Cuidado com eles! Conheça as possíveis zebras na Copa do Brasil

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 A Copa do Brasil é uma competição famosa pelas zebras. Já teve Juventude, Santo André, Paulista de Jundiaí e Criciúma - à época, desconhecido -, como campeões da competição, desbancando times gigantes no cenário nacional, como Flamengo, Fluminense, Botafogo e Grêmio. Neste ano também há chances de surpresa. Salgueiro (PE), Luverdense (MT) e Nacional-AM estão entre as equipes que chegaram às oitavas de final, cujos confrontos serão sorteados nesta terça-feira, às 12h.

Com uma folha salarial reduzida e pouca visibilidade no país, os pequenos já aprontaram e querem ir além. O Nacional eliminou o Coritiba, atualmente terceiro lugar do Campeonato Brasileiro, goleando-o por 4 a 1 em Manaus, depois passou pela Ponte Preta, com vitória nas duas partidas. O Salgueiro também tirou dois times de Série A: Vitória e Criciúma, conquistando os resultados fora de casa. Já o Luverdense acabou com o sonho de dois gigantes do Nordeste: Bahia e Fortaleza.

- A Copa do Brasil é um torneio, não um campeonato a longo prazo. O segredo é jogar com o regulamento debaixo do braço. Contra o Bahia, aproveitamos o "desleixo" deles e ganhamos de 2 a 0, mas poderia ter sido mais. Contra o Fortaleza, time grande, sabíamos que tínhamos que segurá-los lá. Para o Luverdense é uma credibilidade e visibilidade muito grande. A autoestima e a confiança crescem - disse o técnico Júnior Rocha, que entrou para a história, ao ser o primeiro a classificar um time matogrossense à esta fase da competição.

O comandante, que atuou como jogador pelo clube, faz seu primeiro ano à beira do campo, como parte da comissão técnica, e garante que, apesar de suas ambições, não esperava um começo tão meteórico. Júnior se diz perfeccionista no fator tático, ressalta a qualidade do grupo e diz que dá para avançar na competição, elogiando o projeto do clube.

- O elenco está ciente de que dá pra ir em frente, mas com os pés no chão e humildade. Tenho uma identificação muito grande com o clube, que dá uma ótima estrutura para os atletas e funcionários. Temos mentalidade diferente de outros clubes no Brasil. Aqui se trabalha de médio a longo prazo - finalizou.

O Salgueiro é um time bastante novo no cenário futebolístico nacional. O clube do interior pernambucano só alcançou a profissionalização do esporte em 2005. Em 2010, chegaram à marca mais importante de sua breve história: o acesso para a Série B do Campeonato Brasileiro. No entanto, os anos seguintes foram marcados por rebaixamentos, que deixaram o Carcará do Sertão na Quarta Divisão, onde está até hoje.

Quem comanda a equipe é o irmão de Péricles Chamusca - campeão da Copa do Brasil com o Santo André, em 2004 -, Marcelo. Existe o sonho de se igualar ao parente e repetir o feito de outro clube pernambucano, o Sport, vencedor em 2008. Porém, há muitas dificuldades.

- O investimento de um clube na Série D é muito baixo, por conta das cotas da televisão.  Após o estadual, precisamos reduzir 50% do salário dos jogadores para poder mantê-los. Somos um clube, em questão de investimento e estrutura, muito inferior aos adversários, então nossa preparação para os jogos é mais que redobrada. Vamos tentar fazer o nosso melhor - falou Marcelo Chamusca.

O Nacional-AM é o último representante do Norte no torneio. As conquistas motivaram os amazonenses, e os resultados positivos contra grandes times, em Manaus, empolgam. Mas Mário Cortêz, presidente do clube, deixa bem claro os objetivos na temporada.

- Os jogadores e a torcida estão empolgados com a campanha. A gente sabe a dificuldade e importância da Copa do Brasil. Porém, a nossa prioridade está na Série D - disse o cartola.

Se os três times vão alcançar o sucesso na Copa do Brasil, só o tempo dirá, mas só o fato de terem chegado tão longe no torneio, já garantiu visibilidade ímpar em suas histórias.

BATE-BOLA

Marcelo Chamusca, treinador do Salgueiro (PE), com exclusividade ao LANCE!Net.  

Quais são as suas complicações no comando do clube? Como enfrentar adversários de divisões superiores?

O investimento na Série D é muito baixo, por conta das cotas da televisão. Após o Estadual, precisamos reduzir 50% do salário dos jogadores para manter os jogadores. O clube é muito novo, em questão de investimento e estrutura, muito inferior aos adversários, então nossa preparação para os jogos é mais que redobrada. Formamos uma defesa muito compacta, um time competitivo. Jogando com clubes de Série A, tomamos poucos gols. Não dá para jogar de igual para igual, tem que se fechar.

