Teliana, Bia Maia, Carol, Stefani e Cé revelam descaso com tênis feminino
Teliana questionou a existência do Rio Ooen masculino
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Teliana Pereira, Luisa Stefani, Gabriela Cé, Caroline Meligeni Alves e Beatriz Haddad Maia, participaram de uma transmissão ao vivo com o Brasil no Tênis e aproveitaram para revelar o descaso com o tênis feminino no país.
A conversa entre as atletas, companheiras de Fed Cup, girou entorno do circuito, profissionalização, dificuldades e alegrias do esporte e visibilidade do tênis feminino. Neste tópico, Carol Meligeni fez uma revelação:
“Uma coisa que me marcou muito no encontro da CBT no ano passado, (foi) quando perguntamos para todas as meninas que estavam lá, meninas do mundo inteiro, quem era a atual número 1 do ranking da WTA e elas responderam cada barbaridade, deu pra ver claramente que as pessoas não assistem tênis feminino, elas não se interessam”.
Teliana ainda chamou a atenção: "Elas jogam e vivemos em um mundo onde a grande maioria das pessoas têm acesso à internet, ainda mais no meio do tênis onde as pessoas têm maiores condições financeiras, então as pessoas deveriam ter mais conhecimento". Bia Haddad Maia completou chamando a atenção para a falta de transmissões televisivas do tênis feminino no Brasil. Pontuou que com a "repetição" e transmissão é que as pessoas podem conhecer novas atletas e modalidades.
O papo seguiu e Teliana, a mais experiente e vencedora do grupo, recordou da escassez de torneios profissionais femininos realizados em território nacional: "Agora, se precisamos de maior exposição, por que a gente não tem torneios? Por que não temos mais o Rio Open feminino ou Florianópolis? A resposta é: ‘não atrai espectadores’, os patrocinadores acham que não valem à pena. Mas por que o Rio Open masculino existe ainda, se a cada ano eu vejo menos gente prestigiando o torneio? Eu posso estar falando uma besteira e, se for esse o caso, espero receber uma mensagem me corrigindo" e foi interrompida por Carol: ""Achei que esse ano tivesse tido muito mais gente, não?".
Teliana seguiu com seu raciocínio: "Gente, eu não sei, mas, pra mim, todos os anos que joguei tinha muita gente assistindo, tanto como no masculino. Só que o torneio feminino sempre tem que render resultado, tem que sair ganhando tudo. É pra ontem. Pelo menos uma vez na história recente do Brasil a número um geral do tênis nacional foi uma mulher, e o que foi feito disso?”, questionou a campeã do extinto WTA de Florianópolis em 2015 e semifinalista do já não existente torneio carioca em 2014.
Carol então pontuou que a inexistência de torneios teria como justificativa a ausência de tenistas top 100. "Mas aí não temos a oportunidade de ter um wild-card (covite para disputa de torneio)".
Bia novamente entrou na conversa revelando que ao questionar organizadores do Rio Open porque da inexistência do torneio feminino ouviu:"Ah! É porque não temos uma tenista top 50". "Aí eu perguntei", seguiu a tenista paulistana: "E o tenista top 50? E o homem top 50? Cadê?".
O atual número 1 do Brasil é o cearense Thiago Monteiro, 82º da ATP.
Então, Teliana destacou: "Teve um ano que a número 1 do Brasil no geral era uma mulher. E aí o que aconteceu? Nada".
A reportagem do Tênis News entrou em contato com os organizadores do Rio Open, por meio de sua assessoria, questionando se o torneio gostaria de rebater as afirmações das atletas. Como resposta, via Whatsapp, a assessoria do torneio revelou que "enquanto estivermos no COVID não vamos comentar", em referência a crise sanitária global da COVID-19, que paralisou o circuito profissional, em confirmado, entre março até pelo menos 31 de julho.
Iniciativas recentes no país
Dentro do maior nível do tênis feminino da WTA, o Brasil recebeu entre 2013 e 2016 o WTA de Florianópolis, que teve organização da Confederação Brasileira de Tênis e em seu histórico a espanhola Garbiñe Muguruza vice-campeã em 2014, tempos antes de conquistar seus dois títulos de Grand Slam e se tornar número 1 do mundo, Assim como Timea Babos, húngara vice da última edição, que seguiu para crescer no circuito, foi top 30 em simples e tricampeã de Grand Slam. O torneio ainda recebeu em suas edições nomes consagrados como a ex-número 1 do mundo a norte-americana Venus Williams e a campeã de Roland garros 2010, a italiana Francesca Schiavone. Em seu hall de campeãs, o torneio brasileiro tem a espanhola Anabel Medina Garrigues bicampeã (2013 e 2014) ao lado da cazaque Yaroslava Shevdova. Anabel disputou o torneio brasileiro já tendo sido bicampeã de Grand Slam nas duplas.
Já o Rio Open estreou no calendário com um torneio ATP 500 e WTA International em 2014. A competição teve três edições e em sua última, 2016, viu Schiavone ser a grande campeã.
Rio Open pode voltar com o feminino em 2021
Em fevereiro deste ano, na entrevista coletiva que fez um balanço da edição, o diretor do Rio Open, Lui Carvalho, revelou aos jornalistas que o torneio WTA poderia voltar a ser realizado já no próximo ano em território brasileiro. A data está alugada para um promotor de torneios em Budapeste, na Hungria, e neste ano a competição foi cancelada duas semanas antes do seu inicio de quadro principal, por inviabilidade econômica.
Carvalho disse na oportunidade: "A ideia é super embrionária e consiste em descolar o WTA do ATP, e vermos outra data, talvez em julho. Não temos amarração com nenhum lugar, podemos trazer ou não para o Rio, não temos problema algum em manter o torneio aqui. De qualquer forma, ainda estamos estudando todas essas questões".
Antes de tornar pública a possibilidade, em 2019, o torneio já havia organizado, para parecer um movimento espontâneo das atletas, uma hastag pedindo a volta de um torneio WTA no país. Numa possível ação para verificar a possibilidade de adesão do público.
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