Moradores da Barreira do Vasco sofrem com a interdição de São Januário: ‘É uma favela de paz’

Vania Rodrigues é presidente da Associação de Moradores e faz apelo pela liberação do estádio

imagem cameraVania Rodrigues esteve com crianças da Barreira para recepcionar Payet (Daniel Ramalho/Vasco)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 19/08/2023
10:00
Atualizado em 18/08/2023
20:09
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O Vasco vai jogar no Maracanã, domingo, contra o Atlético-MG, graças a uma vitória na Justiça. Caso isso não acontecesse, o Cruz-Maltino possivelmente jogaria em São Januário sem a presença do seu torcedor. O estádio está interditado desde o dia 23 de junho, um dia depois dos incidentes ocorridos ao final da partida contra o Goiás.

Essa decisão foi tomada pelo juiz Bruno Arthur Mazza do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos, após um pedido do Ministério Público. A promotoria levou em consideração o relatório do juiz de plantão Marcello Rubioli, que estava em São Januário naquele dia. No texto, Rubioli alegou que o clima de insegurança de São Januário é culpa da Barreira do Vasco, comunidade que é vizinha do estádio.

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- Para contextualizar a total falta de condições de operação do local, partindo da área externa à interna, vêse (sic) que todo o complexo é cercado pela comunidade da barreira do vasco, de onde houve comumente estampidos de disparos de armas de fogo oriundos do tráfico de drogas lá instalado o que gera clima de insegurança para chegar e sair do estádio. São ruas estreitas, sem área de escape, que sempre ficam lotadas de torcedores se embriagando antes de entrar no estádio.

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Esse trecho do relatório causou revolta e indignação aos moradores da Barreira do Vasco, que estão sofrendo com a falta de jogos em São Januário, afetando diretamente no sustento de muitas famílias que vivem do comércio na região. Vania Rodrigues é presidente da Associação de Moradores da comunidade e faz um apelo pela desinterdição do estádio.

- Moro aqui desde que nasci e o que eu posso falar da minha favela, que é uma favela de paz. Eu faço um apelo para não colocarem um rótulo de uma favela perigosa, que oferece perigo ao ponto de proibir jogos no estádio, até porque a Barreira do Vasco está junto com São Januário, uma é o elo da outra e assim vamos caminhar juntos. Impactou a todos. Família estão sofrendo. Estamos sendo punidos por uma coisa que nós não somos - afirmou Vania, que convidou o juiz Marcello Rubioli para visitar a Barreira do Vasco.

- Vem fazer uma visita na associação. O senhor, como outros convidados que quiserem conhecer a nossa favela, serão bem-vindos. Eu estou aqui de braços abertos para receber vocês.

Barreira do Vasco é vizinha de São Januário (Daniel Ramalho/Vasco)

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No dia 11 deste mês, o Vasco se reuniu com órgãos públicos e apresentou um plano de ação para a segurança de São Januário, com a tentativa de liberar a presença de torcedores no estádio. No entanto, não há data para isso acontecer.

O assunto entrou na pauta da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que aprovou na última quinta-feira uma Moção de Repúdio à interdição de São Januário, estádio do Vasco. A proposta, feita pelo vereador Pedro Duarte, do Partido NOVO, teve assinatura de 26 parlamentares.

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