Eleito melhor jogador do Brasileirão do ano passado, Conca está longe de ser astro na Argentina. A passagem sem brilho pelo futebol do país onde nasceu não permite ao meia do Fluminense ter o reconhecimento a que está acostumado no Brasil. No entanto, a situação é distinta no pequeno bairro de Don Torcuato, em Tigre, cidade próxima à capital Buenos Aires. Lá, o jogador tem status de ídolo – só que mais pelo que fez fora de campo quando viveu lá.
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Nesta terça-feira, Conca voltará à cidade para ser homenageado pelo Fluminense. Quarta, na decisão contra o Argentinos Juniors, pela Copa Santander Libertadores, completará 200 jogos com pelo Tricolor. O meia já vê o clube como uma casa, que aprendeu a amar. Mas o lar original não sai do peito.
Conca nasceu em Tigre, onde morou até se transferir para a Universidad Católica (CHI), em 2004. Lá, teve a maior parte de sua formação como jogador. Durante a infância, desfilou em três campos. O primeiro, na Escola 23, onde estudava. A quadra de ladrilhos, responsável por muitos machucados, abrigava o Deportivo 23.
– Machucava, mas nos acostumamos. Valia tudo pelo futebol – conta Felix Espíndola, amigo de infância de Conca e, segundo ele mesmo, "um grande zagueiro" quando garoto.
A trupe de Conca passou a jogar pelo San Cayetano, em campo de terra batida ao lado da igreja do bairro. O meia foi campeão do torneio local por cinco anos seguidos.
A bola também rolava no quintal de casa. Em meio à simplicidade, o futebol ajudava a levar ainda mais alegria à querida família do jogador.
– Darío é famoso e querido. De vez em quando, vem aqui. Sua mãe e os irmãos é que estão sempre por aqui. São gente boa, todos gostam deles – diz o vizinho Rubén Polette.
Um passeio pelas ruas de Don Torcuato mostra que não é fácil se desvincular ao bairro. Casas humildes dividem espaço com outras grandes e modernas, como se seus moradores não quisessem se mudar, mesmo diante da possibilidade de viverem mais próximos do centro de Tigre, distante 30 minutos dali.
A família Conca comprova a teoria. Eles ainda têm a antiga casa. Em obras, hoje abriga o irmão mais velho, Jorge, com a esposa e o filho. A mãe e o outro irmão, Daniel, vivem em local maior, dado por Darío.
– Temos tudo do que precisamos aqui. Gostamos demais, não temos motivo para sair – afirma Jorge.
Sinuca e apostas nas visitas
A impressão comum em Don Torcuato é de que, hoje, Conca segue o mesmo garoto alegre e brincalhão que saiu de lá. Quando volta ao bairro, o meia reencontra os amigos para os mesmos programas do passado: partidas de totó ou sinuca, sempre com alguma aposta incluída, como refrigerantes e pizza.
– Para a sinuca, ele precisa de um banquinho, né? Mas ele joga bem, sim – brinca o amigo Felix, lembrando a baixa estatura de Darío (1,67m).
Quando não pode viajar a Tigre, Conca chama os amigos e a família para o Rio de Janeiro. Em dezembro, um grupo assistiu à conquista do título nacional e ficou para as festas de fim de ano.
– Darío não mudou nada desde que saiu daqui. Na festa do título, estávamos sentados eu, Jorge e Darío. Daí veio o Deco e se sentou conosco. Conversou e comeu, brincou com todos. Nem acreditei – conta Felix, de sorriso aberto.
Os amigos de Don Torcuato retribuirão na quarta o carinho que recebem de Conca. Cerca de 40 pessoas alugaram uma van e conseguiram alguns carros para ir até Buenos Aires e acompanhar a decisiva partida da Libertadores contra o Argentinos Juniors.
Projeto de marketing
O evento do qual Conca participará nesta terça faz parte do projeto Tricolor em Toda a Terra, que teve início há duas semanas, em Montevidéu. Na capital uruguaia, antes da partida contra o Nacional (URU), o clube homenageou a torcida Fluruguay, existente há 20 anos e que reúne uru- guaios de diversas partes do país que torcem para o Fluminense. Cerca de 70 fãs participaram da festa.
Assim como aconteceu em Montevidéu, o evento de hoje terá distribuição de kits do projeto, com direito a camisas personalizadas. A homenagem, marcada para o início da tarde, na Escola 23, contará com a presença de amigos e familiares de Conca, além de alunos do colégio.
O Fluminense avaliou como "muito positiva" a primeira edição do Tricolor em Toda a Terra. Apesar de, em um primeiro momento, ter iniciado só com eventos no exterior, o projeto também prevê ações similares dentro do país. Inclusive, elas já acontecerão em algumas cidades durante o Brasileirão deste ano.