Dia 27/10/2015
18:25
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Quem vê o piloto Renato Martins acelerando seu bruto da Fórmula Truck não imagina os perrengues que já passou na vida. 16 anos atrás de uma boleia e enfrentando todos os tipos de estrada Brasil afora, sem dinheiro para nada, passou muito sufoco na vida. Quando mais novo, comprava caminhão, mas não conseguia arcar coma dívida, passou horas e mais horas dirigindo um taxi na capital paulista e até mesmo como frentista de posto de gasolina ele já trabalhou. Vida dura e muita ralação, mas o piloto da RM Volkswagen passou por cima de tudo, e o bicampeonato da categoria é a prova disso.

Renato sempre foi um dos pilotos mais respeitados do paddock. Começou sua vida de corridas na própria Truck a convite de Aurélio Félix (fundador da categoria), que namorava montar um campeonato de caminhões já em 1995.

Em 1994 fez uma corrida-apresentação em Interlagos, mas a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) vetou a ideia de um torneio para o ano seguinte. O campeonato só seria instituído de fato em 1996 e Renato se sagrou o primeiro campeão da categoria.

- Em 96 homologou e eu fui o primeiro campeão brasileiro. No primeiro autódromo que a gente chegou, lotou de gente! Aí eu falei: 'Ah, é porque é caminhão. Novidade'. Na segunda corrida foi a mesma coisa, na terceira também, e eu estou há 17 anos na categoria e ainda continua a mesma cosa – disse abrindo um sorriso.

Além de piloto e dono do time, Renato é casado com sua companheira de equipe, a paranaense Débora Rodrigues. – Tem hora que dás umas 'brigaiadas violentas', mas é na brincadeira, ela é uma grande piloto – disse Renato. E para Débora, o respeito é mutuo.

- O Renato piloto para mim é um ídolo. É um cara muito experiente e é uma coisa que eu admiro muito. Assim como eu, ele não veio de outras categorias, como o kart, por exemplo. Aprendeu na raça, aprendeu na Truck. Uma característica muito engraçada é que, mesmo com o carro ruim, sem amortecedor, com roda torta, ele consegue 'virar' do mesmo jeito. O cara guia muito, pilota muito. É um exemplo a ser seguido por todos. Como marido, é a tampa e a panela. A gente se respeita muito, gostamos das mesmas coisas. Nós acrescentamos muito um na vida do outro – confessou a esposa Débora Rodrigues.

Simpático, de fato pude comprovar que Renato Martins chegou onde chegou por muita competência. Do chão ao céu, do zero ao mil, o jovem senhor tem muito chão pela frente.

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Bate-bola com Renato Martins

Qual é a diferença entre um caminhão de estrada e um caminhão de pista?
Em um caminhão de rua, quando você encara uma descida, você não pode descer 'fritando' o pneu, porque chega lá em baixo com lona de freio pegando fogo. Lá você tá sempre evitando uma batida, tem que ter responsabilidade. Aqui você é o contrário, busca-se o acidente, pois você quer andar o mais rápido possível. É totalmente diferente: da água para o vinho.

Contaremos com o Renato Martins ainda muito tempo na categoria?
Estava até falando isso com o Djalma Fogaça. Estou com 52 anos e fui o terceiro colocado no [terceiro] treino livre. 'Então você vai demorar para sair, não é Renato?' Quando eu não subir mais no pódio eu aposento.

Como está o caminhão para a corrida?
Eu tô com um caminhão que nós não conseguimos acertar bem a suspensão, mas quando a gente acertar estamos no pódio, mas a pole eu não pego. Essa daí é do Felipe [Giaffone, piloto da equipe]. Eu não consigo virar o que ele virou [Felipe, na mesma sala, abre um sorriso]. Agora, se chover... Eu vou rezar a noite inteira para não chover, nosso carro não está regulado para chuva. A suspensão é nova e não treinamos com ela em uma pista assim.

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