O adeus a Roger Federer: Raio-X de uma carreira mais que vitoriosa
Todos os destaques e conquistas em 24 anos de circuito profissional, do maior tenista da história
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Por Ariane Ferreira – Nesta quinta-feira (15/09/2022), o suíço Roger Federer anunciou aos 41 sua aposentadoria definitiva do tênis, após 24 anos dedicados ao circuito mundial e para a construção de uma das maiores carreiras que o esporte já viu.
Nascido na Basileia, Suíça, em 08 de agosto de 1981, do casal Lynette (imigrante sul-africana) e Robert, Roger Federer começou nas quadras de tênis relativamente tarde, aos 8 anos de idade, mas desde muito cedo apresentou um talento natural e foi aos poucos se destacando em termos nacionais.
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No circuito juvenil, Federer foi número 1 do mundo em dezembro de 1998, mesmo ano em que conquistou o título de Wimbledon juvenil. Na categoria, venceu um total de 5 títulos. Foi também em 1998 que o suíço se profissionalizou em definitivo aos 17 anos. Ali, jogando apenas 4 torneios, dos quais 3 eram nível ATP, chegou às quartas em Toulousse com vitórias sobre dois tops 45 [Guillaume Raoux (FRA) e Richard Fromberg (GRB)].
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No ano seguinte, contando com alguns convites e muitos bons resultados, Federer passou a maior parte da temporada jogando em nível ATP. Ele conquistou o Challenger de Brest, na França, na última semana do ano e fez campanha de semifinal no ATP de Lyon e outras três quartas de final no nível.
Em 2000, o suíço jogou uma temporada que foi um divisor de águas em sua carreira. Chegou à sua primeira 8ªs de final em um Grand Slam nas quadras de Roland Garros (perdeu de Alex Corretja (ESP) e 10º) e disputou suas primeiras finais em nível ATP, perdendo Marselha de seu compatriota Marc Rosset e Basileia do sueco Thomas Enqvist, então ex-número 1 do mundo e atual 6º. Foi naquele mesmo ano, nas quadras de Sidney (Austrália), que Federer representou a Suíça pela primeira vez em Jogos Olímpicos e perdeu o bronze para o francês Arnaud di Pasquale.
Na abertura do milênio veio o desencanto e Federer conquistou seu primeiro título ATP nas quadras de Milão, com vitória sobre o então 7º, Yevgeny Kafelnikov na semi. Com o título, o suíço se consolidou no top 30 e em março daquele ano entrava de vez no top 20. Assim, fez duas 4ªs em Slams (Roland Garros e Wimbledon).
Em 2002 foram novos 3 títulos, incluindo o da então Masters Cup, equivalente a Masters 1000, de Hamburgo, na Alemanha, e os ATPs de Sidney e Viena (Áustria). Esta foi a primeira temporada em que Federer se garantiu na disputa da Tennis Masters Cup, equivalente ao atual ATP Finals. Foi em maio daquele ano que Federer fez sua estreia no top 10, diretamente como 8º, oscilou e em outubro voltou ao top 10 para sair de lá apenas em novembro de 2016.
Na temporada seguinte, Federer debutou como campeão do Grand Slam ao superar o australiano Mark Phillippoussis na grande final de Wimbledon. Ao todo foram 7 títulos, incluindo seu primeiro Finals, numa campanha em que venceu os três tenistas que lideraram o ranking mundial naquela temporada: Andre Agassi (EUA), Juan Carlos Ferrero (ESP) e Andy Roddick (EUA), que era o número 1 no torneio. Curiosamente, Federer venceu Agassi na fase de grupos e na grande final daquele torneio.
Vindo de um ano impressionante, Federer entrou 2004 vencendo o Australian Open sobre o russo ex-número 1 Marat Safin. Na primeira semana de fevereiro, Federer assumiu pela primeira vez o número 1 do mundo e ali permaneceu por 237 semanas consecutiva até 11 de agosto de 2008. Ao fim de 2004, Federer somou 11 títulos, dos quais 3 Slams (Austrália, Wimbledon e Us Open), outros 3 Masters (Indian Wells, Hamburgo e Canadá) e o bicampeonato do Finals.
Apesar de ter enfrentado e perdido Rafael Nadal em uma partida pelo Masters e Miami em 2004, foi em 2005 que a rivalidade FeDal começou. Naquele ano, Federer perseguia completar o career slam (vencer ao menos uma vez na carreira todos os torneios do Grand Slam) e para isso lhe faltava Roland Garros. Numa campanha impecável, com todas as vitórias em 3 sets, Federer derrubou especialistas no saibro como: Nicolas Almagro, o então ex-top 10 Fernando Gonzalez, o ex-número 1 e campeão em Paris 1998 Carlos Moyá, mas parou em Nadal, numa derrota de virada em quatro sets. Mesmo muito frustrado, Federer seguiu dominante, venceu 11 títulos no ano, incluindo Wimbledon e o US Open.
