A quarta-feira foi recheada de novos capítulos do caso Corinthians/Guarulhos-Montes Claros no vôlei brasileiro.
O central Riad, um dos atletas com três meses de salário a receber do antigo projeto paulista, não poupou críticas para a Confederação Brasileira de Vôlei e ao Montes Claros.
Em entrevista ao Globo Esporte, o experiente jogador lamentou a posição da entidade de permitir a inscrição de Montes Claros, dono do CNPJ utilizado pelo Corinthians, após uma manobra jurídica. Os mineiros processaram os atletas com salários atrasados, uma vez que o regulamento da Superliga diz que "caso qualquer atleta ou membro da comissão técnica esteja em discussão judicial com a equipe em relação às obrigações da temporada 2018/2019, a equipe fica desobrigada a entregar a declaração com a assinatura deste".
Este trecho do regulamento é sobre o fair play financeiro, que deveria impedir que qualquer clube fizesse inscrição caso ficasse devendo salários no ano anterior.
- Estamos sendo processados porque não recebemos nossos salários. Nós temos dois problemas aqui: o não pagamento aos atletas e Montes Claros estar nos processando para conseguir a inscrição na Superliga. Nos ofereceram parcelar os pagamentos, e nós até aceitamos, mas queríamos saber quem seriam os responsáveis pelos pagamentos. Só que essa resposta nunca chegou, então nos recusamos a assinar o fair play. Se a gente assinasse, capaz de nunca mais vermos esse dinheiro chegar - disse Riad.
- O órgão que deveria nos proteger é a CBV. Ninguém está olhando pelos atletas. Se a CBV disser a Montes Claros que eles não vão disputar a Superliga porque têm um processo em cima da gente, quero ver se não arrumam dinheiro para pagar a gente. Se a CBV deixar isso passar, vai ser uma falta de respeito com todos os clubes que fazem um trabalho sério e pagam todo mundo direito - completou o atual jogador do Botafogo.
A CBV divulgou uma nota oficial sobre o tema:
"A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) tem buscado, nos últimos anos, ferramentas de regulação da relação clube/atleta. Nesta relação, a CBV não é parte integrante dos acordos, não participando, portanto, das negociações e escolhas de cada atleta e/ou procurador. Tão pouco a CBV recolhe cópias dos contratos ou acordos firmados para exercer fiscalização pelo cumprimento de suas cláusulas. O regulamento da Superliga tem como um dos seus pontos a regularidade financeira das equipes participantes. Cláusula acordada entre os clubes com a CBV, a qual compete ao final da temporada receber de cada clube um termo declarando que os mesmos arcaram com seus compromissos com os atletas e comissões técnicas. No entanto, o mesmo regulamento prevê que quando existe alguma disputa na justiça, ainda tramitando, a entidade deve acatar a inscrição da equipe até a resolução do processo em curso – este é o caso da equipe de Montes Claros. A CBV segue com a busca da criação de mecanismos de proteção para o cumprimento dos contratos entre os clubes e atletas”.
Já o Corinthians/Guarulhos se defendeu, em uma nota publicada nas redes sociais, nesta quarta.:
"A Associação Social Cultural Índios Guarus, AIG, gestora esportiva, esclarece a situação do fim da parceria Corinthians-Guarulhos: Inicialmente, é nosso dever reafirmar com veemência que todos as receitas obtidas com patrocinadores, apoiadores e venda de ingressos durante a temporada 2018/2019 tiveram sua destinação financeira exclusivamente para pagar atletas, comissão tecnica, despesas em gerais, como logística e alimentação, além de taxas federativas, confederativas e de arbitragem, custo do aluguel da vaga e manutenção do piso. Absolutamente 100% do que foi arrecadado foi utilizado para custear a operação (...) O nome Corinthians, como mero apoiador, serviria a alavancar receitas para que a AIG, através da vaga de Montes Claros, arcasse com os custos de atletas, comissão técnica e demais despesas do projeto. Infelizmente, e como é sabido pelos atletas e seus representantes, logo no início da temporada 2018/2019, tivemos uma redução de patrocínio em relação às propostas que haviam sido fechadas, e, desde então, foi iniciada a captação de novos patrocinadores para minimizar o problema financeiro. Todos os vencimentos dos Atletas e Comissão Técnica foram honrados até fevereiro de 2019, restando os meses de Março, Abril e Maio (2019) à serem quitados. Após a eliminação da Superliga, em Abril, fomos surpreendidos com um comunicado do Sport Club Corinthians Paulista, que solicitou o “distrato” de nosso contrato - antecipando o fim da parceria que teria validade até junho de 2020. O motivo alegado foi a intenção de seguir com uma equipe própria do clube", alegou o antigo projeto.