20 de fevereiro de 2015. Beatriz Haddad Maia tinha três match-points no Rio Open contra a experiente e vice-campeã de Roland Garros, Sara Errani. Não fechou. Sucumbiu. Depois abandonou com cãibras no 3 a 0 do terceiro set. Cãibras provocadas pela tensão do jogo. Ela era jovem, tinha 18 anos, fazia sua maior campanha da carreira, jogando em casa, com expectativas geradas ao longo da partida.
9 de junho de 2023. Carlos Alcaraz, 20 anos. 1 set a 1 contra Novak Djokovic e as cãibras aparecem no espanhol. Mesmo com seu treinador, Juan Carlos Ferrero, aconselhando que passaria, a tensão continuou e o corpo do tenista foi tomado.
Podemos traçar um paralelo mesmo que sejam casos e circunstâncias um tanto diferentes.
Aquele duelo no Rio de Janeiro o calor e a umidade eram infernais e em Paris a umidade estava bem mais baixa assim como a temperatura, mas a expectativa que o espanhol se colocou e o adversário físico do outro lado eram um enorme desafio. Sim, em 2015 era muito difícil jogar contra Sara Errani. Até mesmo agora é complicado enfrentar a italiana. Novak Djokovic nem precisa dizer. Mesmo aos 36 anos e com um ou outro probleminha físico, ele mostra sua fortaleza e experiência.
Bia Haddad mostrou, em Roland Garros nesta edição, o quão forte fisicamente ficou aguentando muito bem 15 horas em seis partidas em menos de duas semanas.
A brasileira definiu o calendário na grama e adicionou o torneio de Nottingham, na Inglaterra, que começa já na segunda-feira. E vai jogar todos os eventos na superfície até Wimbledon (Birmingham e Eastbourne). O que ela retirou foram as duplas onde só jogará no Aberto da Inglaterra. Mostra que hoje a brasileira tem uma fortaleza física resultado do ótimo trabalho com sua equipe.
Alcaraz vai e precisa amadurecer fisicamente. A tendência é ficar mais resistente do que vem se mostrando neste ano que começou cheio de problemas físicos e torneios perdidos e agora esse baque inesperado.
E outro aspecto importante. Djokovic alcança sua 20ª vitória seguida em um Grand Slam. Última derrota para Nadal nas quartas de Paris ano passado. Como é duro vencer o sérvio em um Major. Chega BEM favorito para buscar o recorde no domingo contra o bravo norueguês Casper Ruud. Seu 23º Slam.
Curtinhas:
O episódio mostra também um pouco de fator sorte. Que acompanha quem trabalha muito e os grandes campeões. Ano passado, por exemplo, Nadal vinha sendo encurralado por Zverev e veio a lesão do alemão em uma infelicidade. Os Deuses do tênis podem ter dado uma mãozinha para Djoko.