L! Espresso: Djokovic não tem o direito de reescrever as regras do jogo

Mesmo com o risco de perder novos torneios do Grand Slam, tenista sérvio reafirma decisão de não se vacinar

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"Este é o preço que estou disposto a pagar". Falando à imprensa pela primeira vez desde que foi expulso da Austrália e impedido de disputar o Aberto da Austrália, Novak Djokovic revelou à BBC que pode ficar de fora de Roland Garros e Wimbledon, os dois próximos torneios do Grand Slam, por causa da recusa em ser vacinar, condição obrigatória para que estrangeiros entrem na Inglaterra e na França.

Apesar disso, o tenista sérvio afirmou que nunca foi contra vacinação e que só deseja ter liberdade de escolha, como se estivesse falando de um sabor de sorvete, e não da pandemia que já matou milhões de pessoas e ainda está longe do fim.

Esportivamente, a intenção de Djokovic pode ser desastrosa, uma vez que já perdeu o posto de recordista de títulos de Grand Slam para Rafael Nadal - e o espanhol, 13 vezes campeão no saibro de Paris, pode aumentar a vantagem. Mas o tenista parece mais preocupado no momento em se tornar uma referência política de um negacionismo cada vez mais constrangedor.

Ele não é o único, e atletas de outras modalidades, como Aaron Rodgers, da NFL, e Kyrie Irving, da NBA, seguiram caminhos parecidos, muitas vezes até reverberando teorias absurdas sobre os possíveis efeitos da vacina. 

Novak Djokovic será para sempre um dos maiores tenistas da história, mas é descomunal seu esforço para ser enxergado como alguém que simplesmente não entendeu a necessidade do ato solidário e coletivo durante um dos mais duros momentos já vividos pela humanidade. Djokovic tem direito de ter suas crenças, mas não o de reescrever as regras do jogo.

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