Sócios aprovam eleições diretas no Vasco. Resultado depende de aval da Justiça
Em votação online no último domingo, 1.362 sócios votaram a favor da mudança, 22, contra e seis, em branco. Pleito é alvo de questionamento de dirigentes e sócios
Em votação virtual realizada no último domingo, os sócios do Vasco da Gama aprovaram mudança no estatuto do clube para a adoção de eleições diretas para a presidência. A Assembléia Geral Extraordinária terminou com 1.362 votos a favor, 22 contra e seis em branco. O resultado, no entanto, depende de aprovação judicial. Na véspera do pleito, uma decisão do plantão judiciário do TJ-RJ determinou a suspensão dos efeitos da AGE até que o relator responsável por julgar outras ações envolvendo o caso analise o mérito da questão.
O resultado divulgado pelo presidente da AGE:
2.218 sócios cadastrados
1.678 considerados aptos a votar
1.390 votaram
1.362 votos a favor das diretas
22 sócios votos contra as diretas
6 votos em branco.
A realização da votação online foi alvo de uma batalha judicial nos bastidores, na última semana. O presidente da Assembleia Geral, Faues Cherene Jassus, o Mussa foi acusado por alguns sócios e dirigentes de violar o estatuto do clube e atropelar os ritos necessários para a realização da AGE. A diretoria administrativa emitiu nota assinada pelo presidente Alexandre Campello, no último sábado, em que dizia não reconhecer a legitimidade da votação. Os demais poderes (Conselho Deliberativo, Conselho de Beneméritos e Conselho Fiscal) também refutavam a validade da AGE. Mussa rebateu a nota e disse ser vítima de perseguição por parte de grupos contrários à democracia no clube.
A Eleja Online, empresa contratada para realizar a votação do último domingo alegou ter sido alvo de ataque de hackers ao longo de todo o dia. O diretor da instituição, Fernando Gonçalves, garantiu a segurança do sistema eletrônico, que, segundo ele teria sido alvo de mais de cem robôs.
Nota oficial divulgada por Mussa, presidente da Assembleia Geral:
"Vascaínos,
O ano de 2020 se iniciou trazendo grandes esperanças ao torcedor e ao sócio do Club de Regatas Vasco da Gama. As eleições diretas para os cargos diretivos de nossa instituição, aprovadas por unanimidade pelo Conselho Deliberativo, no final de 2019, criou a legítima expectativa em dias melhores para a conturbada política do clube. Cansados de tantas artimanhas, passamos a acreditar em um futuro com eleições transparentes, seguras, confiáveis e, o mais importante, que respeitasse a vontade dos sócios, democraticamente manifestada nas urnas.
Veio a pandemia e, com elas, um vírus com grande poder de contaminação. Não me refiro ao coronavírus, mas ao atraso. Vislumbrada a possibilidade de, uma vez mais, subtrair o poder de seu legítimo detentor, o sócio vascaíno, não tardaram os segmentos apegados ao poder em criar toda a sorte de embaraços, com vistas a retardar para 2023, a eficácia de alteração estatutária aprovada em 2019. A Presidência da Assembleia Geral, único dos poderes do clube cujo Presidente é direta e democraticamente eleito pelos sócios, não poderia lhes virar as costas. Inicia-se, então, o processo de marginalização e de isolamento deste Poder, pelos demais.
Enfrentar os poderes constituídos e coordenados, com um objetivo comum, jamais seria tarefa fácil. Esta Presidência, porém, não se acovardou, nem se intimidou, nem mesmo diante dos constrangimentos e das ameaças pessoais, inclusive de punição, por irregularidades sabidamente inexistentes e por realidades intencionalmente distorcidas. Nossa força, porém, não está em nossa juventude. São mais de 84 anos de existência, dos quais, mais de 60 anos foram dedicados, sem qualquer mácula, ao Club de Regatas Vasco da Gama, onde ingressamos nos idos de 1958. E, ao longo de toda a minha vida, à frente do meu caminho, abrindo ou fechando portas, sempre estava o meu passado. É ele quem fala por mim. Que falem por si o passado dos que me atacam. A nossa força sempre esteve no apoio da torcida e dos sócios. Sócios que, hoje, fizeram história.
Em meio à pandemia, ao isolamento social imposto aos cidadãos, ao clima de insegurança e incertezas diante de tantas mortes e doentes, que conduz à impossibilidade de aglomerações, abrimos as portas do CRVG para sócios eleitores de todas as partes do país e do mundo que, em segundos, manifestaram livre e conscientemente suas vontades, com total tranquilidade e segurança. O futuro finalmente chegou.
Muitas serão as resistências. Natural. Ninguém quer abrir mão de poder. Os ataques vieram e virão de todos os lados. A nossa opção foi o silêncio, em respeito ao sócio. Muitos confundiram silêncio com inércia; outros, silêncio com confissão. Nosso silêncio, ao contrário, foi obsequioso e eloquente.
Não acusamos, não revidamos, não ameaçamos ninguém; apenas seguimos em frente, certos e convictos da regularidade de nossos atos - respaldados em lei, nos normativos do clube e em pareceres dos mais respeitados especialistas do país e pelo Poder Judiciário. Não é possível crer que tantas pessoas técnicas, isentas, distantes das paixões políticas estejam erradas e somente os que nos acusam, estejam com a razão. Cada qual faça o seu próprio julgamento.
A Presidência da Assembleia Geral do Club de Regatas Vasco da Gama entrega hoje, aos seus sócios e à imensa torcida vascaína, o resultado de uma batalha que está longe de terminar. Apesar de todos os obstáculos, entraves e embaraços criados, 2.218 sócios se cadastraram para a votação eletrônica, dos quais 1.678 foram considerados aptos. Destes 1390 (mil trezentos e noventa) sócios expressaram o seu voto. Foram 1362 votos A FAVOR DA APROVAÇÃO DA PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DO ESTATUTO RELACIONADA ÀS ELEIÇÕES DIRETAS (98% dos votos), 22 CONTRÁRIOS À APROVAÇÃO DA PROPOSTA E 06 votaram EM BRANCO.
O resultado expressivo em favor da aprovação da alteração estatutária, visando à implementação das eleições diretas para os cargos diretivos do CRVG somente revela e reforça o sentimento de todos. A documentação correspondente, as atas, a ata notarial, o relatório da auditoria externa, a certificação do resultado final, a gravação da AGE, acompanha a ata final.
Concito, pois, os demais Poderes do CRVG a um momento de reflexão e de trégua, em benefício do clube e das nossas tradições. Sejamos maiores do que cada um de nós e pensemos no bem de todos. Estejamos à altura de nossos postos e da confiança em nós depositada. Respeitemos a vontade dos sócios. Sigamos, juntos, em harmonia, rumo às eleições em novembro, com os espíritos desarmados. Acredito na Justiça, mas acredito, acima de tudo, em nossa capacidade de nos elevarmos e encontrarmos a solução para os nossos problemas dentro de casa. Esta não é uma vitória individual, nem de qualquer grupo político, nem de qualquer Poder, isoladamente.
Essa é uma vitória do Club de Regatas Vasco da Gama.
Saudações Vascaínas,
Faués Cherene Jassus
Presidente da Assembleia Geral Club de Regatas Vasco da Gama"