Neymar fala sobre a braçadeira de capitão: ‘Responsabilidade maior’

Atacante, que retorna ao estádio que fez sua primeira partida pela Seleção Brasileira para enfrentar o mesmo adversário daquela ocasião, destaca clima bom no elenco

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O rodízio dos capitães na Seleção Brasileira acabou. Nesta quinta-feira, em Nova Jersey, cidade que sediará o primeiro jogo da Canarinho após a Copa do Mundo, Neymar foi escolhido como o único detentor da braçadeira a partir deste duelo com o treinador Tite.

A ocasião se tornará ainda mais especial já que o MetLife Stadium, palco da partida, foi o primeiro estádio que Neymar pisou vestindo a camisa da Seleção Brasileira. Oito anos depois daquela estreia contra o próprio Estados Unidos, o atacante afirma que amadureceu nesse tempo.

- De volta a esse grande estádio, onde tenho uma memória maravilhosa. Foi o começo de tudo aqui. Fico muito feliz de estar de volta. Oito anos se passaram, muitas coisas boas, algumas ruins e muitos aprendizados. Me sinto com uma responsabilidade ainda maior. Para mim é um grande prazer, uma grande honra ser nomeado o capitão. Vou fazer de tudo para exercer essa função ajudando meus companheiros e ajudando a Seleção a vencer - afirmou.

Por consequência, a pressão - que já é demasiadamente grande - sobre Neymar na Seleção aumentará ainda mais. Sobre isso, o atacante lembrou da época dos Jogos Olimpíadas, quando o Brasil vinha carregando o peso da derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014 e de nunca ter conquistado a medalha de ouro.

- Naquele momento (Olimpíadas) eu estava totalmente pressionado. Dificilmente alguém nessa sala vai passar pelo que eu passei nos últimos anos. A Olimpíada foi de pressão, após a Copa também. Fui alvo de críticas,de coisas ruins e não me senti bem para falar naquele momento. Preferi ficar calado. O silêncio é a melhor resposta. E minha resposta para vocês tem que ser em campo, não importa se sou o capitão ou não. Resolvi aceitar novamente porque aprendi muita coisa e vou aprender muito mais. Essa responsabilidade vai fazer bem para mim - disse.


Bem fisicamente, Neymar volta à Seleção vivendo um bom momento no Paris Saint-Germain, que lidera o Campeonato Francês. Na Copa do Mundo, o atacante não havia participado com 100% de sua condição física, já que havia se machucado poucos meses antes, em uma partida da equipe da capital francesa contra o Real Madrid, pela Liga dos Campeões.

- Foi um momento ruim na minha carreira. Se machucar é horrível e fiz um esforço muito grande para estar na Copa. Me dediquei para estar na Seleção, defendendo meu país e fui ao meu máximo na competição. Claro que eu queria estar melhor, queria estar 100% como estou hoje. Fui no meu máximo, em busca de tudo para me entregar naquele momento. Saio de cabeça erguida. Eu lutei e busquei ao lado dos meus companheiros. Não temos que abaixar a cabeça. Faz parte ter 10 ou 15 minutos ruins, isso que aprendemos na Copa. Deixamos de jogar 15 minutos e fomos eliminados. Faz parte e vamos aprender isso - afirmou.

Apesar do ambiente de certa pressão gerado pela eliminação nas quartas de final da última Copa do Mundo, Neymar garante que o ambiente da Seleção é o melhor possível e que todos os jogadores, dos experientes aos novatos, estão na mesma sintonia.

- A gente fica leve, feliz de estar aqui. Não sabe a felicidade que eu estou de escutar isso quem está de fora. O quão leve é o nosso ambiente. Jogadores de muita qualidade e ao mesmo tempo humildes. Não esquecemos da onde a gente veio. Isso deixa o ambiente leve, brincadeiras sadias. Eu e Filipe Luis passamos o treino todo apostando algo. Tentamos atrais os jovens para deixá-los mais a vontade. E eu to ganhando mais dele - disse.

Confira outros trechos da coletiva:

- Não tenho o que falar de cai-cai. Pego a bola 10 vezes e em 11 vou pra cima. Sou mais rápido, um pouco mais leve e sofro as faltas. Não vão me deixar passar sem me dar uma porradinha. Não adianta pedir licença. Sofri muitas faltas na Copa, mas não era isso que eu queria. É outro aprendizado que levo para mim. Vou buscar melhorar a cada dia meu futebol, minhas coisas dentro do campo e fora dele

- Meu maior prazer foi ter conhecido a bola com dois anos de idade. Minha mãe me levou numa feira, pedi para eu escolher um brinquedo e eu escolhi a bola. É um amor único, sou muito grato a ela. Um objeto que sou apaixonado. Tudo o que eu tenho devo boa parte ao futebol.

- Vou reconquistar os torcedores jogando futebol. Claro que a responsabilidade hoje é ainda maior por causa da braçadeira. Não adianta nada ter ela e não jogar futebol. Peço desculpa a quem ficou chateado com a gente. Perder é muito ruim. Tínhamos esse gostinho de que dava, mas não foi dessa vez. A gente buscou, fez de tudo para alcançar a melhor posição. Procuramos esquecer o que passou, temos um jogo muito importante amanhã. Temos um desafio contra uma grande seleção.

- Toda vez que venho para a Seleção é diferente. Falei para o Tite que a alegria de estar de volta é enorme, algo único. Difícil descrever a felicidade de vestir essa camisa. É diferente de 2010, de 2014. Estou mais velho, mais experiente. É uma sensação diferente e temos que nos preparar para passar nossa mentalidade aos mais novos. Cada vez mais nos unindo, nos fechando em campo, buscando vencer sempre e o melhor para a Seleção. Temos que nos acostumar a ser melhor do que ontem, melhorando a cada dia mais.

- Não temos que pensar no futuro, temos que pensar no agora, nos Estados Unidos. Temos que fazer por onde agora para chegar na Copa de 2022. O jogo começou há três dias, não amanhã. É assim que eu penso, que o Tite e o grupo pensam. Em quatro anos eu não sei quem vai estar aqui. Melhoramos ontem, temos que melhorar amanhã. Vamos encarar a Copa América como se fosse uma Copa do Mundo, para vencer. Mas ela só começa em um ano, não adianta pensar agora.

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