A torcida estava carente. Bastou a chegada de um treinador que fizesse a Seleção Brasileira voltar a jogar bem para que a arquibancada se rendesse ao novo comandante. O “fora, Dunga” do passado e a vergonha pelo 7 a 1 deram lugar a uma euforia por causa de Tite. Até prematura. Afinal, o 5 a 0 sobre a Bolívia foi apenas o terceiro jogo do técnico no cargo.
Mas são três vitórias convincentes. Um 3 a 0 no Equador em plena Quito, um 2 a 1 sobre uma forte Colômbia e o atropelamento sobre os bolivianos. Do sexto lugar à vice-liderança das Eliminatórias. Mas a análise resultadista da arquibancada vai além, com encantamento pelas atuações de cada uma das peças escaladas com a amarelinha. Como “recompensa”, um constrangido treinador ouviu “ole, ole, ole, ole, Tite, Tite” em Natal.
– Me sinto desconfortável. Quando gritavam, eu sentava no banco e ficava quieto. Nem todos tem a dimensão exata do quanto temos um grupo de trabalho com grandes responsabilidades. Claro que fico contente por ser o escolhido, com o carinho que recebi. Agradeço de coração. Mas poderia ser o fisioterapeuta, alguém do departamento médico. Várias pessoas foram fundamentais para conseguirmos manter o ritmo alto. Por isso a equipe estava solta, leve e jogou o que jogou – comentou Tite.
Tite já falou mais de uma vez, e reforçou isso em Natal, que o começo da trajetória na Seleção tem sido melhor do que o esperado. Mas ao mesmo tempo que sente desconforto pela ovação precoce no estádio, não rejeita o reconhecimento do sucesso a curto prazo:
– Olho para o papai do céu, agradeço e sigo meu trabalho. Fico muito feliz com o carinho que recebi. Agradeço de forma simples, mas sabendo que cada um de nós trabalhou. Não é ser falso humilde ou ostentoso. Temos que ficar felizes.