‘O brasileiro só acha bom quem é número 1’, afirma Thomaz Bellucci

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Sem vencer dois jogos seguidos no circuito da ATP desde junho do ano passado, Thomaz Bellucci vê no Aberto do Brasil uma oportunidade para deslanchar e readquirir a confiança perdida. No torneio que começa nesta segunda-feira, no Ibirapuera, em São Paulo, o paulista é um dos cabeças de chaves e deve estrear apenas na quarta-feira, contra o vencedor do duelo entre Ricardo Mello (100o-) e Pere Riba (89o-), que
se enfrentam hoje à noite.

Na última semana, enquanto fazia sua adaptação ao saibro coberto, o melhor brasileiro no ranking conversou com o LANCENET! por cerca
de 15 minutos e falou sobre o que espera para 2012, a má fase vivida e as críticas recebidas.

LANCENET!: Como está sua expectativa para esta temporada?

Thomaz Bellucci: Estou com técnico novo (o argentino Daniel Orsanic), estamos nos conhecendo. Estou tentando me adaptar o mais rapidamente possível à esta mudança para fazer uma boa temporada. Estamos apenas no começo.

LNET!: Você não teve um começo de ano muito bom, com apenas duas vitórias em cinco jogos. Vê no Aberto do Brasil uma boa oportunidade
para deslanchar em 2012?

T.B.: É uma oportunidade para dar uma arrancada legal, somar muitos pontos no ranking. Faz tempo que não tenho um resultado grande. Estou passando por uma fase difícil mas, dando o meu máximo, posso reverter essa situação.

LNET!: Você não vence dois jogos seguidos desde junho de 2011. Incomoda não ter uma sequência?

T.B.: Eu gostaria de estar ganhando muitos jogos seguidos. Mas jogador de tênis tem de lidar com isso. Às vezes, você não passa por uma
fase boa, falta confiança e ritmo. Não é fácil perder em uma segunda-feira e ter de passar uma semana inteira só treinando.

LNET!: Quando a fase é boa são vários os elogios, mas quando ela é ruim, são muitas as críticas. Isso mexe muito com a sua cabeça?

T.B.: As críticas são normais, acontecem sempre. Quanto melhor você é, mais vão te criticar. No Brasil, a maioria das pessoas não tem base
para criticar. Criticam sem saber o que acontece, sem conhecer o jogador. Mas tenho de saber lidar com isso, filtrar o que pode e o que não pode afetar o meu jogo.


LNET!: As pessoas são muito duras com você, intolerantes?

T.B.: Isso é normal no Brasil, acontece no futebol, no automobilismo. As pessoas sempre procuram um jeito de aparecer criticando.

LNET!: Você acha que os brasileiros esperam de você muito mais do que você é capaz de conseguir?

T.B.: O brasileiro, em geral, acha que só é bom quem é número 1, número 2. O tênis é dificil. No Brasil, nunca tivemos nenhum jogador de nível tão alto como o Guga, sempre tivemos jogadores médios. Quando aparece alguém como ele, as pessoas vão querer que surja outro que ganhe todos os torneios e, às vezes, não é posssível. Não é todo dia que surge um número 1, ainda mais no Brasil, que não tem uma grande estrutura. Procuro não pensar muito nestas coisas para não me afetar. Se o meu máximo for conseguir ganhar um jogo e eu fizer isso, fico feliz. Eu nunca entro em quadra para perder. Sempre quero ganhar, dar o meu máximo.

LNET!: No jogo que você perdeu para o Gael Monfils no Aberto da Austrália, o Jorge Lacerda (presidente da Confederação Brasileira de Tênis) escreveu no Twitter que o nível dos dois era parecido, mas você se perdia na parte mental. Você acha que realmente falta fortalecer a mente para ganhar jogos?

T.B.: O mental é uma parte que tenho trabalhado. Quanto melhor o jogador, melhor a parte mental. Por isso, estou com um acompanhamento
psicológico no circuito há algum tempo. Estou procurando entrar em quadra com uma mentalidade diferente, para não me frustrar quando não jogar bem. É um trabalho a longo prazo.

Nota da redação: Bellucci não falou o nome do psicólogo. Disse apenas se tratar de um amigo que o acompanha nos torneios.

L!: Por falar em dificuldades. É mais complicado para você jogar no Brasil, por causa dos compromissos com os patrocinadores e atenção à mídia?

T.B.: Faz parte do trabalho. Muitas vezes, nos torneios lá fora, você passa despercebido. Aqui, como brasileiro, tenho reconhecimento maior. Eu me sinto bem com isso, com o carinho das pessoas, todo mundo torcendo por mim.

LNET!: Há três anos, você chegou à final do Aberto do Brasil e foi vice. Faz muita falta para você não ter um título importante aqui?

T.B.: Tirando os Grand Slams, um título no Brasil seria o mais importante da minha carreira. É importante para mim ter uma imagem boa dentro do Brasil. O brasileiro precisa ter uma boa referência. Assim, um título daria uma esperança para as pessoas e aumentaria a minha confiança.

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