A saída do zagueiro Rodrigo do Vasco para a Ponte Preta há cerca de duas semanas foi repleta de polêmica. E nesta quarta-feira o defensor resolveu esclarecer todos os pontos que levaram ao seu desligamento do Cruz-Maltino, onde tinha contrato até o fim desta temporada. À TV Globo, Rodrigo ainda previu a também saída do meia Nenê, que ficou pela primeira vez por opção técnica no banco de reservas no ultimo jogo do Vasco, diante do Bahia, após o técnico Milton Mendes querer que o time ganhasse em velocidade.
- Não tenho dúvidas que encaminha para acontecer o que aconteceu comigo, com o Nenê. Isso até antes... Quando muda um pouco o ambiente, quando as pessoas mudam um pouco com você, você sabe que está acontecendo alguma coisa diferente. E antes da minha saída, eu tinha conversado com o Nenê: “Nenê, vai acontecer alguma coisa comigo ou com você, meu amigo”, e aconteceu comigo primeiro. Agora está acontecendo com o Nenê. Eu não estou surpreso. Ele (Milton Mendes) está começando a tirar ele um pouco, ainda mais uma figura importante. É aquele negócio, né? Ninguém olha mais o que nós passamos, simplesmente chega uma pessoa e quer mudar - afirmou Rodrigo, antes de completar dizendo considerar ter sido uma espécie de "bode expiatório":
- Acho. Depois da saída do Guinãzú, que eu assumi como capitão da equipe, tentei proteger ao máximo alguns garotos, acho que até os mais velhos também. Tentei proteger ao máximo a equipe. Não era muito de dar entrevista assim, mas quando ia falava a verdade. Acho que as minhas entrevistas, se você colocar, foram sempre todas espontâneas do que eu acho, do que eu vejo. Umas, você acerta; outras, você erra. Algumas atitudes foram bem tomadas, outras nem tanto. Acho que nesses três anos e cinco meses que eu permaneci no Vasco, eu fui intenso em tudo. Lógico que eu queria terminar meu contrato com o Vasco, que se encerraria no final do ano, e o meu pensamento era ir para a Ponte Preta. Realmente, só adiantaram um pouco.
No lugar de Rodrigo, o Vasco contratou o zagueiro Paulão. No Cruz-Maltino, Rodrigo, desde 2014, defendeu a equipe em 174 partidas (82 vitórias, 50 empates e 42 derrotas). No período ele fez 19 gols. O Vasco ainda não se pronunciou sobre as declarações de Rodrigo.
> Confira outros trechos da entrevista de Rodrigo à TV Globo:
JUSTIFICATIVAS PARA A SAÍDA
"O duro é que as únicas duas coisas de concreto para eu ter sido mandado embora do Vasco foram essas duas coisas: que eu não ia aceitar o banco de reservas e que eu não gosto de treinar. Foram as únicas duas coisas que foram reclamar de mim. Eu também não acreditei. Por isso que eu estou falando que acho que... tem uma outra que eu acho que pode ser por aí. Eu tenho um bom relacionamento com o Luís Fabiano, então, no começo o ano, como o Luís estava envolvido naquela novela, enrolação... Eu acho que se eu não tivesse no Vasco mais....."
PARTICIPAÇÃO NA CONTRATAÇÃO DE LUIS FABIANO
"Muito. Falava com ele bastante. Em janeiro, quando ele estava naquela fase de rescisão lá (China), e a gente estava no campeonato daqui e não estava vivendo um bom momento, a gente não se falava muito, mas em dezembro, eu falava com ele quase toda hora, falava: “vem para cá”. Se eu não tivesse aqui, ele não viria. Falo isso porque ali fugiu um pouco de amizade, é um irmão que tenho. A gente tinha isso, falava: “vem para cá, vamos terminar juntos, começamos juntos”.....O sonho ainda está de pé, eu estou na Ponte (risos)"
ATRITO COM MILTON MENDES E EURIQUINHO
"Quando ele chegou ao clube eu estava machucado. Na verdade, fiquei até surpreso. Foram o Anderson e o Milton que pediram a minha demissão. Isso, eu não ouvi da boca de ninguém, ouvi da boca do presidente do clube. A hora que o Anderson veio e me comunicou, eu desci na sala do Milton e falei: “Pô, Milton...”. Ele disse: “Pô, Rodrigo,...”. Ele disse que desconhecia a decisão tomada. Fiquei sabendo depois que partiu dele a minha saída, uma semana depois, quando eu fui falar com o presidente. Se eu não conversasse, ficaria perdido quem que realmente me demitiu. De todos eles..... lógico o Euriquinho também, é o vice de futebol, fiquei surpreso. Se eu posso usar uma palavra, menos ao presidente que, desde que eu estou no clube, foi uma pessoa muito bacana, mas sobre os três, o Euriquinho, o Milton e o Anderson, ela seria: decepção. Um pouco mais com o Euriquinho, estou esperando uma ligação dele até hoje, nem no clube falou comigo"
ATRITO COM ANDERSON BARROS
"O Anderson já veio meio preparado para isso. Desde que ele chegou, o santo não bateu. Ele ficou na dele, eu fiquei na minha. A gente não se falava muito. Via nele que o dia que ele levantasse torto, ele me mandaria embora, falei isso com a minha esposa. Só que eu acho que ele não tinha força para isso, é meio fraquinho. Juntou com o treinador que veio, também já tinha trazido o Luis (Fabiano), teve uma eliminação feia para o Fluminense, juntou isso tudo ou tinha alguma coisa que acabou me mandando embora"
PROBLEMAS NO DIÁLOGO
"Quando chega uma pessoa no clube, acho que tem que conversar: “como que foi, como que é?” Acho que pelo menos tem que saber. Não é chegar e achar que está tudo errado, porque acaba acontecendo coisas que aconteceram no começo do ano passado e no fim do ano retrasado, que nós tivemos o rebaixamento"