente perigoso, que eles estão acostumados a fazer pois trabalham desde as categorias inferiores. Temos de tomar cuidado na forma de marcar para contrapor a virtude que eles têm.
PRESSÃO
Estaremos fortes emocionalmente no sábado, já passamos por todas as emoções nessa fase curta de torneio. Tivemos questionamentos, depois vivemos outro momento e agora pegamos uma equipe muito boa, que nos remete a uma história recente. Não temos nada a ver com isso (7a1), vamos viver nosso jogo, fazer nossa final.
REFLEXOS DE 2014
Era a Copa do Mundo, aqui é a Seleção olímpica. Existia só um jogador naquele grupo que está aqui, o Neymar, e ele nem participou do jogo. É uma competição diferente, jogadores de idades diferentes... Não vejo como vincular isso. O torcedor está no papel dele. O que posso falar é que vamos precisar muito deles amanhã. A Alemanha é muito forte, não chegou à toa na final. Sabemos da evolução que aconteceu lá em fazer futebol. Vamos precisar do torcedor ao nosso lado, aí estaremos muito mais fortes. É um grande jogo, Alemanha x Brasil, mas não tem nada a ver com o que passou.
NEYMAR
Ele tem ciência do que representa para o Brasil e para o mundo como referência. As atitudes dele têm dado recados. Em outra entrevista, falamos que não era bom expressar com palavras, mas atitudes, tentaríamos falar com o futebol, com os pés [...] O Neymar já está dando essa resposta, ele tem a responsabilidade desde jovem de conduzir a Seleção principal. Por tudo que ele é no Barcelona e na Seleção, ele vai dar esse plus aí.