Quatro problemas que Fernando Diniz precisa resolver na Seleção Brasileira

Brasil domina ações do duelo, mas evidencia carências que precisam ser solucionadas pelo treinador

Escrito por Vitor Coelho Palhares, supervisionado por

A Seleção Brasileira empatou em 1 a 1 com a inócua Venezuela jogando diante da sua torcida, em Cuiabá, pelas eliminatórias da Copa do Mundo. Com o resultado inesperado, ficou evidente que Fernando Diniz, treinador interino, terá que solucionar alguns problemas à frente do comando técnico do selecionado nacional.

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O telespectador que assistiu à partida viu uma atuação aquém da esperada, com erros em diversos setores da equipe - falta de poder de fogo, transições lentas (defensivas e ofensivas) e, principalmente, estabilidade defensiva - foram os principais problemas apresentados em campo.

CAMISA 9

Em virtude do baixo rendimento e pela falta de poder de fogo para decidir as partidas, Richarlison tem sua titularidade no comando de ataque da Amarelinha questionada. Agora são seis jogos sem balançar as redes, e o "homem gol", como o próprio camisa nove se intitulou após o Mundial, passou a sofrer as consequências que a posição, e a oposição, exigem.

É verdade que o funcionamento tático do setor ofensivo do Brasil não ajudou o atacante, visto que a concentração do jogo por um lado do campo (esquerdo, com Arana e Vini Júnior) e a insistência por triangulações curtas pela faixa central favoreciam a defesa adversária, que levou vantagem na grande maioria dos duelos.

Porém, não é novidade que o "Pombo" não vive grande fase. Na temporada 22/23 pelo Tottenham, o jogador marcou apenas três gols em 35 partidas e viu o mau momento persistir na Seleção. Dessa forma, é possível que um novo nome seja testado na partida contra o Uruguai. Gabriel Jesus, elogiado pelo comandante, deverá ganhar uma vaga entre os titulares.

Richarlison não balança as redes pela Seleção Brasileira desde a vitória sobre a Coreia do Sul, nas oitavas de final da Copa do Mundo do Catar (Foto: Vitor Silva/CBF)

SAUDADES TITE?

Os resultados diante da Bolívia (5 a 1) e Venezuela (1 a 1) fizeram a Seleção de Diniz sofrer, em apenas duas partidas, o mesmo número de gols que Tite levou em casa nas Eliminatórias, nos seis anos em que dirigiu a Canarinho.

É indiscutível que o estilo dos treinadores é diferente, mas a solidez defensiva, principal marca do antigo ciclo, parece ter sucumbido. Resta ao comandante avaliar se este é um problema capital ou apenas um acaso do destino.

IMPREVISIBILIDADE DAS PEÇAS

O Brasil teve contra a Venezuela mais de 70% da posse de bola, mas pouco transformou o domínio em chances claras. Tanto que o gol marcado saiu de uma jogada de bola parada, após Gabriel Magalhães, zagueiro, aproveitar a falha de marcação para subir sozinho e marcar.

No entanto, Diniz é incapaz de solucionar alguns problemas apresentados. Vinicius Júnior não foi sombra do jogador que atua pelo Real Madrid e perdeu a maioria dos duelos individuais pela ponta esquerda. Neymar, irritado com a marcação adversária, pouco conseguiu criar para seus companheiros e não encontrou oportunidades para atacar os espaços deixados na entrada da área venezuelana. Richarlison, pelo sexto jogo consecutivo, passou em branco. A dupla de meio-campistas, formada por Casemiro e Bruno Guimarães, ainda não se adaptou ao estilo do treinador e necessita criar química.

Dito tudo isso, Diniz pode (e deve) alterar alguns posicionamentos da equipe em campo, mas depende, acima de tudo, do desempenho dos atletas para implementar seu estilo e, consequentemente, garantir os resultados.

O imediatismo, causado pelo sentimento daqueles que clamam "pelo resgate do futebol arte", passa a ser um dos principais problemas do "Dinizismo" à frente da Seleção.

RECOMPOSIÇÃO

Assim como o Fluminense, a Seleção de Diniz ficou muito espaçada em campo. Na fase defensiva, existia um 'buraco' entre a primeira linha, formada pelos zagueiros e laterais, e a segunda, formada pelos meias e pontas.

Neymar, que passou a atuar como terceiro homem do meio-campo, não ajuda na recomposição defensiva (muito por característica e função do atleta), o que deu amplo espaço para a Venezuela contra-atacar. Cabe a Diniz corrigir o espaço deixado no meio e encontrar o melhor posicionamento para o camisa 10 em campo, o que pode ocasionar uma mudança no esquema tático do Brasil.

A Seleção Brasileira volta a campo na terça-feira (17), contra o Uruguai, em Montevidéu, às 21h (de Brasília), pela quarta rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo.

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