Primeira brasileira a carregar a tocha olímpica quer repetir feito no Rio

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Dá para dizer que o simples fato de carregar um símbolo marcante como a tocha olímpica tornou Lara Leite de Castro, hoje aos 42 anos, uma estrela do Brasil em Olimpíadas. Em 1992, aos 20, a carioca venceu um concurso de redação promovido pela Coca-Cola, patrocinadora do revezamento na época e também agora nos Jogos Rio-2016, e se tornou a primeira brasileira a participar da tradicional cerimônia que antecede o grande evento, em Barcelona (ESP).

A seleção reuniu somente estudantes de Educação Física, de 56 universidades do Brasil. Na época, os candidatos tiveram que discorrer sobre o tema “Ideal Olímpico”. Ela ainda cursava o primeiro ano na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) quando a mãe a incentivou a tentar. Afinal, Lara tinha gosto por escrita e esporte.

– Eu não criava muitas expectativas, porque pensava “é muita gente concorrendo, nunca vou conseguir”. Mas minha mãe, Tarma, me convenceu. Estava na faculdade na hora que o resultado saiu. Fiquei sabendo quando cheguei em casa, por ela. Fiquei nervosa, nem acreditei – disse Lara, ao LANCE!.

Mãe de três filhos, ela garante que o esporte é parte de sua rotina, ainda que tenha deixado o trabalho com educação física há dois anos. Faz musculação e enxerga no evento uma chance de integrar as pessoas. Temas como igualdade, espírito de equipe e a busca por um “mundo saudável” foram alguns dos abordados por ela na redação.

Hoje, Lara é professora de inglês e mora em São Lourenço (MG). Mudou-se por causa do ex-marido e, mesmo após a separação, permaneceu no Sul de Minas. O desejo de voltar ao Rio para reviver o sonho de carregar a tocha é grande, mas a carioca ainda não sabe se participará da cerimônia no ano que vem. Vontade e lembranças não faltam.

– Na época, nem e-mail a gente tinha. Era tudo por carta! Se eu for chamada em 2016, vou adorar – lembrou Lara, que percorreu cerca de um quilômetro de uma estrada de Sevilha ao lado de um espanhol.

Seleção está perto do início

O processo de seleção dos 10 mil participantes que irão conduzir a tocha dos Jogos Rio-2016 será conhecido em julho, após o anúncio da rota completa do revezamento pelo Comitê Rio-2016, previsto para o dia 3.

A escolha será feita pelas patrocinadoras da corrida – Coca-Cola, Nissan e Bradesco – além do próprio Comitê. O objeto, que deverá percorrer 20 mil quilômetros durante 100 dias, a partir de maio do ano que vem, passará por 250 cidades do Brasil. Todas as capitais estão na rota.

As empresas lançarão suas próprias campanhas, o que pode incluir tanto a indicação de clientes e nomes ligados às marcas quanto concursos, como o que levou Lara Leite a Barcelona, em 1992.

BATE-BOLA

Lara Leite
Professora de inglês, ao L!

‘Tinha que dar passos largos para acompanhar o meu companheiro’

LANCE!: Como foi a experiência de conduzir a tocha? Chegou a conhecer o seu companheiro de revezamento antes, conversou com ele?
Lara Leite: Foi tudo um pouco corrido. O resultado do concurco saiu praticamente um mês antes do início da Olimpíada. Conheci meu parceiro na hora, um espanhol. Todos os corredores estrangeiros eram acompanhados por espanhóis. Ele era enorme, tinha mais de 1,90m (Lara tem 1,58m), dava passos largos, e eu tinha que dar passos largos para conseguir acompanhá-lo (risos).

L!: Por que você acha que a sua redação foi escolhida?
L.L: Acho que ganhei porque consegui transmitir emoção com minhas palavras. Foi um texto bastante profundo, em que eu falo de igualdade entre as pessoas, sobre a união dos povos através do esporte. Tem tudo a ver com o espírito das Olimpíadas.

L!: Os Jogos hoje têm a sustentabilidade como uma marca, e você escreveu sobre um “mundo saudável”. Acha que verá isso no Rio?
L.L: A preocupação com o meio ambiente e com a igualdade entre as pessoas está presente.Acredito que será um diferencial. É uma oportunidade única. Foi emocionante na Espanha, mas tenho certeza de que aqui será mais. O povo brasileiro é muito receptivo.

L! Você fez outra faculdade? Tinha o gosto por escrever quando resolveu participar do concurso?
L.L: Digo que a única coisa que sei fazer na vida é dar aula, porque fiz duas licenciaturas, em Educação Física e Letras. Jornalismo eu comecei, mas fiz só os dois primeiros períodos. Mas sempre gostei de escrever.


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