Em 15 anos de carreira, Renato jamais foi expulso

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Renato é um cavalheiro dos campos não só por usar a camisa por dentro do calção nos jogos e atuar de cabeça erguida. O volante se orgulha da marca de jamais ter sido suspenso em 15 anos de carreira, marca de respeito se levados em consideração a posição do jogador e o alto nível das competições que disputou. De ficha limpa, o volante contou seus segredos em entrevista exclusiva ao LANCENET!.

Como não apelar para a pancada em um futebol movido à força? O que para alguns marcadores caneleiros é um grande mistério, para Renato é algo normal. A naturalidade na resposta impressiona.

– Nunca fui suspenso por sempre tentar antecipar a jogada. Os meias pensam muito antes de dominar e consigo chegar antes. Viso a bola. Faço faltas táticas, isso ajuda a não ser punido – comentou.

Renato: 'A minha primeira camisa foi do Flamengo'


Em 11 partidas com a camisa do Botafogo, todas pelo Brasileiro, Renato tem estatísticas que comprovam sua disciplina. De acordo com o Footstats, dos volantes que entraram em 50% ou mais jogos de seus clubes na competição nacional, o camisa 8 do Glorioso é o nono menos faltoso em média e o segundo com menor número de cartões, com apenas um amarelo levado.

– Nunca reclamei de árbitro, só faço faltas de jogo. Isso é um diferencial importante, é algo que colabora para o time. Ficar fora por suspensão ou levar um vermelho prejudica o entrosamento da equipe. Converso com os juízes, tento ser amigo deles, sem gesticular muito. Assim não sou interpretado de maneira errada – disse Renato, que, aos 32 anos, olha para o passado e avalia o que lhe foi transmitido:

– Comecei aos 16 anos, no Guarani, como apoiador. Por isso, entendo a mecânica no meio. Já joguei competições nas quais precisava levar cinco amarelos para ficar suspenso, em vez de três. Quero que essa marca dure sempre.


ACORDO COM O BOTAFOGO EM UMA SEMANA

Tranquilo na Europa, Renato viu sua vida mudar da noite para o dia. Concentrado para uma partida do Sevilla, o volante recebeu uma ligação do seu procurador, Claudio Guadagno, falando que o Botafogo estava atrás de seu futebol.

Adaptado à cidade espanhola, o jogador teve uma longa conversa com a esposa e decidiram que iriam, enfim, retornar ao Brasil.

– Recebi uma ligação na sexta-feira, conversei com minha esposa e no sábado dei a resposta que poderia negociar. Até então não tinha nada certo, era só uma proposta que dependia do Sevilla, se ia concordar ou não com a minha saída. O Claudio (Guadagno) viajou para lá na terça-feira e na quinta-feira houve o acerto – disse, rechaçando qualquer outra proposta do Brasil:

– O Botafogo foi a única proposta concreta. Houve muita especulação do Santos, do Flamengo, do São Paulo, mas não foram oficiais. 

BATE-BOLA COM RENATO

Tem alguma marca expressiva sem ser a de nunca ser expulso?
Joguei todos os jogos do Santos em 2002, não recebi nenhum cartão e fiquei mais de um ano sem receber um amarelo. Mas também fazia falta. Na final contra o Corinthians, em 2002, por exemplo, a falta em que saiu o gol fui eu que fiz.

Pretende seguir essa linha?
Claro que não quero tomar cartões e isso vai ser bom pessoalmente para o time. Se tiver de fazer uma falta, eu vou fazer, mas procuro manter essa marca. Espero me manter assim, mas eu não deixo de dividir, de chegar mais forte.

Como faz para se manter sempre tranquilo em campo?
É difícil ficar calmo em um jogo, mas não pode sair do sério. Tem de ser o mais calmo possível e tem de aguentar essa pressão. Até porque para você virar um placar adverso, não pode estar nervoso.

Você se considera um dos chamados volantes modernos?

Tive de aprender a marcar. Não era minha especialidade no começo como meia. Tive dificuldades e aprendi a desarmar sem cometer faltas. Procuro sempre jogar bola. Se sou um jogador moderno, não sei, mas procuro ajudar taticamente no ataque e na defesa.

SANTOS 2002 X BOTAFOGO 2011


SANTOS-2002
Desacreditado - Antes do início do Campeonato Brasileiro de 2002, o Santos era visto como um forte candidato ao rebaixamento, por ter uma equipe formada só por garotos, entre eles Renato, Robinho, Diego, Alex & Cia.
Time pronto - Aos poucos, o Santos foi deixando para trás a desconfiança e mostrou que poderia ser um dos postulantes ao título brasileiro daquele ano.
Campeão Brasileiro - Após uma fase de classificação de altos e baixos, o Peixe atropelou os adversários na fase final do Brasileiro e tirou o Santos da fila.

BOTAFOGO-2011
Base em formação - Assim como o Peixe, o Botafogo entrou no Brasileiro deste ano como uma incógnita. Além de contar com um elenco em formação, o time contratou jovens desconhecidos, como Cortês e Elkeson, que estão sendo destaques da equipe.
Experiência - A grande diferença para o Santos de 2002 é o número de jogadores experientes que o Botafogo tem no elenco. Além de Renato, Loco Abreu e Herrera são jogadores rodados.
Postulante - Em quarto lugar, o Botafogo já é visto como candidato ao título.

VOLANTE DESTACA AMBIENTE NO BOTAFOGO

Campeão brasileiro com o Santos em 2002, Renato afirmou que fundamental para aquela conquista foi o ambiente do Peixe. Segundo o volante, essa é uma característica marcante para o atual Botafogo.

- O ambiente em 2002, com Robinho, Diego e outros, era maravilhoso. Aqui no Botafogo, temos muitos meninos da base, eles estão sabendo aproveitar as chances. Tanto lá, quanto aqui, é muito parecido. Esperamos levar esse ambiente até o fim da temporada. Com as vitórias, o clima fora de campo melhora cada vez mais - observou.

Para Renato, além do ambiente, a aposta na base é fundamental. Mais experiente do que em 2002, o volante procura aconselhar:

- Aqui existe uma mescla de experiência com garotos, como o Santos também teve esse cuidado na época. Hoje mais velho, eu procuro assessorar os mais jovens, até pela experiência que adquiri - disse.

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