O fim do time masculino do Sesc, anunciado na noite desta quinta-feira, após a derrota do time carioca para o Sada Cruzeiro, pegou a comunidade do vôlei de surpresa.
Um dos maiores orçamentos da modalidade no país, com campeões olímpicos em quadra e no comando da equipe, deixará de existir ao fim da Superliga. Uma péssima notícia numa temporada marcada por problemas financeiros de vários participantes da principal competição do país.
Nesta sexta-feira, o técnico Giovane Gávio falou ao Web Vôlei sobre o fim do projeto do Sesc. E vê um cenário complicado não apenas para o vôlei, mas para o esporte brasileiro como um todo.
A saída do Sesc do vôlei masculino é um baque num momento de problemas financeiros em vários projeto da Superliga. Como você vê esse cenário do vôlei brasileiro atualmente?
É um momento complicado, não apenas para o vôlei, mas o esporte brasileiro em geral passa por uma situação delicada. Esse cenário é muito preocupante para a Superliga, falo isso independentemente de tamanho ou investimento, equipes correm o risco de fechar as portas, de sair do campeonato, parar de trabalhar com o vôlei.
Você vê uma necessidade de uma reflexão urgente de toda a comunidade do vôlei nacional para pensar em mudanças a curto prazo?
Acho que é importante, sim, mas não apenas quando estamos enfrentando uma crise ou um momento adverso. Discutir a modalidade, debater sobre problemas, sobre o esporte de forma ampla, com frequência, no dia a dia, é fundamental, até para que se possa prever algumas situações e correr atrás de soluções, minimizar impactos, buscar alternativas. Estamos num momento difícil e que envolve muita coisa, afetas muitas áreas, milhares de pessoas.
Muita gente já vê 12 times na Superliga como um certo exagero. Você concorda com isso?
A Superliga vem com esse formato nos últimos anos e, ao meu ver, é um número ideal, pelo equilíbrio, pelo lado competitivo. Claro, você não pode comprometer o nível do campeonato, e a preocupação agora passa a ser quantos times, quais times e como será a próxima temporada.
Segundo a nota oficial, você seguirá no projeto do Sesc no viés social. Isso permite que você treine outro time na próxima temporada, por exemplo?
Nesse momento, o meu foco está todo no Sesc, no próximo treino, no próximo jogo, em fazermos o nosso melhor em quadra, chegar o mais longe possível na Superliga, lutar pelo título. Todos estamos tristes com o fim da equipe, claro, mas cabe a nós representar da melhor maneira o nome do Sesc até o fim do campeonato. É preciso também valorizar tudo o que a instituição fez, a estrutura que proporcionou, o investimento e comprometimento com a equipe. Não estou pensando em outra equipe, em nada disso, apenas no que temos pela frente na Superliga.
Como comandante e líder, o quanto é difícil gerir o grupo a partir de agora com notícia do término do projeto?
Todos somos profissionais. Temos uma excelente estrutura, as melhores condições para treinar e jogar, salários em dia... Não conversamos ainda sobre o fim da equipe em grupo, fomos informados ontem logo após o jogo contra o Cruzeiro e cada um foi para a sua casa. Nosso grupo é muito unido, sempre foi, e espero que possamos manter esse bom ambiente até o último jogo na Superliga.
Os atletas e a comissão técnica foram informados pelo Sesc sobre a decisão antes do jogo?
Não, fomos informados em uma conversa após a partida, no vestiário.