Na véspera da estreia em Jogos Olímpicos, Flávia Saraiva não parava quieta. Sua companheira de equipe, Jade Barbosa, contou que ela corria pelos quartos destinados às ginastas, pulando de um lado para o outro sem parar.
- Eu disse: 'Para, pelo amor de Deus, que eu não sei o que vou fazer com você'- comentou Jade, rindo.
A energia acumulada e distribuída pelo 1,33m de Flavinha foi convertida em leveza e graciosidade sobre a trave na tarde do último domingo, garantindo para a pequena notável da ginástica artística brasileira uma vaga na final do aparelho, com nota 15.133. Ela estará também na final do individual geral, ao lado de Rebeca Andrade, que foi quase perfeita e se classificou em terceiro lugar. Mais importante, garantem elas, é que o Brasil também conseguiu seu lugar ao sol na final por equipes: ficou em quinto lugar.
- A gente vem forte, pode ter certeza - garantiu Danielle Hypólito, veterana do grupo com 31 anos, do alto da experiência de quem está em sua quinta edição de Jogos Olímpicos. Individualmente, a expectativa também é grande. Apenas as americanas Simone Biles e Alexandra Raisman fizeram mais pontos do que Rebeca na soma dos aparelhos, o que coloca a ginasta brasileira de 17 anos como uma candidata séria a um lugar no pódio.
- Deu tudo certo. Eu não errei e fiquei muito feliz com isso - disse Rebeca.
Flávia também vinha com boa pontuação geral até cair no último aparelho, as barras assimétricas. Acertando a série na final, pode brigar por medalha. Na trave, recebeu a terceira maior nota, atrás das americanas Simone Biles – sempre ela – e Lauren Hernandez.
- A gente não ficou nervosa porque estava muito bem treinada. Quero fazer o meu melhor e, se deus quiser, conseguir uma medalha. Eu esperava chegar às finais, mas não como obrigação. Por mérito meu. Fiquei muito feliz de pegar aquela nota na trave. Mas não quero ficar ligada, preocupada, eu quero me divertir. Porque se não for dessa vez, tudo bem, é a minha primeira Olimpíada - disse Flavinha, de 16 anos.