Tite promete celebrar vaga na Copa com ‘caipora’ e rebate crítica de Arce
Treinador da Seleção comemora classificação ao Mundial com abraço na família, responde ao técnico paraguaio e faz os planos para a sequência do trabalho com a vaga
Tite está aliviado. Com a vitória por 3 a 0 sobre o Paraguai nesta terça-feira, na Arena Corinthians, mais uma combinação de resultados, o Brasil está classificado para a Copa do Mundo da Rússia em 2018. O treinador respirou fundo ao ser comunicado da confirmação da vaga durante sua entrevista coletiva e soltou um "Obrigado, pai do céu!".
O treinador disse que vai ter caipirinha na comemoração do objetivo cumprido. O clima é de alegria. Assim que a entrevista acabou, o gaúcho foi ao encontro da família, que acompanhou a entrevista. Abraçou a esposa, a filha e o filho, que é auxiliar da Seleção. E traçou os planos para o futuro:
- Agora é consolidar a equipe. Na medida que tu repete o desempenho, e não oscila, tu vai criando consistência. Ela fica marcante, pesada. Não é só não tomar gol. É que eles falam que para fazer gol é brabo. É encontrar, se consolidar. Ela não está pronta. Lembro que era o primeiro jogo nosso, tava com a perna bamba, relaxada. Não lembro nem com quantos pontos estávamos. A gente ganhou e estava em quinto. Tamanha é a preocupação e responsabilidade. Aquele primeiro jogo deu a confiança para a gente evoluir - analisou o treinador.
O treinador também respondeu à critica que recebeu de Arce, técnico do Paraguai. O ex-lateral chamou o brasileiro de nervosinho e disse que ele o acusou injustamente de mandar os paraguaios baterem. Tite disse que não foi bem assim.
- Vamos esclarecer o que falei para ele: "Por trás, não! Por trás, não!". Eu não disse que ele mandou bater. Eu fui porta-voz do lance por trás no Neymar, que merecia expulsão. Eu falei isso, por trás, não, mas não mandei bater. Quem tem imagem, pode ver. Foi isso que cobrei dele. Lealdade - afirmou o treinador brasileiro.
Tite chegou a nove jogos pela Seleção, com 100% de aproveitamento. São oito vitórias consecutivas nas Eliminatórias e vaga garantida com 33 pontos. Também venceu um amistoso contra a Colômbia. Marcou 25 gols e sofreu apenas dois. Ele falou disso, do jogo e de outros assuntos na entrevista coletiva após a vitória, que você confere abaixo:
Análise do jogo
Não dá para falar do jogo de hoje, não. Deixa para depois essas situações todas (risos). O Paraguai muito bem fechado, com dificuldade para articulação que a bola chegasse para o Neymar. Porque estavam bloqueando. Em compensação, davam o lado direito para o Coutinho, que buscou essa saída. A gente busca no Paulinho, que ele tem feito, tenho cobrado esse outro movimento. A chegada na frente é natural, mas também de articular e participar dessas jogadas de armação. Com um pivô diferente do que temos trabalhado, de atacar espaço. Ele também ficou febril, e foi prejudicado. Porém, equipe com grau de concentração muito alto.
O que fez o time crescer
Foi uma maturidade que tivemos, para não relaxar depois do Uruguai. A gente invertiu com o goleiro, torcedor também compreendeu. Jogamos com a expectativa alta. E eu falei: cuidado, gente. Não pensem que o resultado vai ser parecido com o Uruguai. Tem de ter essa cobrança. A infiltração, qualidade, vai acontecer porque é a característica do time. Mas não dá para não competir de forma leal.
Desafios
Chegar ao topo ou se manter? É difícil igual. Eu falo para eles, se tiver no momento de confiança, pega. E se tiver fazendo coisa errada, vai ter de mim. É o desafio.
Trabalho em grupo
É uma equipe toda de trabalho. A gente faz todo o acompanhamento, de todos os atletas, que a gente filtra. Tem critério. Não falo isso por demagogia, mas trabalhamos. Vocês trabalham, a gente trabalha. O Thiago entrou e jogou muito. Virou um zagueiro construtor. Porque deixaram ele para armar. Passe toda hora. Equipe vai se formando. Desde análises individuais, bola parada. A gente estudou o Paraguai. Eles tinham falta frontal. Porque o Arce foi um grande batedor e tinha grandes cabeceadores. Então ele tem essa sabedoria. E contra o Uruguai foi um perigo nosso. Só que alguns atletas marcam individual em seus clubes e aqui por setor. É desafio. Estou ainda me descobrindo.
Neymar
Neymar, no último terço do campo, eu tinha uma ideia de flutuação para ele. Ele é tão vertical, que ele deixa os outros armarem, e no último terço do campo, não sei para que lado ele vai sair. Porque a genialidade é imprevisível. E é sim um projeto de maturidade para ser o melhor do mundo. Inclusive com erro, do pênalti mal batido. Mas sem bater, e indo pra cima de novo.
Paraguai foi desleal?
Não foi desleal. Usou o artifício de falta só. Só naquele lance do Neymar. E não foi uma critica a ele. Não foi, peguem a linguagem labial. Falei para ele: concentra, concentra.
O que fez para o time melhorar tanto?
A Seleção já tinha um grupo de trabalho e incorporamos. E uma comissão técnica que é comprometida pra caramba e qualificada. Se tiver de passar dez horas para pegar um lance... O atacante de hoje iria jogar, fomos buscar informações, ele iria cair nas costas do Fagner. E às vezes em tempo real vamos buscar essas informações, e quem tem, tem conhecimento. Isso proporcionou isso. Tem toda uma equipe de trabalho. Claro que fico contente com o elogio ao técnico, mas tem toda uma equipe.
Rodízio de capitães
Vai continuar tendo o rodízio. A responsabilidade precisa ser divida. É muita responsabilidade e precisa dividir. Um pouco para cada um.
Quantas vagas estão abertas?
Todas. Pega o Willian, que estava num momento fabuloso. Ai teve uma queda, e o Coutinho entrou muito bem nos dois últimos jogos. Deixa um deles jogar mal para ver. Tem o Dani na lateral, e aí o Fagner, Mariano, Fabinho.
Teme que Brasil caia perto da Copa, como nas duas últimas?
Primeiro, eu entendo a pergunta, mas não consigo fazer comparações com etapas anteriores. São etapas, o futebol é decidido com uma série de detalhes importantes. Se a equipe está crescendo e se consolidando, sem medo de ser feliz. Se ela está confiante, que continue confiante. Se está alegre, que continue alegre. Ela vai se consolidando. E eu vou seguir monitorando, para ela estar sólida, consistente. Para reagir. Processo de consolidação, a cada jogo, a cada treinamento. Consolidação, evolução.
Satisfação pela vaga
A minha maior alegria é dividir alegria. Quando a gente olha para o semblante da família da gente, quando a gente vê os atletas felizes, quando vê uma criancinha feliz. Dividir alegria é minha maior satisfação. Por isso que trabalho, é o meu maior prazer.