Negociações de todo tipo têm, por natureza, os interesses de cada parte envolvida. Cada parte com suas necessidades e peculiaridades. Vasco, Atlético-MG e Marrony protagonizam, nos últimos dias, um cabo de guerra nítido dos capítulos finais de uma trama. Seja com final feliz ou não, a breve novela pode acabar nesta terça-feira.
As condições de cada lado são sabidas. O Galo, que deseja ter o atacante, tem um patrocinador forte por trás, a construtora MRV. Oferece, ao jogador, salário obviamente superior; ao Cruz-Maltino, montante cujo valor interessa, é considerado justo e seguramente bem-vindo: cerca de R$ 20 milhões pelos 70% dos direitos que detém do jogador. Resta resolver o formato do negócio.
O Atlético-MG ainda tem de seu lado do balcão Alexandre Mattos, um negociador vitorioso nos últimos anos. Principalmente quando com dinheiro para gastar, a busca pelo melhor negócio tem sido uma bem sucedida rotina, seja no Cruzeiro, seja no Palmeiras e, agora, no alvinegro mineiro. Isso sob o aspecto financeiro, não necessariamente pelo retorno em campo.
O Atlético sabe que o Vasco vive um dos piores momentos financeiros de seus 121 anos. Detalhe por detalhe, "joga" com a necessidade do clube vendedor. Mesmo que Marrony seja um desejo do técnico Jorge Sampaoli. Mas o clube cruz-maltino não faz jogo fácil. Pelo contrário: endureceu, na prática, o andamento da negociação na última segunda-feira.
Na teoria, a necessidade permanece: dinheiro urgente, com grande parte à vista, para minimizar os atrasos salariais. Só que o pagamento de uma das folhas, a de janeiro, nesta segunda-feira, deu alguma prova de força ao clube de São Januário. É claro que a situação ainda é preocupante e uma debandada de jogadores, inclusive, já poderia ter ocorrido.
No caso de Marrony, o atacante é um dos jogadores que recebe parte dos salários por meio de direitos de imagem. Além dos quatro (para a Justiça, três para o clube) meses de salários não pagos na Carteira de Trabalho (CLT), são nove meses de direitos de imagem ainda a serem pagos pelo clube.
Tal cenário coloca o atleta de 21 anos numa posição razoavelmente confortável no momento: tem perspectiva de aumento salarial num clube de patamar financeiro superior, mas segue vinculado ao Vasco. É natural que, caso o Vasco prefira manter o atleta, pague o que deve. Caso contrário, a rescisão por meio jurídico é um caminho, e não seria novo nem no clube, nem no futebol.
Mas isso é impensável no Vasco e nenhuma das partes quer isso. A tendência é de um desfecho em breve. Seja qual for.