Em 2006 são outros 12 títulos e dominância do circuito do início ao fim da temporada. Em termos de Slams, Federer garantiu-se no Australian Open, Wimbledon e mais uma vez no US Open. 2007 foi um ano “mais modesto”, foram 8 títulos na temporada, incluindo Austrália, Wimbledon e Nova York mais uma vez.
Em 2008 a temporada do suíço foi “mais modesta” e o suíço ergueu 4 títulos, o mais importante deles o US Open. Porém, a temporada ficou marcada por atuações impressionantes de Nadal, que venceu Federer 4 finais consecutivas (Monte Carlo, Hamburgo, Roland Garros e Wimbledon) tendo aplicado pneu na final em Paris e vencido um dos jogos mais emblemáticos da história do esporte na grama de Wimbledon com placar de 6/4 6/4 6/7(5-7) 6/7 (8-10) 9/7.Em novembro daquele ano, Nadal assumiu o posto de melhor do mundo.
Porém, nem tudo foi ruim para Federer e o suíço conquistou sua sonhada medalha de ouro olímpica nas duplas, ao lado de Stan Wawrinka, nos Jogos de Pequim. O sucesso olímpico voltaria para Federer em 2012, quando foi prata nos Jogos de Londres na derrota para o britânico Andy Murray. As duas Olimpíadas subsequentes (Rio de Janeiro e Tóquio) não contaram com sua presença, justamente por estar lutando com lesões nos joelhos.
A temporada 2009 foi marcada por um título muito esperado e emblemático na carreira do suíço, sua única Taça dos Mosqueteiros de Roland Garros ao superar o sueco Robing Soderling e vindo de três vice-campeonatos consecutivos. Federer ainda voltou à final em Paris em 2011 e novamente foi derrotado por seu maior rival. A temporada 2009 acabou para o suíço com 4 títulos, somando mais dois Masters e o US Open.
O título de Roland Garros fez com que o suíço igualasse o impensável recorde de Pete Sampras com 14 títulos do Grand Slam. Em julho, o suíço voltou ao top do ranking, de onde saiu apenas em maio de 2010.
Com o recorde de Sampras equiparado, Federer passou a construir em títulos uma nova realidade do tênis. Em 2010 conquistou 5 títulos, dentre eles o Australian Open e foi ampliando o recorde. Em 2011, um ano marcado pelo brilhantismo do sérvio Novak Djokovic que chegou a ficar mais de 50 jogos invicto e assumiu a liderança do ranking mundial, Federer somou 4 títulos, com destaque para o Finals.
A temporada 2012 foi marcada pelo estabelecimento de um recorde de 17 títulos do Grand Slam, com a conquista de Federer em Wimbledon. O recorde só viria a ser igualado por Nadal em Roland Garros 2018 e Djokovic no Australian Open de 2020. Entretanto, antes dos rivais alcançarem seu feito, Federer ergueu mais três títulos do Grand Slam (Australian Open 2017 e 2018) e Wimbledon (2017), ampliando o recorde, que anos mais tarde foi ultrapassado pelos dois principais rivais, que possuem hoje 22 Slams (Nadal) e 21 (Djokovic).
Em 2013 Federer começou a ter problemas físicos, conquistou um título, Halle (Alemanha) onde é até hoje o maior vencedor do torneio com 10 títulos ao todo. Entre 2010 e o fim de 2014, Federer sofreu com uma lesão recorrente nas costas que o impediu, por exemplo, de disputar a final do Finals contra Djokovic em 2014. Ainda assim, naquela temporada o suíço levantou 5 troféus, sendo 2 Masters (Xangai e Cincinnati). Já em 2015 outros 6 títulos, com destaque a mais um em Cincinnati.
O martírio de Federer com problemas nos joelhos começa em 2016, quando perdeu mais da metade da temporada em razão de uma cirurgia no joelho direito. Federer tinha como principal objetivo disputar os Jogos Olímpicos do Rio, onde tentaria o ouro inédito em simples e jogaria a dupla dos sonhos com a compatriota Martina Hingis, ex-número 1 do mundo em simples e duplas. Esta foi sua primeira temporada em branco desde 2001 e marcou também sua primeira saída do top 10.
Recuperado da lesão, o suíço voltou com tudo em 2017, conquistou 7 títulos dentre eles Australian Open e Wimbledon e três Masters (Indian Wells, Miami e Cincinnati). Neste ano, tornou-se o mais velho da história a ocupar o topo do ranking mundial aos 36 anos. Em 2018 veio seu último título de Grand Slam, na Austrália, e quatro títulos no total. Mesmo número de troféus de 2019.
Em 2020, um mês antes de ser decretada a pandemia da Covid-19, Federer anunciou uma nova cirurgia para correção do joelho, desta vez o esquerdo. Naquele ano, o suíço jogou apenas o Aberto da Austrália e fez semifinal. Em 2021, Federer tentou retornar às quadras, disputou 5 torneios, fez 8ªs de Ronald Garros (derrota para o italiano Matteo Berrettini) e 4ªs em Wimbledon (derrota para o polonês Hubert Hurkacz) e nunca mais conseguiu se recuperar e disputar o circuito profissional.
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