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Brasil vive otimismo no presente e alerta com futuro no vôlei de praia

País conta com mescla de experiência e juventude para tentar manter tradição de pódios no Japão, mas atletas admitem que a renovação preocupa. Intensificar peneiras é objetivo

Duplas - Vôlei de Praia
Duplas brasileiras que irão a Tóquio-2020 estiveram na sede da CBV, no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação/CBV)

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O vôlei de praia brasileiro, que nunca ficou fora do pódio em Jogos Olímpicos, chegará à edição de Tóquio-2020 com uma mescla interessante entre experiência e juventude e uma preocupação com o futuro, o que reflete o momento do país no esporte olímpico.

Dos oito atletas das quatro duplas classificadas para o megaevento, quatro já viveram a experiência dos Jogos e levarão os aprendizados em busca do pódio: Ágatha, Alison, Bruno Schmidt e Evandro. A outra metade, com Ana Patrícia, Rebecca, Duda e Álvaro Filho, disputa pela primeira vez.

Prata na Rio-2016 ao lado de Bárbara Seixas, Ágatha, de 36 anos, vive o desafio com a parceira Duda, de 21. Ana Patrícia, de 22, joga com Rebecca, de 26. Se o naipe feminino mostrou uma renovação significativa em relação ao ciclo olímpico anterior, fruto dos investimentos no esporte brasileiro no contexto da Rio-2016, o futuro é preocupante para Paris-2024 e Los Angeles-2028.

– O feminino, em especial, precisa de mais atletas. Daqui a alguns anos, iremos parar de jogar. Olho para os times imensamente feliz de ver que irão a Tóquio três jogadoras novas, que nunca foram aos Jogos, e agradeço por fazer parte disto com elas. Mas sei que precisamos de mais. No masculino, já vejo uma renovação maior, apesar de três dos quatro classificados serem experientes. Há mais meninos novos aparecendo no cenário do que meninas – disse Ágatha.

A veterana comemora um feito pessoal em meio às dificuldades: a seleção da jovem Giovanna Martins Drigo, cria de seu projeto social em Paranaguá (PR), para uma peneira da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Ela acredita que iniciativas como esta são um caminho em um cenário de aperto financeiro.

O Circuito Brasileiro Open, por exemplo, encolheu de 12 etapas anuais para apenas sete nos últimos anos. Com isso, os atletas não faturam em premiações as mesmas quantias de tempos atrás. Além disso, viagens ao exterior são caras e é cada vez mais difícil dispor de recursos para encarar uma corrida olímpica. 

– Depende de uma junção de fatores. Os órgãos responsáveis pelo vôlei de praia têm de fazer seu papel. Hoje, vejo a CBV preocupada em realizar peneiras pelo Brasil. Minha atleta foi selecionada e passou uma semana em Saquarema. Foi muito legal. Nós aqui somos a ponta da pirâmide, mas a base é muito importante. Acredito que surgirão novos talentos das peneiras – falou Ágatha.

Entre os homens, o destaque é Alison, de 33 anos, que foi ao topo na Rio-2016 com Bruno Schmidt (33), levou a prata em Londres-2012 ao lado de Emanuel e, agora, tentará o ouro com Álvaro Filho, de 28. O sobrinho do ex-jogador de basquete Oscar Schmidt, por sua vez, atua ao lado de Evandro, de 29 anos.

– Temos sempre de olhar para a base, pois o mundo joga vôlei de praia e não mais só Brasil e Estados Unidos. Nosso papel é sempre deixar o país entre os melhores. Fechamos o ano em terceiro do mundo e a Noruega está liderando o Circuito Mundial. A Rússia venceu o Campeonato Mundial. Isto liga um alerta, mas ainda nos mantemos. Os Estados Unidos não estão no top 5. O alerta deles é mais vermelho – avalia Alison, preocupado com a manutenção da estrutura atual da modalidade:

– É preciso continuarmos com um circuito forte e revelarmos mais atletas.

Corrida olímpica ‘nervosa’ foi desafio extra

As duplas que representarão o Brasil em Tóquio tiveram um longo caminho até a conquista das vagas. Em coletiva na CBV, nesta terça-feira, elas admitiram o alívio com a conquista em meio à pressão por resultados e em um país acostumado a vencer.

– Tive de me reinventar, pois o jogo é o tempo todo em cima de mim. Tive de estudar muito mais como os adversários me marcavam. Foi um super desafio, muito maior do que no ciclo anterior – contou Ágatha.

No masculino, as trocas de duplas dificultaram o entrosamento. Os dois times que irão ao Japão se formaram somente no início deste ano.

– Foi um ciclo atípico e uma corrida nervosa para a gente. O Brasil sempre estava nas cabeças e hoje está em uma posição diferente. Parecia que havia acontecido uma inversão na tabela. As pessoas perguntavam: “O que está acontecendo com o Brasil?”. Mas foi desafiador. O Evandro foi corajoso – disse Bruno Schmidt.

Os times venceram a disputa interna pelas vagas olímpicas por antecipação, graças à soma de pontos nas etapas quatro e cinco estrelas do Circuito Mundial 2019, além do Campeonato Mundial. Como só haverá mais um torneio válido na corrida em 2020, as parcerias classificadas não poderão mais ser alcançadas.

CBV estuda ampliar benefícios em ano olímpico

A CBV indicou que as duplas classificadas para Tóquio-2020 poderão ter alguns benefícios no ano olímpico, como passagens aéreas custeadas para os seus fisioterapeutas nas viagens internacionais. A entidade está em fase final de planejamento das contas para o ano que vem.

– Sabemos que é um ano diferente e tentaremos incluir os fisioterapeutas, o que não aconteceu este ano. A prioridade em 2020 será Tóquio – disse o diretor de vôlei de praia da CBV, José Virgílio Pires.

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