Juventude comemora 100 anos em busca de uma nova era

Escrito por

"És um clube de muitas vitórias, que a cidade no orgulho deixou". No contexto dos versos de seu hino, o Juventude chegou aos 100 anos de fundação, neste sábado. Do topo do Brasil a revelador de atletas, o Alviverde recebeu uma homenagem da Câmara dos Vereadores, e a torcida teve momentos nostálgicos da equipe, como o amistoso contra o Nacional-URU, com a presença dos ídolos eternos Cafu e Lauro.  

O empate em 0 a 0 do Alviverde da Serra com o Botafogo, na decisão da Copa do Brasil de 1999, foi exibido no cinema, na última quinta-feira (exatos 14 anos depois da conquista). O "Zero Mais Gostoso de Todos os Tempos" foi saboroso para Picoli.

– Além da pressão do jogo e da torcida, eu marcava um craque como Bebeto – disse o ex-zagueiro.

O título coroou aquela que é considerada a melhor época do Juventude – a "Era Parmalat". Em parceria com a multinacional, o clube firmou-se na década de 1990 (leia mais detalhes abaixo).

No entanto, a história tem seus tropeços. Aos poucos, o Juventude foi amargando uma sucessão de descensos, até chegar à Série D. Mesmo não tendo mais uma grande empresa para auxiliar, o presidente Raimundo Demore comemora os 100 anos do clube vislumbrando um futuro de reconstrução.

– Trabalhamos para ter um retorno mais rápido, com equipes categorizadas. E, aos poucos, montamos times de acordo com o que precisamos – declarou, ao L!Net.

JUVENTUDE, DOS PINHEIROS AO JACONI

Os primeiros anos
Fundado em 29 de junho de 1913 por 35 caxienses, adquire a Quinta dos Pinheiros seis anos depois. Em 1975, inaugura o Estádio Alfredo Jaconi.

Vice-campeão gaúcho
Em 1965, chega a bater o Inter por 2 a 1 na ida, mas perde o título.

Série B de 1994
Um ano após o acordo com a Parmalat, forma um time com nomes como Lauro, Galeano e Itaqui, e sobe à elite, ao vencer o Goiás por 2 a 1

1998 – Fim de hegemonia
Quebra um tabu de 44 anos do revezamento de títulos dupla Gre-Nal no Gauchão, ao superar o Colorado – 3 a 1 no Jaconi e 0 a 0 no Beira-Rio.

1999 – Copa do Brasil
Após despachar times como Fluminense, Corinthians e Internacional, o Juventude cala o Maracanã lotado de botafoguenses, ao segurar um 0 a 0 após vencer a ida por 2 a 1. Nomes como Picoli, Lauro, Mário Tilico e Wallace se consagram de vez.

2000 – Primeira Liberta
Goleia por 4 a 0 o The Strongest (BOL) e bate El Nacional (EQU) por 1 a 0 no Jaconi. Mas o 2 a 2 com o Verdão e três derrotas fora eliminam o time.

Descensos
O calvário começa em 2007, ao sair da elite. Após dois anos na Série B, em 2009 desce novamente. No ano seguinte, tem apenas uma vitória em oito jogos, e é rebaixado para a Série D.

Fábrica de talentos
O Juventude se orgulha de ter revelado nomes como os zagueiros Dante e Thiago Silva, da Seleção Brasileira.

BATE-BOLA

Raimundo Demore
PRESIDENTE DO CLUBE

Quais lembranças você tem de arquibancada do Juventude?
Sou torcedor há 62 anos, saía da aula para o jogo. Lembro com muito carinho do time vice-campeão gaúcho de 1965. Depois, já estava no clube e vi o time vencer o Gaúcho, a Copa do Brasil.

E como é chegar à presidência do time de coração nesta situação?
O Juventude tem dificuldades imensas. Foi um início difícil, mas buscaremos ter recursos maiores.

Acredita que possa ter de novo uma equipe como a Era Parmalat?
É complicado dizer, nós hoje não temos cota de TV. Estamos lutando de acordo com a busca para uma Série C. Depois, vamos adequando.

E o que dizer ao torcedor para ficar otimista na festa dos 100 anos?
Primeiro, 100 anos são 100 anos, independentemente de como estivermos. E temos de nos orgulhar de o Juventude ser o 11° clube em formação de jogadores. Somos categoria A na CBF. Vendemos nossos jogadores de base e lucramos para formar nossas equipes.

Bate-Bola

Lauro
VOLANTE DO JUVENTUDE ENTRE 1993 E 1998, E ENTRE 2004 E 2010

Ao rever a final do Maracanã, o que passa pela sua cabeça?
É bom reviver aquilo tudo do Maracanã. Foi tudo tão tenso, com tanta concentração, que o momento mais marcante para mim foi mesmo o apito final. Agora é hora de ver o Emerson seguro, o Sandro, o Mabília jogando bem...

A que você atribui a ascensão daquela época da equipe?
O Juventude passou por um planejamento, capaz de chegar a ter uma equipe de qualidade naquele momento. Vieram bons jogadores, e tínhamos uma ótima estrutura.

E para ter pegado o outro caminho?
Acho que uma série de erros, que agora levam o Juventude a se reconstruir de uma forma difícil. Não acredito em acessos meteóricos. Tem de ser um passo de cada vez.

E qual seu desejo para o futuro do Juventude?
Olha, eu tenho um filho de oito anos. Espero que daqui a dez anos ele queira jogar no Juventude. E o clube tenha condições financeiras para manter boas equipes.

 

 

Siga o Lance! no Google News