A sua equipe surpreendeu na competição, eliminou um time que já foi campeão (Criciúma), qual é o sentimento? Dá para aprontar mais?

Acho que há a possibilidade de ir além. Nosso objetivo na temporada é voltar à Série C. Estamos bem encaminhados. Na Copa do Brasil, era pra fazer o nosso melhor, e onde chegasse estaria bom, pois sabemos o nível dos adversários. Mas agora que chegamos, estamos jogando bem, principalmente fora de casa, e com confiança, podemos buscar coisas maiores na competição. Eu nunca perco a esperança. Na série D, tomei um gol aos 47 e empatei aos 48. Contra o Criciúma, botei o time pra frente e fui recompensado.

Com os times que estavam na Libertadores entrando agora, a situação complica?

Vai ficar muito díficil. O torneio está afunilando, com clubes que investiram muito, mas temos que acreditar, independente do adversário. O Vitória hoje está muito bem no Brasileiro e nós ganhamos deles.

Você troca informações com seu irmão, Péricles Chamusca?

Meu irmão já foi campeão da competição com o Santo André. Temos uma relação excelente, sou treinador por conta dele. Trabalhei como auxiliar dele por muitos anos. Aprendemos bastante juntos.

A classificação às oitavas foi o momento mais importante que você teve como técnico?

Acho que como treinador foi o momento mais importante da minha carreira. Até por todas as estatísticas estarem contra a gente. A classificação contra o Vitória foi marcante também, por se tratar da minha terra natal, e minha família é toda tricolor, torcem para o Bahia.

VEJA OUTROS TIMES QUE JÁ SURPREENDERAM NA COPA DO BRASIL

1989
O Goiás passou pelo Internacional e Atlético-MG, chegando à semifinal, fase na qual foi eliminado pelo Sport, que também surpreendeu ao ser vice-campeão.

1990
Goiás e Criciúma, que fizeram uma das semifinais, foram as "zebras" daquele ano. O Esmeraldino perdeu a final para o Flamengo.

1991
O Remo (PA) foi a surpresa da edição. Foi eliminado na semi pelo Criciúma. O Tigre foi ainda mais longe, sendo campeão em cima do Grêmio.

1994
A sensação foi o desconhecido Linhares (ES). O time eliminou o Fluminense na primeira fase. Depois, passou por São José-AP e Comercial-MG, sendo eliminado pelo também surpreendente Ceará. O Vozão deixou para trás Palmeiras e Internacional, mas perdeu a final para o Grêmio.

1999 

O Juventude chamou a atenção naquele ano. O clube da serra gaúcha eliminou o Fluminense, o Corinthians, o Internacional e foi campeão em cima do Botafogo, diante de 100 mil pessoas no Maracanã.

2001
Sem nenhum time grande no seu caminho, a Ponte Preta foi avançando de fase tranquilamente até pegar o Corinthians na semifinal. Acabou eliminada com duas derrotas para o Timão.

2002
Foi a vez do Brasiliense aparecer para o país. O time de Brasília chegou até a final, tendo eliminado Fluminense e Atlético-MG durante sua trajetória. Na decisão, perdeu para o Corinthians.

2004
O Santo André foi a surpresa. Depois de eliminar Atlético-MG e Palmeiras, o time não se intimidou com o Maracanã lotado pela torcida do Flamengo. Venceu o jogo e o campeonato.

2005 
A vida do Paulista de Jundiaí foi um pouco mais complicada. O time precisou eliminar três grandes - Botafogo, Internacional e Cruzeiro -, antes de ser campeão diante do Fluminense.

2006
O Ipatinga não chegou tão longe, mas conseguiu bastante fama. Foi semifinalista e acabou eliminado pelo Flamengo. O técnico era Ney Franco, que acabou vendido para o Rubro-Negro e ganhou o torneio naquele ano.

2007
O Figueirense, depois de eliminar o Botafogo na semifinal, foi vice-campeão diante do Fluminense.

2008
O Sport foi o campeão em uma campanha marcada pela força do time na Ilha do Retiro. Eliminou o Palmeiras, o Internacional e o Vasco, e ganhou o campeonato contra o Corinthians.

2010
Vitória e Atlético-GO foram as surpresas. Se enfrentaram na semifinal e o Leão levou a melhor. Na final, porém, perdeu para o Santos.

2011 e 2012
Nas duas edições o Coritiba chegou com autoridade à final, mas acabou sendo vice-campeão duas vezes no Couto Pereira. Na primeira, perdeu para o Vasco. No ano seguinte, para o Palmeiras.

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