Bola no 10, febre de Wagner e (muita) experiência: Vasco perde para La U
Com um time renomado e direcionados por Pizarro e Soteldo, chilenos cozinharam partida até encontrar gol inesperado. Lesão de Desábato impediu carta na manga de Zé Ricardo
A estreia na Libertadores foi com pé esquerdo. Perder em casa na fase de grupos pode ser determinante para os planos do Vasco na competição. Mas, além de não ter feito uma boa partida, o adversário do outro lado tem qualidade técnica, organização tática e um elenco para lá de experiente. O LANCE! analisa os motivos para derrota vascaína em São Januário.
Os problemas do Vasco na partida começaram muito antes da bola rolar. No domingo, uma virose atacou jogadores do elenco - o principal deles, Paulinho, que sequer treinou na segunda e ficou no banco. Zé Ricardo, porém, afirma que não faltou disposição ao time. Talvez, experiência. E muita.
- La U é um time experiente. Primeiro tempo tentamos colocar a intensidade em campo para achar o gol e fazer a La U se sentir incômoda. Infelizmente, a saída de bola não foi como esperada. Tentamos abrir a equipe rival. Tivemos problemas em sair com a bola dominada - afirma o treinador.
O que faltou ao Vasco, sobrou a La U. Nomes de peso como Pinilla, Beausejour e principalmente o volante Pizarro (todos campeões continentais pelo Chile) tomaram conta da posse de bola com tranquilidade com ela nos pés. Mas se o camisa 8 dava direção ao time, as jogadas só surtiam efeito quando chegavam no garoto Soteldo, cérebro e camisa 10 dos chilenos.
Com problemas para trocar passes e manter a posse de bola, o Vasco se limitou a marcar e evitar o pior nos primeiros minutos. Wagner, um dos mais experientes da equipe, percebeu bem a intenção dos chilenos e resolveu marcar de perto Soteldo. Mesmo sem encostar na bola, armou a jogada de maior perigo do Vasco na primeira etapa, fechando espaços e forçando o adversário ao erro. Confira no vídeo abaixo a marcação do camisa 20:
A importância de jogar sem bola: Wagner percebe que a La U procura Soteldo o tempo todo e impede ao máximo que encontrem o camisa 10. Pizarro (#8) tenta achá-lo algumas vezes, mas ñ consegue e recua. A melhor chance do Vasco saiu da leitura do meia, que acompanha jogada até o fim pic.twitter.com/VYNRfBXhTi
— João Mércio Gomes (@joaomercio) 14 de março de 2018
Se Wagner foi bem na estratégia sem a bola, com ela não teve o mesmo êxito. Em um dos lances que a marcação funcionou, o meia teve a oportunidade de puxar contra-ataque em superioridade numérica, mas não escolheu a melhor opção no momento. Confira a visão que tinha na imagem abaixo:
No melhor contra-ataque do Vasco na partida, Wagner forçou um passe para Riascos que tinha um na marcação e outro na cobertura. Do outro lado, Evander subia em disparado e tinha muuuito espaço até o gol. Segue 0 a 0 em São Januário #lanceCOLINA pic.twitter.com/AirkYu32aO
— João Mércio Gomes (@joaomercio) 14 de março de 2018
O fim do primeiro tempo manteve o resultado em aberto e serviu para abaixar o nervosismo do Vasco na partida. Na segunda etapa, o time começou mais solto. Wagner sentiu febre no vestiário e o atacante Paulinho, baleado, entrou em seu lugar. Logo nos primeiros três minutos, deu canseira a Rafael Vaz.
Entrada de Paulinho já surtiu efeito com duas arrancadas em três minutos. Rafael Vaz não teve problemas para conter Wagner, mas agora, mesmo marcando o garoto de perto, não tem condições de acompanhar a explosão do camisa 11. Boa mexida #lanceCOLINA pic.twitter.com/kkepRaIer8
— João Mércio Gomes (@joaomercio) 14 de março de 2018
Ainda errando bastante, o Vasco começou a se impor na partida na base da intensidade. Porém, infiltrar na defesa chilena não era fácil. Rildo parou em Vilches, Pikachu em Beausejour, Evander em Seymour e Riascos brigava com a bola. Zé Ricardo chamou Werley para mudar a formação, mas na hora de efetuar a substituição, Desábato pediu para sair. O treinador decidiu arriscar e pôs mais um atacante no lugar do camisa 5.
- A gente estava com uma ideia de usar os três zagueiros hoje. Chegamos a chamar o Werley, mas o Desábato pediu para sair. Sentiu um incômodo. Acabamos optando de trazer o Evander como segundo volante e colocar o Rios como segundo atacante. Quando tivesse a bola, dois homens tentando tirar a sobra. No minuto seguinte, saiu o gol da La U e perdemos a concentração.
A estratégia nem deu tempo de surtir efeito. Muito por conta, de novo, do venezuelano Soteldo. Sem Wagner e com Paulinho baleado, o camisa 10 começou a receber a bola no mano a mano com Pikachu e se fez. Cozinhando o jogo, conteve os ânimos do Vasco, preocupou a defesa e criou espaços que resultaram no gol de Araos para a La U. Confira no vídeo abaixo:
Sem Wagner e com Paulinho baleado, Soltero começou a receber bolas no 1x1 com Pikachu, causando problemas. Wellington até tentava ajudar, mas não via a cor da bola. Enquanto o venezuelano ‘cozinhava’ o jogo, a defesa se distraía com ele e deixava espaços na área. Até sair o gol.. pic.twitter.com/59lI7EwGGj
— João Mércio Gomes (@joaomercio) 14 de março de 2018
- Na verdade, nem a La U esperava fazer aquele gol. Antes do lance, o Rildo tinha chegado até a área rival. Deu um susto no adversário. Foi estratégico para eles. Não estavam indo para cima e encontraram o gol. Deu uma desanimada na gente. Fez falta (meia de origem). A gente poderia ter aproveitado mais as finalizações de longa distância. É uma das armas quando pegamos equipe fechadas - lamentou Zé Ricardo.
Após o gol sofrido, a La U amarrou o jogo e deixou a torcida impaciente. Alguns até vaiaram Paulão, que deixou Araos girar na área, e Evander, que não fez um grande jogo. Porém, além da atuação fraca da equipe, o adversário era forte e esperto. Mais que os pontos perdidos, vale o aprendizado na Libertadores.
COMO O VASCO INICIOU A PARTIDA
COMO ZÉ GOSTARIA DE TER FEITO, ESPELHANDO ESQUEMAS
COMO ZÉ FEZ, COM A LESÃO INESPERADA DE DESÁBATO