A crise política no Vasco ganhou contornos inéditos na temporada nesta sexta-feira. Presidente do clube, Alexandre Campello efetivamente rachou com o grupo "Identidade Vasco", liderado por Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo. Após o racha com o grupo de Julio Brant em janeiro, o que possibilitou a sua candidatura, Campello perde um dos principais aliados políticos que contribuíram bastante para a sua vitória no pleito da Colina.
Na guerra política de São Januário, o jogo fica cada vez mais evidente. O balanço de 2017 do Vasco publicado por Alexandre Campello na última segunda-feira impulsionou os atritos. A saída de Fred Lopes do cargo de vice-presidente de futebol nesta sexta foi a gota que faltava para o balde do racha transbordar. Fred é ligado ao Identidade Vasco, aliado de Monteiro. Não estão descartadas saídas de outros dirigentes ligados ao ex-grupo político aliado. Vale lembrar que a atual administração está no clube há apenas três meses.
Alexandre Campello passou a tarde em reuniões após a invasão de cerca de 40 torcedores no treino do Vasco no Complexo Esportivo de São Januário na manhã desta sexta. À noite, compareceu na delegacia para prestar queixa e iniciar a investigação para descobrir os mandantes da manifestação. Na saída da delegacia depois de aproximadamente duas horas de depoimento, onde entregou imagens do circuito interno de TV do clube, Campello afirmou que a sua transparência está incomodando pessoas da Identidade Vasco.
- Quero abrir o Vasco, estou tentando mudar em setores importantes do clube. E esse grupo (Identidade Vasco) não está atuando assim. Minha transparência está incomodando. Sobre a intenção da saída de Fred Lopes, fico com a sensação de que sim (foi algo com cunho político). Só espero que as pessoas coloquem o Vasco acima de seus projetos de poder. Não é isso que tem acontecido com algumas pessoas desse grupo - afirmou Campello aos jornalistas antes de completar:
- Tenho mexido em coisas caras no clube e acho que isso está incomodando as pessoas e elas usam como argumentação que eu sou centralizador e isso nao é verdade. O núcleo Identidade Vasco mantém esse tipo de reclamação. Os outros vice-presidentes, que não são do Identidade Vasco, jamais tiveram essa reclamação. Só o grupo da Identidade Vasco tem essa postura estranha - concluiu o presidente do Vasco. Roberto Monteiro passou a noite em reunião com aliados de seu grupo.
Uma das outras atitudes que Alexandre Campello quer implantar no Vasco e que não foi bem vista pelo grupo Identidade Vasco é em relação ao parcelamento da taxa de adesão do sócio geral. O presidente do Vasco quer estender a possibilidade de torcedores parcelarem em até 24 vezes a taxa de R$ 2 mil. Este plano, vale lembrar, é o que dá direito a voto na Assembleia Geral do clube. Resta saber os próximos capítulos deste jogo político de São Januário, onde quem mais sofre é o próprio Vasco.