Holandesa de família que ‘respira’ vôlei busca evolução na Superliga

Com pais, irmão e namorada jogadores, Anne Buijs mantém tradição estrangeira no Rexona-Sesc e deseja levar lições de Bernardinho para Tóquio. Time encara Valinhos

imagem camera(Foto: Divulgação/FIVB)
Avatar
Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 02/11/2016
20:30
Atualizado em 03/11/2016
08:05
Compartilhar

Quando algumas das melhores jogadoras do vôlei brasileiro começavam a deixar o país, por falta de clubes que oferecessem grandes salários, o Rexona-Sesc resolveu “seduzir” Anne Buijs e recuperar uma tradição antiga.

A holandesa de 24 anos é a 11ª estrangeira a compor o elenco carioca na história, sendo a quarta atleta do país europeu. Com ela, o time busca nesta quinta-feira a segunda vitória na Superliga Feminina, contra o Renata Valinhos/Country, às 21h45 (de Brasília), no Tijuca Tênis Clube.

Eleita a melhor ponteira do último Campeonato Europeu com as cores do Vakifbank (TUR), ao lado da oposto Sheilla, Anne chegou ao Rio de Janeiro para substituir Natália, que foi para o Fenerbahce, também da Turquia.

Ciente da crise que a economia brasileira enfrenta, a atacante diz que não pensou duas vezes ao aceitar a proposta. Filha do técnico e ex-jogador Teun Buijs e da ex-jogadora Irene Buijs, cresceu ouvindo a palavra “vôlei” no seu dia a dia. Ela também tem um irmão, quatro anos mais velho, que joga na Holanda.

Hoje, Buijs absorve os conselhos de Bernardinho nos treinos diários e conta com uma parceria especial fora das quadras. Sua namorada, a alemã Lisa Thomsen, de 31 anos, também é atleta de vôlei. Até já defendeu a seleção de seu país, mas agora vive no Rio, onde estuda e faz companhia à ponteira.

– O dinheiro aqui não é tanto quanto na Turquia, mas o importante é a oportunidade de treinar com o Bernardo. Para mim, o mais importante é estar cercada de pessoas que gosto – afirmou Anne, ao LANCE!.

Ela tenta ser a primeira holandesa campeã brasileira. Antes, passaram pela equipe suas compatriotas Cinthia Boersma, Erna Brinkman e Chaïne Staelen, a italiana Francesca Piccinini, as americanas Logan Tom, Tara Cross-Battle e Courtney Thompson, a sérvia Brankica Mihajlovic, a ucraniana Tatiana Shaposhnikov e a canadense Sarah Pavan.

Na Olimpíada do Rio, a Holanda terminou em quarto lugar, na primeira experiência de Buijs no megaevento. Agora, a meta é mais ambiciosa.

– Quero fazer uma grande participação em Tóquio, e sei que minha experiência aqui no Rio me ajudará.

BATE-BOLA
Anne Buijs Ponteira do Rexona-Sesc, ao LANCE!

‘Não tive o que pensar ao vir’

Como está o início de temporada no Rio?
O trabalho aqui é intenso. Treinamos muito, pois queremos evoluir. Logo que cheguei, tivemos uma decepção com a perda do título do Campeonato Carioca, mas passou. Queremos mostrar um vôlei cada vez melhor.

Como foi estabelecer uma vida na cidade?
Tenho meu próprio apartamento aqui. Minha namorada se mudou para cá após voltarmos do Mundial, e moraremos juntas. Ela veio para estudar e passar a temporada comigo. Mas sempre saio com as outras garotas do time. Elas me chamam para suas casas e costumamos jantar juntas.

Como foi a negociação para vir?
Há alguns meses, meu empresário me ligou avisando que o Bernardo tinha interesse em contar comigo na equipe. Fiquei muito feliz. Eu gritava de felicidade. Não tive muito o que pensar ao vir para cá. Depois, disputei a Olimpíada e pude preparar um pouco a vida no Rio. Os Jogos foram a melhor experiência que já tive na minha vida.

A Sheilla falou bem do Brasil?
É uma pessoa incrível. Ela me dizia: “o Bernardo é muito inteligente. Um dia você deve ir para lá”. Na época, eu não sabia que eu poderia vir, mas, quando soube, fui logo dar a notícia para ela.

Gostaria de ter ficado na Turquia, onde estão as melhores do mundo?
Eu tinha contrato de um ano, e em fevereiro eles avisaram que tinham interesse em renovar. Eu estava feliz lá, pensava em ficar. Mas, em março, anunciaram a Ting Zhu (chinesa, melhor jogadora da Rio-2016). Eles também tinham a Kimberly Hill e a capitã do time (Sonsirma). Não pude ficar, mas vir para o Rexona me pareceu uma ideia muito melhor (risos).

Qual foi a importância do seu pai na sua carreira de jogadora?
Ele foi meu técnico na Holanda, no VV Zaanstad. Foi ótimo trabalhar com ele. Sabíamos nos comunicar, e ele me ajudou a melhorar minha recepção. Meu irmão, quatro anos mais velho que eu, também joga. Somos uma família que ama o esporte.

Quais foram suas primeiras impressões do Bernardinho?
Não o conhecia tanto pessoalmente, só o via agir de forma muito intensa na quadra, pulando e fazendo caras. Mas comecei a treinar e percebi que é um cavalheiro. Sempre busca nos ajudar, com paciência. Ele às vezes pode ficar bem nervoso, mas nos quer focadas. Temos pouco tempo de trabalho juntos. Acho que até agora não o desapontei (risos). Vamos ver no futuro.

QUEM É ELA

Nome
Anne Buijs
Nascimento
2/12/1991, em Oostzaan (HOL)
Altura e peso
1,91m/73kg
Países onde jogou
Holanda, Bélgica, Alemanha, Itália,
Azebaijão, Turquia e Brasil.

Siga o Lance! no Google News