Explosiva em quadra e tímida fora dela, a cubana Daymi Ramirez mantém viva a personalidade forte das gerações anteriores da ilha caribenha, que roubaram a cena do vôlei nos anos 90.
Medalhista de bronze na Olimpíada de Atenas-2004 e ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro em 2007, ao derrotar o Brasil em ambas as disputas por medalha, a atleta vai apostar na vibração para contagiar o Dentil/Praia Clube na final da Superliga feminina contra o Rexona-Ades, que acontece no domingo, às 9h, em Brasília.
– Algumas pessoas não gostam do meu jeito, mas não ligo. Continuarei sendo como sou – disse a jogadora, em entrevista exclusiva ao LANCE!.
"No calor do jogo, não penso em provocar ninguém. É meu jeito. Você não controla. Mas, com a experiência, passei a entender que certas atitudes são desnecessárias" - Daymi Ramirez
– Acham que o que faço é provocação, mas no calor do jogo não penso em provocar ninguém. É meu jeito. Você não controla. Mas, com a experiência, passei a entender que certas atitudes são desnecessárias. Você atinge o equilíbrio.
A oposto de 32 anos foi mais um dentre tantos nomes que abriram mão de defender o país de origem para atuar em clubes do exterior. Quando chegou ao Brasil em sua primeira passagem no Praia Clube, em 2010, as regras de Cuba não permitiam a saída de seus jogadores.
O cenário é mais flexível atualmente. Atletas já defendem equipes de fora, desde que a federação cubana agencie a transferência. Mas Ramirez acredita ter feito do Brasil o palco ideal para viver. Enquanto isso, o vôlei feminino da ilha não obteve a vaga na Rio-2016.
– Cuba passa por um momento muito triste e difícil no esporte. Acho que fiz tudo o que podia pelo meu país. Saí sem sentir remorso, pois o representei com muito orgulho. Agora, é preciso recuperar o vôlei por lá – contou a atleta, que vê a sua geração distante de uma tentativa de alavancar a modalidade.
– As pessoas que estão no comando imagino que seguirão lá. Se houvesse outros nomes... mas torço pelas meninas novas que representam a nossa bandeira – disse.
Com passagens por clubes do Brasil, Azerbaijão, China e Turquia, Ramirez disputará pela primeira vez uma decisão de Superliga. Recuperada de uma torção no tornozelo esquerdo que a tirou de jogos da primeira fase, ela espera dar um título inédito para o Praia.
– Maturidade é meu diferencial – falou a quinta maior pontuadora da Superliga feminina, com 356 acertos.
BATE-BOLA
Daymi Ramirez oposto do Praia Clube ao LANCE!
‘Sempre pode haver mais interesse dos patrocinadores na Superliga’
O que diria que mudou em você ao fim de mais um ano no Brasil?
Toda Superliga é um novo começo. Aprendi a trabalhar em grupo com as meninas e a comissão técnica, o que ajudou o time e a mim, em particular.
Que impressão tem do Brasil?
Digo aos cubanos que o Brasil é uma referência no vôlei. Em todos os anos eu aprendo algo novo aqui. Esta é uma ótima escola de vôlei internacional e um desafio, pois a Superliga é forte. Todos os grandes jogadores buscam esse tipo de experiência na carreira.
O Praia investiu forte este ano, mas há poucos times brigando pelo título. O que pensa sobre isso?
Sempre pode haver mais interesses de patrocinadores. Quanto mais forte é a liga, mais as pessoas serão atraídas e há mais popularidade. Poderia haver mais empresas interessadas. É uma competição difícil, com equipes consagradas e atletas de Seleção.
Sua vibração é a arma do time?
Acho que meu espírito ajuda. Contagio as meninas mais quietas, que acabam conseguindo ser mais vibrantes.
QUEM É ELA
Nome
Daymi de La Caridad Ramirez Echevarria
Nascimento
8 de outubro de 1983, em Havana (Cuba)
Posição
Oposto. Ela tem 1,83m de altura.
Clubes
Daymí jogou pelo Praia Clube de 2010 a 2011. Na temporada seguinte da Superliga feminina, atuou pelo Minas. Em 2012, nova troca de clube. Desta vez, a cubana transferiu-se para o extinto Vôlei Amil, de Campinas. Após passagens pelo Azerbaijão, China e Turquia, ela voltou ao Praia Clube em 2014.