Uma das maiores promessas da nova geração do tênis brasileiro, o paulista Marcelo Zormann confessou ao blog do jornalista Alexandre Cossenza, Saque e Voleio, a descoberta recente de um quadra de depressão e ansiedade e por isso decidiu se afastar do tênis.
Campeão juvenil de Wimbledon nas duplas ao lado do amigo orlando Luz, o Orlandinho, e também ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, ambas as conquistas em 2014, Zormann relatou o caminho que teve entre resultados abaixo do esperado a uma crise de "pânico" não diagnosticada quando estava sozinho na Alemanha para a disputa de uma série de Futures em julho deste ano e a decisão de se abrir com a namorada e posteriormente com a psicologa da sua equipe de treinamento.
"Me veio uma sensação meio de pânico, de tristeza, de "que estou fazendo aqui?", sabe? Eu, por mim, não tinha nem entrado em quadra. Eu estava sozinho, mas na hora mandei mensagem para o Thiago [Alves, treinador] e para o Chico, que é um cara com quem eu fazia trabalho de coaching. Eu lembro de estar muito mal mesmo. Foi um dos piores momentos da minha vida. Mas eu sabia que tinha que seguir", comentou o tenista ao Blog e seguiu relatando que de volta ao Brasil decidiu de última hora viajar para a Argentina e seguiu treinando.
Marcelo Zormann detalhou o caminho, disse que na terça-feira passada, após um treinou trocou o trabalho físico na academia para conversar com a namorada e no dia seguinte procurou a psicóloga. "Eu me abri bastante com ela, falei coisas que não tive coragem de falar nem para minha namorada nem para o meu pai. Ela fez um teste comigo e falou que estou com depressão em nível moderado e também com ansiedade", revelou.
O tenista contou que após o diagnóstico decidiu que não competirá até o fim do ano, para seguir seu tratamento e "colocando as coisas no lugar". Para o jovem de Lins, não foi apenas o insucesso de alguns objetivos no tênis que o levou à doença e sim uma série de fatores.
Em seu depoimento, o jovem destaca muito a "vontade de ficar apenas em casa" e de não fazer nada, seja treinar, competir ou se divertir com os amigos.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de março deste ano, considerando dados de 2017, o Brasil é o quinto país em número de doentes com depressão no mundo, com cerca de 6% do total da população portadora da doença diagnosticada ou não. Além de ser o primeiro de pessoas acometidas por quadros de ansiedade, que estima-se atinge 8% da população.
Marcelo Zormann relata vergonha de sentir-se daquele modo, uma característica forte nos doentes de acordo com a OMS. Ainda segundo a OMS, o tenista brasileiro faz parte de uma pequena porção dos doentes que procura ajuda por si próprio.
Um caso emblemático de tenista acometido por depressão e ansiedade foi do ex-top 10 sérvio, Janko Tipsarevic, que teve uma lesão no pé no fim de 2013, sofreu com um tumor na região plantar do pé e sem conseguir a recuperação física para voltar ao circuito foi diagnosticado com os dois distúrbios emocionais em 2014. O tenista falou publicamente da luta contra a depressão em 2015. Em uma de suas últimas entrevistas à imprensa internacional no inicio de 2017, Tsiparevic disse que seguia tratando a depressão.
Zormann iniciou o tratamento de modo recente e não se sente apto por definir seu futuro no tênis.
Para ler por completo o depoimento do tenista de 22 anos, clique aqui e leia o Saque e Voleio.