Falta pouco para a eleição: o que pensam os atores políticos do Vasco

A pouco mais de um ano do pleito, figuras importantes nos bastidores do clube contam, ao LANCE!, seus entendimentos dos prazos até a votação e projetam o ambiente até lá

Escrito por

Os sócios do Vasco vão às urnas para eleger o próximo presidente do clube só no segundo semestre do ano que vem, mas a política cruz-maltina, que nunca adormece, já se movimenta de olho no pleito. Como a última eleição conseguiu ser a mais tumultuada e polêmica da história da instituição, o LANCE! se antecipou.

Perguntamos a alguns dos principais atores políticos do clube sobre questões que vêm à tona em cada disputa: a data limite para a associação com direito a voto, a data para a convocação da Junta Geral e a perspectiva de confusões. Destes, os dois primeiros temas são abordados pelo estatuto do Cruz-Maltino. Mas assim como a terceira pergunta se faz necessária, a interpretação de cada um dos questionados se torna relevante.

- ATÉ QUANDO O TORCEDOR PODE SE ASSOCIAR (PARA TER DIREITO A VOTO)?

Alexandre Campello (atual presidente do clube): Cabe ao presidente da Assembleia Geral responder.

Otto de Carvalho (do grupo "Ao Vasco tudo"): Eu mesmo tinha dito para ser até a primeira quinzena de agosto. Pelo estatuto, o Vasco tem que se reunir para fazer a eleição em 2020 até a primeira quinzena de novembro. O presidente da Junta tem até 60 dias antes para convocar a reunião da Assembleia Geral. Essa seria a data de corte para o ano anterior. Se for primeiro de novembro (a eleição), seria final de agosto. Não seria problema.

Luiz Roberto Leven Siano (pré-candidato à presidente): A data para tornar-se sócio do Vasco com condições de votar vai depender da data exata em que o presidente da Assembleia Geral convocar a junta eleitoral, na segunda quinzena de agosto do ano que vem. Nem todos que se associaram em agosto estarão necessariamente aptos.

Luis Manuel Rebelo Fernandes (grande-benemérito, especulado como possível candidato no próximo pleito): As duas primeiras perguntas dizem respeito à organização do processo eleitoral. Não sou mais presidente do Conselho Deliberativo, e por isso não integro a Junta Eleitoral. Acho que essas perguntas deveriam ser dirigidas aos atuais componentes da Junta.

Julio Brant (conselheiro e candidato derrotado na última eleição pela "Sempre Vasco"): O torcedor vascaíno tem até dia 30 de agosto para se associar. Porém, o presidente da assembleia geral tem entre os dia 15 e 30 de agosto para realizar o corte para eleições do ano que vem.

Sérgio Frias (benemérito e líder do CASACA!): O sócio terá de possuir um ano de associação até a véspera da data da marcação das eleições. Exemplo: se a eleição for marcada em 02/09/2020, estará apto a votar o associado que adentrou no quadro social até 01/09/2019.

Silvio Godói (presidente do conselho de beneméritos): Pelo estatuto, o torcedor pode se associar até o dia 15 de agosto.

João Carlos Nobrega (do Grupo CASACA!): Em tese, o sujeito precisaria se associar até um ano antes do fechamento da lista de sócios eleitores, que ocorrerá em agosto de 2020. Há uma questão aí: foi decidido que a pessoa pode parcelar a taxa de adesão em até cinco vezes. Então, supondo que o cara se associou agora, passou a pagar mensalidades, mas dividiu a adesão em cinco vezes, este cara já é sócio ou não? No nosso entender, sim. No entender da diretoria, talvez não. Há chance de que isso seja judicializado, não por qualquer grupo politico, mas pelos sócios nesta situação.

Roberto Monteiro (líder do Identidade Vasco e presidente do Conselho Deliberativo): Até quando pode se associar vai depender de quando a junta se reunirá, no ano que vem, que pode ser até o dia 31 de agosto.

QUANDO A JUNTA GERAL SERÁ CONVOCADA:

Alexandre Campello: Cabe ao presidente da Assembleia Geral responder.

Otto de Carvalho: A junta geral cabe ao presidente da Assembleia Geral. Tem o prazo estatutário. Só seguir as normas lá.

Julio Brant: Será uma data em agosto (do ano que vem) ainda a ser definida.

Sérgio Frias: A Junta Deliberativa será convocada na segunda quinzena de agosto do ano que vem. Pode ser ela convocada, portanto, do dia 17 (16 cai num domingo) até o dia 31 de agosto de 2020. A data segura para a entrada no quadro social com direito a voto seria 23/8/2019, mas é bastante plausível que ela se estenda ainda por alguns dias.

Silvio Godói: A junta será convocada somente no ano que vem. Para ficar claro: para ter direito a voto, pode se associar até 15 de agosto de 2019, portanto já não pode. Pode associar, mas não terá direito a voto na próxima eleição.

João Carlos Nóbrega: O artigo 61 do Estatuto (que fala da "segunda quinzena de agosto do ano correspondente ao das eleições") eu acho que responde legal. Só complementando, então. Tentando deixar claro. Se eu me associei hoje, paguei a mensalidade do mês, paguei a taxa da confecção da carteirinha, mas dividi minha adesão em cinco vezes, eu já sou sócio, ou serei apenas depois que terminar os cinco meses de pagamento de taxa? Acho pessoalmente que já teria que ser considerado sócio agora, mas há controvérsias.

