Após a parada, Corinthians diminui ritmo no segundo tempo. Por quê?

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Cansaço? Soberba? Excesso de confiança no sistema defensivo? Estafa psicológica pela sequência de títulos? As possibilidades são muitas, mas é difícil saber ao certo a causa pela queda de rendimento do Corinthians na segunda parte dos jogos após a parada.

A realidade é que na maioria das nove partidas disputadas após a Copa das Confederações, a equipe de Tite não conseguiu manter no segundo tempo a intensidade demonstrada nos 45 primeiros minutos. O que se viu em Santos, talvez, tenha sido a maior amostra da situação.

No 1º tempo, o Corinthians fez o gol na Vila Belmiro, atuou com consistência tática e criou boas chances no contra-ataque. Na etapa final, a equipe foi pressionada, não conseguiu jogar, levou o empate e, só não perdeu o jogo, devido à incapacidade do adversário de balançar as redes.

– Não tivemos nosso padrão normal. A intensidade e a marcação do Santos por um lado nos impossibilitou. Teve também um pouco de preciosismo quando estávamos na frente do placar. O padrão esteve abaixo do normal, também pela mobilização que o Santos teve – afirmou.

– O nosso gol fez a gente abaixar a guarda. Parece que foi algo ruim para nós. Ao invés de se mobilizar, a equipe diminuiu a sua intensidade, agressividade e organização – completou Tite, colocando “culpa” pela queda de produção no gol marcado com apenas três minutos de jogo.

Mas o que ocorreu na Baixada não foi exceção, e sim, quase uma regra. Prova disso é o período em que os gols da equipe saíram após a Copa das Confederações. Ao todo, o Corinthians marcou 12 vezes, sendo nove nos primeiros 45 minutos e apenas três gols na etapa final – em relação aos gols tomados há equilíbrio, com dois em cada um dos períodos.

O treinador do Timão não enxerga um problema grave, apesar das críticas que fez na Vila. Para Tite, a intenção é de que na reta final do Brasileiro, a equipe esteja em bons estágios físico, técnico e psicológico para a disputa do título nacional.

A duvida que fica é se, com a chegada da Copa do Brasil, que será disputada no sistema de mata-mata, tão bem executado pelo Corinthians nos últimos anos, ainda terá como disputar o sexto título do Brasileiro.

POSSÍVEIS CAUSAS PARA A QUEDA NO SEGUNDO TEMPO

Cansaço
A equipe sentiu a parte física em alguns jogos. Os jogadores mais utilizados por Tite, que compõem o time titular, têm em média pouco mais de 27 anos. Na Vila, o cansaço pela viagem até Criciúma no fim de semana ficou bastante evidenciado.

Soberba
Contra São Paulo e Santos, que não viviam bons momentos, a equipe parece não ter acredito na força do adversário. Assim como ocorreu diante dos reservas do Atlético-MG.

Excesso de título
O Corinthians chegou ao topo no fim de dezembro do ano passado. Não há nada mais importante para uma equipe de futebol do que o título de campeão mundial. Antes, levantou troféus. Depois do Japão, idem. O que se deve fazer depois de alcançar o topo? Como motivar?

Modo de disputa
Libertadores, Mundial de Clubes, Paulista e Recopa. Quatro mata-matas e quatro títulos. Esse atual Corinthians parece fadado a lutar por títulos com esse sistema de disputa. Apesar do elenco forte, é possível tê-los bem em 38 rodadas?   

Bom sistema defensivo
O Corinthians ostenta a melhor defesa do Brasileirão, um repeteco do que acontece desde que caiu. Excesso de confiança no sistema?

ACADEMIA LANCE!

Artur Scarpato, psicólogo clínico

"Foi como Anderson Silva na última luta"

Na percepção do risco que ativa o estresse dentro do nível bom e motiva o jogador para o desafio. Se ele vê que não há risco, não há nível de estresse suficiente para colocar concentração, garra, esforço e dedicação. É como uma brincadeira. Contra o Santos, o time não entrou desafiado, achava que não havia risco de perder. Foi como Anderson Silva, que perdeu a luta (por Chris Weidman). Achou que ia ganhar, brincou e foi nocauteado. Não existe adversário pequeno. O último jogo teve dinâmica muito psicológica, de displicência e até arrogância. No futebol, paga-se um preço alto. É preciso manter a adrenalina.

BATE-BOLA

Tite, técnico do corinthians, em entrevista coletiva após o empate com o santos

‘Quero chegar nos jogos finais com o time pronto’

Guerrero saiu no intervalo contra o Santos. Ele mostra que a equipe pode ter perdido na parte física?
O Santos jogou na sexta-feira (contra o Barcelona) e se programou bem para o jogo. Fora o aspecto de mobilização, o time estava inteiro. Jogamos domingo, em Criciúma, tivemos um tempo menor de recuperação. O Guerrero sentiu no intervalo, estava sem a condição normal e pediu para sair do time.

Como vê a equipe hoje?
Em retomada. O Bruno (Mazziotti, fisioterapeuta) falou e vou pegar isso: “a gente pode apressar as etapas, mas não podemos pular as etapas.”. Quero chegar nas dez rodadas finais com o time pronto, como esteve no Campeonato Paulista, na Recopa e no jogo contra o Boca.

Dá para dizer que o time vai melhor em jogos de mata-mata do que em torneio de pontos corridos?
Não, fomos campeões brasileiros em 2011 com pontos corridos. De 38 rodadas, fizemos 30 na liderança. O Paulista também teve crescimento. Nossos melhores momentos na Libertadores foram contra Tijuana (MEX) e Boca Juniors (ARG). Nosso time cresce em momentos decisivos, mas quando se forma, cresce em momentos ruins também.

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