Direto de Kiev, na companhia formada por cidadãos para patrulhar e manter a ordem nas ruas da cidade, o ex-top 30 Sergiy Stakhovsky aceitou conceder uma entrevista à rádio espanhola MARCA e falou de suas razões para defender seu país e também do medo.
Em conversa por telefone, Stakho, como é conhecido no mundo do tênis, explica as motivações para voltar a seu país, ele vive com a esposa e três filhos no exterior, para defender sua nação.
"Acho que porque é do meu país que estamos falando. A Rússia e seu presidente, Vladimir Putin, mencionaram em várias ocasiões que a Ucrânia nunca existiu e que foi criada pela União Soviética. Tenho certeza de que, se a Ucrânia perder esta guerra, ela será apagada dos mapas e livros de história da Rússia e do mundo inteiro. Assim, não haveria nenhum país para onde voltar. Eu teria a nacionalidade de um país que nunca existiu e não estou disposto a isso", revelou.
Stakhovsky revelou que sua função como membro do exército ucraniano é defender a capital do país, que no momento não conta com a presença de russos, e faz parte das equipes de patrulha, que monitoram os movimentos e as pessoas na rua, dado o toque de recolher. São 6 horas de descanso para as equipes, e neste período eles passam por treinamento de tiro com as armas militares.
O ex-tenista que fez história superando o suíço Roger Federer em Wimbledon 2013, disse que a maioria dos tenistas e muitos ex-tenistas entraram em contato com ele por mensagens de celular. "Quase todos os tenistas e mesmo vários ex-tenistas me enviaram mensagens de apoio, solidariedade", contou e revelou que a mensagem de Novak Djokovic o emocionou: "Aquela que eu compartilhei foi no Instagram, mas ele já se comunicou por celular comigo após aquilo. A mensagem significou muito pra mim, porque ele cresceu em meio ao horror e sabe como nossas crianças estão se sentindo", finalizou.
Sergyi Stakhovsky falou sobre o quanto tempo vê seu povo resistindo: "Resistiremos por muito tempo. A Rússia não será capaz de dominar a Ucrânia porque a resistência está em toda parte. Ele está nas ruas, com os civis e com todos. O mundo inteiro está contra a Rússia. A questão é quantos civis mortos o mundo quer ver antes de acabar esses ataques. Isso é tudo que importa. Porque a única coisa sobre a qual temos certeza é que a Rússia não vai ganhar. Eles não têm moral para isso. Eles não sabem onde estão e os ucranianos vão vencer porque vão resistir. O povo ucraniano lutará por sua liberdade".
Questionado se tem sentido medo, Stakho confessou: Claro que estou com medo. Acho que só as pessoas estúpidas não têm medo. Mas felizmente não há fogo cruzado agora em Kiev porque as tropas russas não podem entrar na cidade. Existem muitas barreiras nos arredores de Kiev. O único perigo agora está vindo do céu das bombas. Talvez existam pequenos grupos de soldados russos tentando chegar a Kiev, mas para nós é como se a temporada de caça tivesse começado".
Pai de três filhos, sendo a mais velha de 7 anos e o mais novo de 3,Stakho sente medo por sua família: "Eu penso nisso diariamente. Eu tenho três filhos. Mas neste momento estamos em estado de guerra e neste momento nenhum cidadão entre os 18 e os 60 anos pode sair do país e enquanto esta guerra durar estaremos aqui".
Por fim, Stakho contou que assim que a guerra acabar, ele irá encontrar sua família para "nunca mais deixá-los".
"A única coisa sobre a qual temos certeza é que a Rússia não vai ganhar" (Stakhovsky)