Tri da Libertadores passou por altitude e atitude, de Leão a Paulo Autuori

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La Paz, a capital da Bolívia, sempre assombrou os brasileiros. Com o São Paulo, a história era diferente. O, clube que tanto se orgulha de suas vanguardas, assegura ter sido também o primeiro a saber encarar com autoridade a altitude de 3,7 mil metros. E há certa razão nisso. Afinal, foi com (a falta de) o fôlego do estádio Hernando Siles que o Tricolor iniciou a caminhada pelo tri da Copa Libertadores da América em 2005.

– Todos falavam que era perigoso, que poderia atrapalhar, mas conseguimos superar tudo. Era sempre a história do medo da altitude, mas aprendemos a dominar isso pelo pioneirismo na fisiologia. Você não pode dificuldtar a fase de grupos, então tinha que empatar. Foi difícil, mas respiramos – lembra Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol tricolor na época, dez anos após a estreia no torneio.

Naquela noite, o cartola esteve bem próximo de Emerson Leão, o treinador, quando os bolivianos viraram para 3 a 1 um jogo que parecia controlado após o golaço de Danilo no primeiro tempo. Era preciso lutar muito para não iniciar a Copa Libertadores da América da mesma forma como a edição de 2004 havia terminado: com uma derrota - 2 a 1 para o Once Caldas (COL) na semifinal.

– A situação estava desagradável, mas conseguimos recuperar o potencial. Alguns jogadores reagiram maravilhosamente bem e o título foi conquistado mesmo com a desconfiança. Fomos vencendo, vencendo, vencendo pelo mérito, ninguém esperava. Não dá para esquecer que era La Paz, altitude... Mas o time ali já começou a ter um entrosamento pelo olhar – comemora, ainda, Leão.

O treinador pouco se recorda da estreia heroica nos 3 a 3 conquistados aos 42 minutos do segundo tempo. Admite a falha nos detalhes da memória com bom humor, mas mantém seu orgulho vivo dez anos após o tricampeonato. E mesmo sem ter erguido a taça ao lado dos jogadores. Afinal, já no encerramento da fase de grupos, novamente contra o Strongest, era Paulo Autuori quem estava no banco de reservas.


Mineiro disputa bola na estreia da Libertadores de 2005 (Foto: AFP)


– Essa Libertadores foi maravilhosa, porque não foi uma grande equipe que já estava preparada para ser campeã. Ela se formou aos poucos. E eu tinha a certeza de que, mesmo saindo para o Japão naquele momento, o título era certo, as vitórias eram favas contadas. O time amadureceu na hora certa – recorda Leão.

A teoria do ex-técnico tem seus defensores, mesmo entre os fãs incondicionais do trabalho que Autuori implantaria no São Paulo. A estreia fora no Campeonato Brasileiro com sonoros 5 a 1 sobre o rival Corinthians, combustível perfeito para que a vaga nas oitavas de final da Libertadores fosse garantida dias depois, em 11 de maio.

- O Paulo sempre foi um cara muito sereno. Só ganhamos a Libertadores porque ganhamos a serenidade dele. Ele mexeu na equipe na forma de jogar, mas sem causar qualquer tipo de problema drástico. Soube pegar o time do Leão, que já era bom, e manter o nível, mas trazendo paz para os jogadores - exalta Marco Aurélio, atual coordenador de futebol feminino da CBF.

Relembre as fichas dos dois jogos contra o The Strongest (BOL):

THE STRONGEST 3X3 SÃO PAULO

Local: Hernando Siles, em La Paz (BOL)
Data: 3 de março de 2005
Árbitro: Gustavo Méndez (URU)
Cartões amarelos: Gutierrez (STR); Alex, Edcarlos e Flavio (SAO)
Gols: Danilo, 21'/1ºT (0-1); Cuba, 28'/1ºT (1-1); Sosa, 39'/1ºT (2-1); Escobar, 9'/2ºT (3-1); Luizão, 12'/2ºT (3-2) e Grafite, 42'/2ºT (3-3)

THE STRONGEST: Arias, Gutierrez, Vaca, Coelho e Ricaldi; Tufiño, Medina e Cuellar (Paz 13'/2ºT) (Cuadrado 34'/2ºT); Escobar, Sosa e Cuba (Fernandez 14'/2ºT). Técnico: Luís Galarza.

SÃO PAULO: Rogério Ceni, Lugano, Edcarlos e Alex (Flávio 43/1ºT) (Marco Antônio 29/2ºT); Cicinho (Jean 30/2ºT), Mineiro, Josué, Danilo e Júnior; Grafite e Luizão. Técnico: Emerson Leão.


SÃO PAULO 3X0 THE STRONGEST

Local: Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 11 de maio de 2005
Árbitro: Horacio Elizondo (ARG)
Público/Renda: 24.986 presentes/R$ 379.011,00
Gols: Edcarlos, 35'/1ºT (1-0); Luizão, 38'/2ºT (2-0) e Grafite, 6'/2ºT (3-0)

SÃO PAULO: Rogério Ceni; Fabão, Lugano e Edcarlos (Diego Tardelli - Intervalo); Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo (Marco Antonio, 25'/2ºT) e Júnior; Grafite e Luizão (Souza, 16'/2ºT). Técnico: Paulo Autuori.

THE STRONGEST: Arias; Vaca, Cuadrado, Ricaldi e Gutiérrez (Flores, 35'/2ºT); Rocabado (Cardozo, 42'/2ºT), Tufiño, Coelho e Medina; Escobar e Cuéllar (25'/2ºT). Técnico: Eduardo Villegas.

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