Juntos desde a bem-sucedida campanha nacional nos Jogos Olímpicos Londres 2012, quando o Brasil conquistou três medalhas, os técnicos da delegação brasileira de boxe - integrante do Time Petrobras - não poupam esforços para fazer dos Jogos Rio 2016 mais uma história de sucesso. João Carlos Barroso, Claudio Aires e Mateus Alves vêm ajustando, no Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx), na Urca, os últimos detalhes para a estreia no dia 6 de agosto. O Brasil entrará no ringue com nove boxeadores, sendo sete homens e duas mulheres.
- Chegamos a Londres sem expectativas e conseguimos três medalhas. Cada competição é única, mas temos confiança de que todos os nossos atletas podem buscar um bom resultado no Rio. Nesse momento de preparação, estamos aproveitando a presença dos boxeadores da Irlanda e dos Estados Unidos em nossos treinamentos para fazer ajustes finais. É a hora de fazer a manutenção da carga física, além de sparrings seriados (simulações de competições) - explicou João Carlos, de 58 anos, nascido na Guiné Bissau, que se apaixonou pelo Brasil e por uma brasileira, a paulista Elenir Perez, com quem casou e tem um filho.
Satisfeito com a evolução do boxe brasileiro desde que chegou ao país, em 1996, vindo de Cuba, onde morou e se formou em Educação Física, João Carlos lembra que outros dois treinadores, Abel Bocovo e Juraci de Oliveira, também contribuem para o desenvolvimento da modalidade.
- Na verdade, somos cinco treinadores, mas apenas três estarão juntos com os atletas nos Jogos - explicou.
É o caso do paulista Claudio Aires, de 45 anos, que conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan-americanos de Winnipeg, em 1999, na categoria superpesado.
- Fui boxeador durante 15 anos. Apesar de ser grandão, tenho um coração mole e me emociono fácil a cada conquista. O boxe corre na veia - disparou, lembrando que a conquista de uma medalha é consequência de cada luta disputada.
Segundo ele, o boxe contou no atual ciclo olímpico com toda estrutura necessária para melhorar seu desempenho nos Jogos Rio 2016.
- Tivemos o apoio da Confederação, do Comitê Olímpico do Brasil e da Petrobras para chegar até aqui. Nos últimos meses disputamos importantes competições internacionais como o Mundial masculino, em outubro de 2015, em Doha, no Catar, e o Mundial Feminino, em maio, no Cazaquistão.
O caçula do grupo é o gaúcho Mateus Alves, de 34 anos, que chegou à Londres desgastado pelas críticas recebidas por ser jovem e natural de um estado com pouca tradição no boxe, mas que se firmou na equipe por seu trabalho.
- O Brasil hoje tem uma equipe respeitada internacionalmente. A nossa expectativa para os Jogos Olímpicos do Rio é muito boa. O boxe é um esporte em que o nível de concorrência é enorme - explicou.
Nos treinamentos, Mateus é o responsável por usar o bodyshot, espécie de colete, que "puxa" os golpes, simulando um possível adversário.
- Não há o confronto direto entre o treinador e o atleta. Isso não existe no alto rendimento", acrescentou Mateus, que toca saxofone e busca na família toda a sua firmeza emocional. "Nesses períodos longos de viagens, bate uma saudade enorme de casa - admite o treinador.
Na história dos Jogos Olímpicos, o boxe brasileiro já conquistou quatro medalhas: bronze com Servílio de Oliveira, no México, em 1968; bronze com Adriana Araújo e Yamagushi Falcão; e prata com Esquiva Falcão, todas as três últimas na edição de Londres, em 2012. Os nove pugilistas nacionais que disputarão os Jogos do Rio são Adriana Araújo (60kg), Andreia Bandeira (75kg), Patrick Lourenço (49kg), Julião Neto (52kg), Robenilson de Jesus (56kg), Robson Conceição (60kg), Joedison Teixeira (64kg), Michel Borges (81kg) e Juan Nogueira (91kg).
No dia 2 de agosto, o boxe entrará na Vila Olímpica. As disputas acontecerão de 6 a 21 de agosto, no Pavilhão 6 do Riocentro.