Roberto Monteiro: Não tenho como dizer hoje quando a junta se reunirá. É certo que será na segunda quinzena de agosto.

VOCÊ VÊ CHANCE DE CONFUSÃO NO PRÓXIMO PROCESSO ELEITORAL? COMO NO ÚLTIMO, DE POLÊMICAS NOS DOIS TURNOS?

Alexandre Campello: Falar sobre processo eleitoral a um ano e quatro meses da eleição é lamentável. O presidente do Vasco precisa administrar um clube que luta para diminuir suas dívidas e aumentar receitas que ficaram estagnadas ao longo do tempo. Todos sabem e acompanham as enormes dificuldades do Vasco. Campanha com tanta antecedência assim é para quem não tem esse compromisso. Por sinal, uma das missões desta diretoria é exatamente garantir a lisura do processo para que a eleição, no seu tempo adequado, se dê da maneira mais correta. Esta gestão fez um profundo trabalho de depuração do quadro associativo e, consequentemente, da lista de sócios para que o processo eleitoral de 2020 seja limpo e não corra o risco de novamente ser judicializado. Este cuidado é contínuo e permanente. Deu-se no processo de recadastramento, na anistia e se dá agora, com as adesões feitas a partir de julho, justamente às vésperas do prazo para entrada na lista de eleitores. O preço de uma eleição como todos os vascaínos queremos é a eterna vigilância.

Otto de Carvalho: Chance de confusão nós vamos ver. Está tudo embutido na questão das (eleições) diretas. Diretas por serem diretas... só tem que ver como vai ser. O Roberto Monteiro está sentado nisso há mais de um ano. Anteriormente parou por quê? Trocava a eleição direta por aumento de cargo de benemérito, aumento de número de beneméritos, ele sabia que não tinha consenso. Temos que analisar como vai ser feita essa questão. Eleição só direta não tem sentido. Envolve uma série de coisas, como o tempo de sócio. Tem uma série de questões embutidas nisso. Temos que entender como vai ser apresentada essa proposta para poder darmos uma opinião abalizada realmente. Um ano atrás todos os grupos protocolaram as questões para reforma do estatuto. Temos que entender ainda, está muito embrionário.

Leven Siano: Quanto às possibilidades de problemas judiciais, eu acredito que o clamor por democracia não pode se tornar uma democracia seletiva formal, na qual se propõe o voto direto, mas se aumenta o tempo requerido de quem pode votar e ser votado sem respeitar a anterioridade eleitoral prevista na Constituição. Ademais, nem toda modificação estatutária pode ser considerada adequação ao novo Código Civil, de forma que o estatuto não pode ser alterado por maioria simples do Conselho. Desta forma, se o estatuto, a lei e a Constituição forem respeitados não haverá qualquer anormalidade, muito menos judicialização.

Luis Manuel Rebelo Fernandes: Quanto à possibilidade de confusão ou judicialização do processo eleitoral, infelizmente isso não está descartado dado o atual quadro de fragmentação e polarização política. Espero que haja um processo de pacificação e unificação política interna que permita um processo eleitoral mais tranquilo.

Julio Brant: Queremos um processo eleitoral mais tranquilo possível. Foi proposto para a atual diretoria administrativa cuidar em conjunto da lista de sócios. Também foi proposto à diretoria um trabalho conjunto com todos os grupos políticos para evitar judicialização da próxima eleição. Queremos lisura no processo e melhorar a imagem do Vasco com a justiça. Esta sempre foi uma bandeira da Sempre Vasco.

Sérgio Frias: Depende da condução do processo por parte de quem é responsável por isso. Esperamos todos que as eleições sejam tranquilas.

Silvio Godói: Dependendo de deferimentos ou indeferimentos pode haver confusão, sim. Por ora, não vejo confusão.

João Carlos Nobrega: Acho a resposta à primeira pergunta pode responder à terceira. Vejo chance de problemas jurídicos, sim. Não necessariamente causado por grupos políticos, mas por sócios que se sintam injustiçados.

Roberto Monteiro: Total possibilidade, pela bagunça da secretaria do clube que discricionariamente aceita uns e não aceita outros no quadro social, impedimento alguns sócios de pagarem suas mensalidades exigindo documentos de comprovação muito anteriores à data de hoje. Explico: o sócio vem pagando há um ou dois anos ininterruptamente e, de repente, está bloqueado no sistema por ter que apresentar documento de um ou dois anos atrás. A demora na solução de um problema que não é do sócio, já que ele vinha pagando e aceitavam, não pode impedi-lo de continuar a pagar pela falta de comprovante de pagamento de buraco lá de trás. Entre outras situações. Ele, sócio, pode continuar a pagar como sempre foi e aí se ele quer ser elegível é que deve ser facultado o pagamento desse buraco lá de trás para completar os cinco anos necessários para a elegibilidade. Outra: se o sócio constava na lista de elegíveis passada, não há que se questionar, agora, o tempo até a data da última eleição. Exigência de comprovação da joia: se ele vem pagando as mensalidades, pressupõe que isto foi superado. Resumindo: pela ausência de conhecimento teremos muitos problemas.

Siga o Lance! no Google News