De acordo com o jornal digital Sportico, o conselho de All England Club já definiu que a edição 2022 de Wimbledon não aceitará a participação de tenistas russos em nenhuma de suas chaves. A decisão é inédita no tênis.
A definição, que ainda não se tornou pública, já estava em discussão pelo conselho diretivo de All England Club, que administra o mais tradicional torneio de tênis do mundo, e teve início após a emissão de um comunicado do Comitê Olímpico Internacional (COI) orientando a todas as organizações do esporte profissional em modalidades olímpicas a banirem atletas da Rússia e de Belarus, numa resposta direta à guerra na Ucrânia.
O comunicado do COI, emitido em fevereiro deste ano, dias após o início da incursão militar russa na Ucrânia com apoio, inclusive territorial, de Belarus, afirmou que o governo de Vladmir Putin "faz uso dos esportes para solidificar seu comando no país como um discurso de poderio nacional".
O COI já permitia apenas que alguns atletas da Rússia competissem nos Jogos Olímpicos e o fizessem sob a bandeira da 'República da Rússia' em razão dos inúmeros casos de doping em todas as modalidades olímpicas. Assim, o país conquistou três medalhas no tênis em Tóquio: ouro e prata nas duplas mistas e prata no masculino (Karen Khachanov).
Após a decisão da entidade máxima do esporte mundial, as associações masculina e feminina do tênis profissional (ATP e WTA) decidiram apenas banir as bandeiras russa e bielorrussa, mas permitindo que os atletas seguissem competindo. Já a Federação Internacional de Tênis (ITF) decidiu banir as nações da Billie Jean King Cup e Copa Davis.
Outras federações pelo mundo, como atletismo, natação e até mesmo o futebol (Fifa), também baniram os atletas russos.
Já era público que All England Club está há quase dois meses discutindo uma melhor resposta ao conflito na Ucrânia junto ao governo britânico. O governo de Boris Johnson baniu a entrada de russos e bielorrussos em todo o Reino Unido e foi o primeiro governo do mundo a promover sanções contra propriedades de oligarcas e políticos russos, incluindo o próprio Putin, em seu território. Recentemente, o governo Putin proibiu a entrada de Boris Johnson em qualquer parte de seu território, incluindo trajetos aéreos.
Caso seja confirmada a decisão de All England Club, Wimbledon será o primeiro torneio individual a tomar essa decisão.
Vale ressaltar que no tênis, os torneios do Grand Slam possuem governança própria e podem decidir em conjunto sobre um tema como esse ou individualmente. O próximo Grand Slam da temporada, Roland Garros já afirmou que não pretende banir nem russos e nem bielorrussos de suas chaves.
O Sportico ainda reporta que não há uma decisão definitiva sobre tenistas de Belarus.
Se fosse classificada hoje a lista de Wimbledon, estariam foram do torneio os russos: Daniil Medvedev (2º da ATP), Andrey Rublev (8º), Karen Khachanov (26º) e Aslan Karatsev (30º) da chave principal em simples e Roman Safiullin(151º) e Pavel Kotov (165º) do quali de simples. Entre as mulheres, estariam fora: Anastasia Pavlyuchenkova (15ª), Daria kasatkina (26ª), Veronika Kudermetova (28ª), Liudmila Samsonova (31ª), Ekaterina Alexandrova (39ª), Varvara Gracheva (73ª), Anna Kalinskaya (75ª), Kamilla Rakhimova (95ª) e Vera Zvonareva (100ª) na chave principal; Vitalia Diatchenko (116ª), Anastasia Potapova (122ª), Anna Blinkova (136ª), Elina Avanesyan (145ª) e Anastasia Gansanova (152ª) no quali.
Já entre os tenistas de Belarus estariam fora Ilya Ivashka (44º) na chave principal e Egor Gerasimov (155º) no quali de simples. Entre as mulheres Aryna Sabalenka (4ª), Victoria Azarenka (18ª) e Aliaksandra Sasnovich (50ª) na chave principal em simples.