Avesso aos holofotes, Éder quer manter fama de campeão no Taubaté

Recordista de títulos da Superliga e com nome inspirado em ídolo do pai no futebol, central é uma das apostas da equipe do interior paulista para as quartas de final contra o JF Vôlei<br>

imagem cameraÉder comemora ponto durante vitória do Funvic Taubaté sobre Brasik Kirin na Copa Brasil (Foto: Divulgação/CBV)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 18/03/2017
04:01
Atualizado em 18/03/2017
14:08
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Campeão olímpico, recordista de títulos brasileiros e duas vezes campeão mundial de clubes. Credenciais de um astro badalado. Mas Éder, arma do Funvic Taubaté no primeiro jogo das quartas de final da Superliga masculina de vôlei neste sábado, às 15h30, contra o JF Vôlei, em Juiz de Fora (MG), está longe da euforia das redes sociais.

Após o ouro na Rio-2016, o gaúcho chegou à equipe do interior paulista focado em buscar uma taça inédita para o clube na competição. Dono de sete (quatro pela extinta Cimed e três pelo Sada Cruzeiro), ele é o maior vencedor do torneio, ao lado do líbero Serginho, do time mineiro.

Para fazer frente ao Sada, dominante no cenário nos últimos três anos, a diretoria do Taubaté buscou no rival peças de peso. Além de Éder, o oposto Wallace reforçou o grupo, que já contava com o ponteiro Lucarelli, também campeão na Rio-2016.

– É difícil a gente ter essa noção. Mas eu brincava com o Serginho que, se ganhássemos a final do ano passado (o Sada faturou o tetra), iríamos nos isolar e, agora, teríamos de ver na briga quem seria o maior vencedor. É legal. Acho que tive oportunidades e méritos de estar em grandes clubes – disse Éder, ao LANCE!.

O jogador, cujo nome é inspirado no ex-atacante Éder Aleixo, ídolo do pai, Oscar, no Grêmio dos anos 70, admite ter fama de “gelado”. Mas garante que a aparência significa apenas concentração. Algo que desenvolveu na Seleção Brasileira de Bernardinho. Com o chefe, aprendeu que central deve comandar a rede.

– Sou um cara tranquilo. Procuro algo honesto e sincero. Não preciso de um bombardeamento de posts nas mídias sociais. Acho meio exagerado – conta o atleta, que tem 9.492 curtidas em sua página no Facebook, bem menos que as 135 mil de Lucarelli e as 26 mil de Wallace.

O estilo discreto já ajudou o gaúcho. Acostumado com a pressão dos grandes clubes, ele conta que até “escondia” sua torcida pelo Grêmio no futebol quando defendia o Sada.

– Fiquei meio quietinho. Em casa, torço normal, não sou um cara fanático. Mas, quando me perguntavam sobre futebol em Minas, dizia que lá eu era Cruzeiro. Como estava vinculado ao futebol, era diferente. No início, tinham aqueles gritos mais xingando do que torcendo, mas o clube conseguiu, mesmo com a organizada, mudar um pouco isto. Eles aprenderam a torcer, e hoje vão muitas famílias – lembrou.

Éder e a esposa Nathália (Foto: Reprodução/Instagram)

No Taubaté, Éder já faturou os títulos do Campeonato Paulista e da Copa Brasil. Agora, quer que a combinação entre frieza e eficiência em quadra siga dando frutos.

Central não pensa em parar e quer e jogar o Italiano

Disposto a se manter na ativa por pelo menos mais cinco anos, Éder tem planos claros para seu futuro. Com a carreira consolidada no Brasil, ele não esconde o desejo de disputar o Campeonato Italiano, um dos mais disputados do planeta.

– Não sinto as limitações da idade, mas busco um cuidado cada vez maior. Minha meta é ir até os 38. Quem sabe até os 40, 42 (risos). Mas tenho muita vontade de jogar na Itália, por causa do nível do campeonato lá, dos jogadores e da regularidade. Todos os times são parelhos – disse o central de 33 anos, que já negou propostas salariais do exterior superiores às do Brasil, segundo ele.

– Nem sempre uma pequena diferença salarial compensa. Já tive propostas, mas, por enquanto, a parte financeira não pesou. Mas, querendo ou não, central e líbero são duas posições difíceis de os clubes de fora buscarem. Priorizam ponteiros e opostos – completou.

Éder e Lucão com suas esposas curtindo o Carnaval (Reprodução)

Sesi-SP abre as quartas de final contra o Minas em casa

Terceiro colocado na fase classificatória da Superliga masculina, o Sesi-SP inicia hoje a busca por uma vaga na semifinal. O time encara o Minas Tênis Clube (6º), às 14h10, na Vila Leopoldina, em São Paulo, no primeiro desafio da série melhor de cinco. Na primeira etapa, cada lado levou a melhor uma vez no duelo.

Os comandados de Marcos Pacheco empataram com o Funvic Taubaté em número de pontos (52), com campanha idêntica de 17 vitórias e derrotas, mas ficaram abaixo no set average (divisão entre o número de sets ganhos e perdidos).

Rodada termina domingo

O encerramento da primeira rodada acontecerá domingo, com o duelo entre Montes Claros (5º) e Vôlei Brasil Kirin (4º), às 15h, em Montes Claros (MG). Na sexta-feira, o Sada Cruzeiro (1°) bateu o Lebes Gedore Canoas (8º) por 3 a 0 e abriu 1 a 0 na série.

BATE-BOLA
Éder Central do Funvic Taubaté, ao LANCE!

‘Não me fechei à Seleção ainda’

Você deixou o Sada em alta para defender um time ainda em evolução. Como foi a mudança?
Foi um desafio novo que surgiu. Vivi três anos muito vitoriosos no Sada, até que surgiu a oportunidade de vir para cá, em um novo desafio. Já era uma equipe que tinha mostrado estrutura e capacidade, e se reforçou. É o início de uma historia muito legal.

Quais são suas metas na carreira agora? Ainda pensa na Seleção?
Antigamente, um jogador como o Marcelo Negrão parou com minha idade. Eu não me imagino parando agora. A tecnologia das quadras, dos tênis, a evolução dos treinos e da preparação física, as regras, o fim da vantagem, tudo contribuiu para prolongar nossa carreira. Não tenho pretensão de parar cedo. Não fechei nenhuma porta na Seleção ainda.

Como é o Éder fora de quadra?
Já fui muito de jogar videogame, como a maioria da galera. Quando estava no Sesi (entre 2012 e 2013), sempre jogávamos após o jantar. Começava às 21h e ia até 1h. Eu, Sidão, Murilo e outros. Hoje, dei uma maneirada. Ano passado, em função da preparação da Olimpíada, abdiquei de tudo. Tenho ido à praia com minha esposa nas folgas e, atualmente, gostamos de cozinhar.

E a ligação com o Éder Aleixo?
Meu pai era fanático. Tanto que meu irmão se chama Renato por causa do Portaluppi. Sempre tivemos ligação com o futebol. No Cruzeiro, conheci o Éder e contei a historia do meu nome.

PONTO FORTE

23 Pontos de saque tem Éder na Superliga até agora. Ele é o 10º mais eficiente no fundamento, e o mais bem colocado de sua equipe no quesito.

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