Um consenso da diretoria do Vasco para a próxima temporada é pela saída de Jorginho do cargo de treinador. A impressionante queda de rendimento na comparação do primeiro semestre com o segundo fizeram com que membros da diretoria pedissem a saída dele antes mesmo do fim deste ano – o que não foi aceito pelo presidente Eurico Miranda até o fim da Série B. Neste sábado, diante do Ceará, ele deve comandar o Vasco pela última vez e mesmo não ficando em 2017, há importância por levar o time à elite.
Jorginho teve um primeiro semestre incontestável, fazendo o time ficar invicto por um período de quase oito meses – ou 34 jogos. Chegou em um momento de instabilidade em 2015 e quase livrou o Vasco do rebaixamento. Desde o início deste semestre, porém, as alternativas em prática para que o bom futebol volte a reinar em São Januário foram consideradas frustradas. O encerramento do casamento com a permanência na Série B faria com que o currículo manchasse.
Será difícil Jorginho se recolocar no mercado neste cenário, o que não seria visto caso o retorno à elite fosse sacramentado. De uma forma ou de outra, mesmo com o perigo chegando na rodada final da Série B, a classificação para a Série A faria com o desejo de dever cumprido e recolocar um clube grande como o Vasco na principal divisão do Campeonato Brasileiro. Todos os pontos positivos do trabalho em mais de um ano de São Januário seriam jogados fora com um panorama de tragédia neste fim de ano.
O último ato de Jorginho no Vasco promete emoção. Mesmo com divórcio à vista, que termine bem.
COM A PALAVRA
Sebastião Lazaroni
Campeão carioca em 1987 e 1988 com o Vasco
"Quando uma equipe não atende o objetivo esperado, a conta recai sobre duas pessoas: o torcedor e o treinador. A gente tem certeza do término de um ciclo de trabalho.
Em uma situação de pressão como a do Jorginho no Vasco, a possibilidade de não obter o acesso sem dúvida dá um aspecto negativo. Ter manchas no currículo, ligadas a queda de divisão ou possibilidade de não voltar à Série A, podem fazer parte da trajetória.
Caso ocorra esta situação (que a gente torce para que não aconteça, e o Vasco volte ao seu lugar), Jorginho passará por um período difícil. Caberá a ele conseguir engrenar bons trabalhos em seguida, e ainda se mostrar com capacidade para dirigir clubes de futebol no Brasil. Especialmente, em um momento no qual há uma corrente que pede uma nova escola e a chegada de estrangeiros"
João Henrique Areias
Especialista em marketing da Academia LANCE!
"Sem dúvida, a imagem de Jorginho pode sofrer um impacto aos olhos do futebol nacional caso não conduza o Vasco ao acesso. Infelizmente, mantemos a retrógrada filosofia de avaliar o treinador apenas pelo resultado.
O amadorismo brasileiro, que tem uma visão de curto prazo para avaliar o técnico, não considera questões como a falta de ferramentas ou de uma base para acontecer um trabalho. E o mais curioso na situação do Vasco é que o Jorginho foi bem em seu início no clube, a ponto de levá-lo à conquista do título carioca e a uma série invicta.
Por mais que o resultado sempre seja importante, precisamos no Brasil de um modelo de gestão que tenha uma visão mais ampla. Senão, restará a técnicos que não são bem-sucedidos em algum clube brasileiro ir para o exterior"