A Guarda Civil espanhola, equivalente a Polícia Federal no Brasil deflagrou uma operação de busca e apreensão na manhã desta segunda-feira em diversas províncias contra combinação de resultados e apostas fraudulentas no tênis.
As informações iniciais obtidas pela agência de notícias EFE, junto a agentes da investigação, é a de que agentes da polícia judicial de fraudes econômicas da comarca de Madri participaram da ação, que faz parte de uma operação secreta comandada pelo 5º Juizado de Instrução da Audiência Nacional e está centrado em jogos de nível Challenger e Future.
O jornal Levante traz ainda informações de que dezenas de pessoas foram presas na operação, que foi iniciada há poucos meses após a identificação de combinação de resultados para apostas.
Apostas na Espanha
Em 2016 o maior jornal espanhol, o El País, trouxe em sua primeira página um estudo da Universidade de Navarra em parceria com outras duas universidades do país, sobre o vício em jogos e apostas online, nomeada como 'Ludopatia'. A reportagem trazia um dado alarmante que de cada 10 jovens do país, sete tinham algum grau da doença considerada uma doença mental.
O mesmo jornal trouxe em 2015 uma reportagem sobre a dependência econômica de muitos espanhóis, grande parte de cidades pequenas e povoados, que tinham sua renda baseada em ganhos com apostas online. A reportagem apontava a crise de 2008 como estopim para o crescimento de apostadores na Espanha, grande parte deles pessoas desempregadas, sem perspectiva de emprego, que viram nas apostas um modo de 'fazer render' duas economias. O tênis é das modalidades mais lucrativa.
Em 2014, o blog Punto de Break publicou uma série de denuncias de tenistas que disseram ser obrigados a combinar resultados de partidas com apostadores. Muitos argumentaram motivação financeira, outros tenistas alegaram temer pela própria segurança.
No ano de 2013, a o Unidade de Integridade do Tênis (TIU) processou e condenou o espanhol Guillermo Olaso a cinco anos de banimento do tênis por ter trocado mensagens com um agente de um grupo de apostadores. À época, Olaso disse em juízo que não combinou resultados, mas que a prática era comum porque muitos atletas que estavam longe de casa "temiam pela própria vida".
Em 2016, o mesmo Blog trouxe uma denuncia de treinadores de meninas que jogavam um circuito Future no país ibérico, que informaram que suas atletas era ameaçadas de diversas formas e obrigadas a vender suas partidas. O agravante nas denuncias é que a abordagem às atletas eram feitas nos próprios clubes, após treinos e as garotas ficavam frente a frente com seus acossadores.
Na época destas denuncias a Real Federação do Tênis Espanhol (RFET) contratou uma série de seguranças particulares para tentar inibir a ação. Alguns dos identificados foram denunciados e punidos pela ITF com a proibição de suas presenças em partidas oficiais do circuito.
As denuncias sempre apontam para grupos de apostadores baseados na Rússia e na China.
A edição espanhola do Huffington Post publicou reportagens que retratam a vida de apostadores espanhóis, de sua clandestinidade e ganhos.