O Vasco limitou o acesso a São Januário, fechou o CT e não tem jogos em função de medidas para evitar a disseminação do novo coronavírus. Mas os atletas têm um cronograma a seguir, mesmo no período de isolamento recomendado pelas autoridades. O médico da equipe profissional do Cruz-Maltino, Rodrigo Furtado, entende que a paralisação no calendário de treinos e jogos pode até ser benéfico para Talles Magno, que passou por uma cirurgia após fratura no pé esquerdo.
— O Talles vai continuar sendo acompanhado, vamos nos virar. O CT vai continuar fechado porque, para o CT funcionar, precisa de toda uma engrenagem. Talvez com clínicas que alguns de nós (médicos do clube) temos podemos dar alguma assessoria para fortalecimento e exames radiológicos. Estamos com três semanas (nesta terça) após a cirurgia. Carga ainda não é imposta sobre o pé, mas ele já faz exercícios que não impõem carga sobre o membro, com elástico. O que se pode dizer sobre o Talles é que ele está sem edema, sem dor e já pode fazer exercício em piscina - revelou, em entrevista ao canal no YouTube "Atenção Vascaínos". O médico falou também sobre Breno, zagueiro que tem dificuldades a voltar a jogar - a última vez foi em 2018.
- Sobre o Breno, está surpreendendo positivamente, sim. A preocupação com o Breno é tentar manter a força. São problemas articulares, se fossem simples estariam resolvido. Tentar manter a força e controlar o peso são as duas principais medidas. Tem a vantagem de fazer menos carga, menos impacto. A adesão ao protocolo nutricional e de força é bem interessante. É um dos atletas que vamos chamar e vigiar mais em cima os exercícios dele - garante, antes de concluir sobre o tema:
- Quem mais se beneficia é o Talles porque a gente ganha partidas, diminui o número de jogos perdidos - entende Rodrigo Furtado.
Confira outros pontos da entrevista:
Orientações sobre o coronavírus
Estamos há semanas orientando em relação ao álcool em gel, ao contato individual. a cultura do futebol é de contato e a cultura do vestiário e de proximidade. Temos muita dificuldade de implementar de maneira rápida medidas eficazes no combate a uma doença viral. Seja esse vírus ou outra qualquer.
Atletas são mais suscetíveis
A gente acha que atleta é mais forte e realmente a força deles, em certos aspectos, é maior. Mas existe uma questão imunológica, está comprovado. O atleta está até mais suscetível que a média da população. Gripe neles é mais frequente, principalmente por conta de estresse e sequência de jogos. Mas com essa gripe do coronavírus a gente não pode brincar.
Inversão nas recomendações
O departamento médico está ali num revezamento de plantão, mas para atendimento das pessoas que estão em São Januário. Em momento algum nos propusemos a ser um posto avançado de tratamento ao coronavírus. Deixamos bem claro para atletas e funcionários porque, às vezes, e de maneira acertada, veem na gente um local em que possam se tratar. Estamos disponíveis, sim, claro, temos feito orientação constantemente, mas orientando que, se houver sintomas de gripe, febre ou tosse, o que tem que fazer é ficar em casa. Tivemos que enfatizar principalmente aos atletas porque, normalmente, está com algum problema, a gente diz: "Vem aqui que a gente que a gente vê o que é." Falamos: se tem alguma dor, febre ou tosse fica em casa. Graças a Deus, entre funcionários e atletas, no ambiente Vasco da Gama, não tivemos necessidade de fazer um teste sequer. Por que não fez teste em todo mundo? Por enquanto, a orientação do ministério da saúde é fazer teste em quem tem sintomas graves.
Quando a bola voltar a rolar...
É claro que vai haver perdas. Quando voltarmos, vamos ter perdas. Talvez seja preciso até fazer uma pré-temporada de novo, não sei se vai ter tempo de fazer, acho pouco provável. Mas vamos ter perdas em cima de desempenho físico. Além de orientar os atletas, fizemos cartilha, mas ela vai mudar em cima da cartilha do ministério público. Orientação nutricional, exercícios físicos para que eles tenham um norte. Exercícios de core (músculos da região central do corpo), de força, que podem ser feitos num chão liso, bicicleta ou "transfer" (ou "transport", aparelho de academia), que, às vezes, os atletas têm. Claro que não podemos dar a mesma alimentação de quando estão no "full" (completo) do exercício físico.