Fúria Roja: espelho do Brasil-1982

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Toque e posse de bola, muita movimentação, inteligência, tabelas e infiltrações. Para os mais novos, uma análise da seleção espanhola que disputa hoje a final da Copa das Confederações. Mas, para a geração um pouco mais velha, tudo encaixa-se perfeitamente no famoso Brasil de 1982, comandado por Zico, mas que não levou o título da Copa do Mundo.

Não é por acaso. Ex-técnico do Barcelona (base da seleção), Pep Guardiola já assumiu que se inspira nos antigos esquadrões brazucas. Isso ainda se confundiu com o modelo instaurado por Luís Aragonés, seguido por Vicente del Bosque.

– A principal virtude é o sentido coletivo. Como o mestre Telê dizia: com o conjunto, a individualidade aparecia – explica Júnior, lateral-esquerdo daquele Brasil e comentarista da TV Globo, ao LANCE!Net:

– Na Espanha, ninguém quer ser a estrela. Lá era assim, Falcão, Zico, Cerezo e outros apareciam naturalmente. Uma grande semelhança.

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Citado por Júnior, Falcão faz questão de colocar cada seleção em sua época e diz que há diferenças que devem ser ressaltadas.

– São 30 anos, o futebol é outro. Mas a Espanha recuperou o jogo bonito, do toque com objetividade.

Bola valorizada
Falar do futebol da seleção espanhola e não lembrar logo da grande posse de bola é quase impossível. Júnior recorda que Telê Santana sempre fez questão de valorizar muito esse atributo, além de marcar o adversário ainda em seu campo.

– É importante não entregar a bola, marcar sobre pressão. "Enquanto a bola estiver nos nossos pés, não tem perigo" era a regra – lembra o 'Capacete', ressaltando que a calma da Espanha e a "falta de vergonha" em recomeçar o jogo de trás são essenciais para o sucesso da Fúria.

Bate-Bola
Paulo Roberto Falcão
Volante da Seleção de 1982, ao LANCE!Net

Qual é a grande semelhança?
O toque de bola. A Espanha segura muito a bola. Às vezes parece uma equipe lenta, mas isso é estratégico. Eles esperam o momento certo de dar o passe. De repente, alguém aparece na cara do gol.

E a grande diferença?
O Brasil de 1982 chegava mais rápido ao gol. Mas isso é mais por características dos jogadores. Xavi e Iniesta são de tocar a bola. Iniesta um pouco mais agudo, até pelo posicionamento em campo. A gente era mais rápido um pouco, também pelas características. Mas, quando eles precisam acelerar, também fazem isso muito bem.

A atual Seleção Brasileira poderia praticar um futebol parecido?
Não sei, não sei... A Espanha joga assim há muito tempo, tem a base do Barcelona: Xavi, Iniesta, Busquets, Pedro, Fàbregas, Alba, Piqué... Mais jogadores do Real, e são times de qualidade, que formam uma seleção de qualidade. Isso tudo ajuda no entendimento.

Com a palavra
Carlos A. Vieira
Editor e colunista do L!
Estas são duas seleções fantásticas
Seleção Brasileira de 1982 foi primorosa, a melhor que eu vi. Encantou, tal e qual a Holanda-74. Mas teve curta duração (81/82) e não ganhou nada. A atual geração espanhola levou o país que era um amarelão do futebol ao topo. Essas duas gerações estão na história. Mas vencer títulos faz diferença.

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