No Mundial, judô brasileiro coloca à prova sua evolução

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O Brasil já é ou pode se tornar o país do judô? Passar o futebol é considerado impossível por quem vive o dia a dia do esporte mas, diante dos resultados obtidos nos últimos anos, a modalidade dá demonstrações de que pode ser uma potência para o Brasil. A partir das 10h (de Brasília) desta segunda-feira, no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, os judocas brasileiros vão colocar à prova essa clara evolução.

– O judô tem tradição no Brasil. Conquistamos medalhas nas últimas oito Olimpíadas. Nos principais evento multidesportivos, o judô tem conquistado mais medalhas para o país. Estamos entre as potências da modalidade – disse Luciano Corrêa, campeão mundial no Rio, em 2007.

Se o Brasil viveu um período obscuro quando a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) ficou sob o comando da família Mamede, atualmente a história é totalmente o contrário. Com sete patrocinadores, a entidade investe em categorias de base, viagens para treinos e competições internacionais, ciência do esporte, entre outras áreas.

Somente em 2013 o judô deve receber R$ 3,5 milhões via Lei Agnelo-Piva. É a maior verba repassada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Empatada com atletismo, desportos aquáticos, vela e vôlei.

– A confederação tem feito um excelente trabalho, estamos progredindo e no caminho certo. Mas acho que ainda falta massificar um pouco como é feito em alguns países para sermos o segundo ou o terceiro esporte do Brasil. Passar o futebol é impossível – afirmou o judoca Eduardo Santos, substituto do lesionado Tiago Camilo na categoria médio.

Segundo dados da CBJ, o judô é praticado no Brasil por cerca de 2,5 milhões de pessoas nos 26 estados da federação e no Distrito Federal. Para a campeã olímpica Sarah Menezes esse número poderia aumentar bem mais se tivesse tatames nos bairros como se tem campos de futebol.

Em termos de resultado, desde 2005 barreiras têm sido quebradas: o primeiro ouro em Mundiais com João Derly; um ótimo desempenho no Mundial de 2007; a primeira medalha olímpica do judô feminino com Ketleyn Quadros. O primeiro ouro olímpico feminino com Sarah.

– A evolução do judô feminino foi fantástica – disse o judoca Rafael Silva, líder do ranking no pesado.

 

FRASES:

“Das modalidades olímpicas, o judô vem como carro-chefe do Brasil nos Jogos Rio-2016”, disse Rafael Silva, judoca da categoria pesado

“O Brasil está sempre muito bem em termos de resultados. Estamos no caminho certo”, disse Maria Portela, judoca da categoria médio

“Não vamos passar o futebol, mas precisamos divulgar mais”, disse Victor Penalber, judoca da categoria meio-médio


COM A PALAVRA:

João Derly
Ex-judoca, único brasileiro bicampeão mundial na modalidade

Dá para dizer que o Brasil já o país do judô. O número de praticantes é muito grande. Os resultados são excelentes. O judô é hoje um dos principais esportes no país, seja pelas conquistas, seja pelos investimentos.

Atualmente, a confederação tem uma condição bem melhor. No meu início de carreira, eu tinha que pagar as viagens. Hoje, tem equipes juvenil, júnior viajando. Os judocas são remunerados. A tranquilidade é maior para se treinar e focar apenas em competir.

Com essa evolução nos investimentos, podemos cobrar os resultados. E eles têm aparecido.

No Mundial do Rio, temos uma grande possibilidade de superar a marca da edição de 2007, também aqui na cidade, quando conquistamos três ouros e um bronze. Não é uma missão fácil, mas temos totais condições de conseguir isso.

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