Ronaldo: Com penta, renascimento e consagração do Fenômeno
Do desacreditado e lesionado atacante à artilharia e ao prêmio de melhor do mundo
- Muita gente não acreditava, mas o guerreiro deu a volta por cima e é campeão do mundo.
Esse foi o desabafo do artilheiro da Copa do Mundo, um dos heróis e protagonistas do pentacampeonato. Há exatos 15 anos, Ronaldo balançava as redes por duas vezes contra a Alemanha, sacramentando a costura da quinta estrela no peito da pesada camisa da Seleção Brasileira.
Foi ápice. A conquista mais importante para um jogador, à época, já eleito duas vezes o melhor do mundo. Foi a comprovação da recuperação. Duas cirurgias de joelho depois, um afastamento dos gramados - somado - de pouco mais de dois anos, e lá estava Ronaldo, comemorando com dedo em riste (o número 1) e beijando a taça mais cobiçada do planeta.
O título de 2002 não foi apenas mais um na prateleira do Fenômeno, que tanto sofrera (física e psicologicamente) quatro anos antes, com o vice-campeonato na Copa da França. Quem diria que aquele mesmo jogador, que em 12 de abril de 2000 tinha causado choque no mundo esportivo por causa de uma lesão no joelho - quase imediatamente a outra operação - poderia estar ali?
O trauma fora enorme. "Muita gente não acreditava", como disse o próprio Ronaldo no microfone da Globo, ainda em solo japonês. Mas Luiz Felipe Scolari, que deixou Romário fora da lista, não foi um desses incrédulos. Muito pelo contrário. Felipão abraçou o atacante e o incluiu na família, tratou-o como filho, e o Brasil ganhou o Fenômeno de volta.
Artilheiro da Copa, com oito gols, mais do que os sete feitos por Jairzinho, no tri em 1970. Um furacão nos tempos modernos do futebol. E teve gol mergulhando, teve gol de bico, teve gol com oportunismo e teve gol diante do principal goleiro daquela Copa e, por que não, do mundo: Oliver Kahn.
Ronaldo não teve apenas a virtude de estar no lugar certo e na hora certa para aproveitar o rebote do alemão. Foi Ronaldo quem roubou a bola no lance em que o Brasil abriu o placar. E depois que o parceiro Rivaldo deu aquele corta-luz inesquecível, um clarão se abriu para a finalização no canto esquerdo, dando a luz ao segundo gol. Do drama no estádio Olímpico de Roma naquele 12 de abril, tendo ainda na lembrança a final da Copa-1998, à glória em Yokohama.
Ronaldo chegou ao Mundial com apenas 10 jogos e sete gols na temporada que antecedeu a competição. Ele fez uma preparação de 15 dias que deixou Felipão confiante para convocá-lo. A tal confiança só cresceu à medida em que o Brasil avançava. Turquia, China, Costa Rica, Bélgica, Inglaterra, Turquia de novo e, enfim, a Alemanha.
- Você sempre foi um grande pai para todos os atletas. E para mim foi um especial. Eu era muito questionado pela lesão, ninguém sabia se eu iria estar bem ou não, se eu ia aguentar, e você foi lá e bancou - disse Ronaldo a Scolari, em uma gravação promovida por um patrocinador, em 2013.
Depois daquela chuva de confiança depositada por Felipão em Ronaldo - que correspondeu muito além das expectativas - o Fenômeno, artilheiro do Mundial, ainda foi coroado melhor do mundo naquele ano. A esperança no renascimento do craque valeu a pena. O Brasil, Ronaldo, o penta entraram para a história.