Já em Londres se preparando para a disputa da Laver Cup, seu último torneio no circuito ATP, o suíço Roger Federer concedeu uma entrevista à BBC e afirmou que não ficará distante do esporte. Federer
"Eu me sinto bem. Têm sido semanas muito emotivas para chegar àquelas palavras, para fazê-las corretamente, para expressar realmente como estou me sentindo e para agradecer tudo o que ganhei nessa jornada, que tem sido longa. Agora o caminho é outro, mas eu gostaria de fazer com que os fãs e as pessoas que me apoiaram por todo esse tempo em todos os cantos do mundo, que vou continuar sendo visto. Eu amo esse esporte, não serei um fantasma ou um estranho que não aparecerá nunca mais", iniciou a entrevista.
Questionado sobre porque escolheu se aposentar agora, o suíço pontuou: "Os últimos três anos têm sido duros, para dizer o mínimo. Quando eu joguei com Rafa na Cidade do Cabo (África do Sul) eu já não estava bem com meu joelho e eu sabia que estava perto do fim quando joguei Wimbledon ano passado entendi. Eu tentei voltar... mas existe um limite do que eu poderia fazer, continuar jogando e tentando. Sinceramente, eu sempre acreditei que poderia voltar até uns meses atrás, mas não dava. Eu tinha esperanças, mas acabaram", iniciou.
"Então, nós rapidamente entendemos que não daria e que estava tudo bem. E então perguntas começaram a surgir: 'Quando será?'; 'Quando a gente anuncia?'; 'Onde vai ser?'... foi um pouco estressante, porque você tenta manter esses momentos em privado, mas sempre há 'vazamentos'. Vazaram a informação na manhã do anuncio, então foi um pouco mais cedo do que esperávamos fazer", relatou.
Federer também refletiu sobre seus sonhos de infância para o tênis: "Não sonhei. Ninguém cresce achando que vai ganhar esse tanto de prêmios, você fica feliz de ganhar Wimbledon, esse tipo de coisa, já te deixa louco de felicidade. Você fica feliz em ser o número 1 ou ser o melhor vindo de um pequeno país que não tem uma base de muitos jogadores. Eu conquistei muito mais do que sonhei e é por isso que estou feliz com essa fase da mesma maneira".
Principal nome da chamada 'Era de Ouro do Tênis' ao lado do espanhol Rafael Nadal, do sérvio Novak Djokovic e do escocês Andy Murray, o suíço disse que não sabe se algo semelhante ocorrerá novamente. Juntos os quatro tenistas possuem 66 títulos do Grand Slam [22 de nadal; 21 de djokovic, 20 de Federer e 3 de Murray] e 3 ouros Olímpicos [2 de Murray (Londres e Rio) e 1 de Nadal (Pequim)]: "Isso (a geração) é especial de uma série de maneiras. Quando eu me torno um líder inesperado, nós estávamos indo numa baixa com as aposentadorias de (Pete) Sampras e (Andre) Agassi: 'O que está por vir?' e então eu surgi, daí Rafa, daí Novak e então Andy, todos juntos e num mix de todos nós vencendo coisas durante 10 anos, sempre nos mesmos torneios, quase ninguém furava essa bolha, parecia que estava trancado nos grandes torneios. Deve ter sido bastante frustrante para os outros jogadores, pra ser bem sincero, mas para nós (4) era um desafio compreender e ver como jogaríamos contra esses diferentes jogadores, pois somos bem diferentes. Acho que para os fãs deve ter sido divertido de assistir. É meio triste que agora estou indo, mas sempre virão pessoas novas e como será que são? Porque no nosso esporte as pessoas se conectam com histórias, por isso que acho que o tênis está num lugar seguro e teremos incríveis novas estrelas".
Federer também comentou que vai usar a oportunidade de estar no mesmo time que seus antigos rivais durante a Laver Cup para conversarem bastante, relembrarem momentos e conquistas juntos.
Questionado sobre o seu futuro, o suíço voltou a falar em dedicar tempo aos 4 filhos e a esposa Mirka e tem outra vontade: "Veremos como eu posso me manter no esporte, talvez ajudando mentalmente crianças que estão se desenvolvendo na Suíça. Veremos, mas estou empolgado (com o futuro)".