O vôlei brasileiro volta a ser alvo de investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Civil. Acontece nesta quinta-feira a Operação Desmico, tendo como alvos a Confederação Brasileira de Voleibol, ex-dirigentes da entidade, como Ary Graça Filho, atual presidente da Federação Internacional, e políticos da cidade de Saquarema, no litoral fluminense, onde está localizado o Centro de Treinamentos da CBV.
De acordo com a força-tarefa, em dois escritórios em Saquarema funcionavam mais de mil empresas-fantasma. Elas usufruíam de benefícios fiscais ilegais concedidos pelo então prefeito Antonio Peres Alves, em leis complementares. Entre as empresas investigadas, algumas recebiam valores da CBV para a prestação de serviços que nunca foram realizados, segundo as investigações.
Estão sendo cumpridos 14 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em Saquarema, na sede da CBV, no Centro de Treinamento da entidade, além de endereços dos investigados Ary Graça, Antonio Peres Alves, ex-prefeito de Saquarema, Manoela Peres, atual prefeita de Saquarema, Fabio Azevedo, ex-superintendente da CBV e atual diretor-geral da FIVB.
De acordo com informações da Rede Globo, o ex-prefeito Antonio Peres Alves editou leis que concediam benefícios fiscais ilegais, atraindo empresas-fantasma para Saquarema e causando evasão fiscal em outras cidades, pois as firmas deixaram de recolher tributos onde efetivamente eles eram devidos.
Em outro ponto da denúncia, Ary Graça Filho é acusado de manejava os recursos de patrocínio do Banco do Brasil "com contratos com empresas recém-criadas, sem estrutura de pessoal e estabelecidas em sedes fictícias".
A Confederação Brasileira de Voleibol publicou, na manhã desta quinta-feira, nota oficial sobre a Operação Desmico.
"A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) confirma que recebeu nesta quinta-feira pela manhã a Polícia Civil em suas sedes na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ), e em Saquarema (RJ), por conta de uma investigação iniciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em 2013 sobre ex-dirigentes da entidade.
Funcionários da confederação prestaram todo o auxílio às autoridades policiais que buscavam documentos relativos a um suposto esquema de fraude tributária que teria contado com o auxílio do ex-presidente da CBV, Ary Graça Filho.
De acordo com as investigações, a CBV teria sido vítima dos seus então dirigentes, que teriam criado contratos fictícios para desviar dinheiro da instituição.
A atual gestão da confederação cooperará integralmente com a investigação e, se forem comprovados prejuízos financeiros à CBV, tomará todas as medidas necessárias para que estes valores sejam integralmente ressarcidos à comunidade do voleibol".
O nome da operação (Desmico) tem ligação com uma jogada do vôlei, em que o atacante de ponta corre por trás do meio de rede para atacar a bola que, em tese, seria do central.