Opinião: O vazio de ideias machuca a Seleção Brasileira
Passados mais de 15 meses da pior derrota da história canarinho, futebol segue muito abaixo e filosofia apenas do resultado parece ainda ser a tônica
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Lá se vão 15 meses e pouco da mais humilhante derrota da história da Seleção Brasileira e o futebol da equipe canarinho tá menor que o salário do Professor Raimundo. Murchinho, murchinho. Nas três partidas das Eliminatórias, houve lampejos de bom jogo apenas contra a Venezuela, lanterna da competição sem um mísero ponto sequer. E ainda assim, o Brasil passou alguns sustos contra a equipe vinotinto, com a zaga falhando em bolas aéreas. Como Dunga é signatário de carteirinha do clube do resultado – apenas ele e nada mais –, deveria estar preocupado. Sua equipe tem menos de 50% de aproveitamento, perdeu para o Chile como se os chilenos fossem o Brasil de ontem e foi o único a tomar gol da Argentina. Claro que este último tópico é uma pilhéria. Ser vazado pela Argentina é normal e o jejum dos hermanos era uma estatística meramente ocasional. Mas Dunga não é um homem de raciocínio pragmático? Pois então: os argentinos encerraram a seca justamente na partida em que tiveram uma legião de desfalques, entre eles um imensurável: Messi, melhor jogador do mundo e, provavelmente, o melhor desde Maradona. Tá feia a coisa!
Após o jogo, Dunga reconheceu que é preciso “melhorar o jogo”. Ao mesmo tempo, citou uma espécie de fórmula das Eliminatórias, que consiste em ganhar em casa e conquistar pontinhos esparsos fora. Quer melhorar, mas sem perder o raciocínio de que a meta número um é o resultado. Ninguém é tolo de ignorar que vitórias e títulos são vitais no esporte. Mas não pode ser apenas isso. Ainda mais quando o que está em questão é a Seleção Brasileira, um símbolo estético do jogo, que influenciou gente como Cruyff e Guardiola. Não nos esqueçamos do catalão admitindo que tentava aplicar no Barcelona as lições que aprendera com o futebol brasileiro de antigamente.
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Os 7 a 1 da Alemanha foram uma mácula na imagem da Seleção Brasileira. Tanto no que se refere ao trato com a bola – incluindo no pacote o passe, o drible, a genialidade – quanto na capacidade competitiva. Ver a Alemanha botando o Brasil na roda foi quase uma miragem. Essas manchas só podem ser amenizadas com o resgate da essência do jogo. A preocupação deveria ser essa, mas não se ouve esse discurso de quem comanda a Seleção. A mensagem prioritária é sempre voltada para o acúmulo de pontos.
A recalcitrante filosofia do resultado pelo resultado, e as crenças de poder que gera, foi a responsável pelos últimos fiascos. Parreira foi chamado para 2006 pelo que fizeram em 94. Felipão foi convocado como o messias em 2014 pelas boas novas de 2002. As mudanças operadas no futebol nos anos recentes parecem impermeáveis à CBF. Atribuir a hecatombe do Mineirão a um apagão é típico de quem não quer mexer com as vísceras, prefere ficar na superfície. A seguir assim, seguiremos vendo esse futebol insosso da Seleção.
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